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O prefeito Fernando Haddad começou a montar o quebra-cabeça da sua sucessão. A escolha de Gabriel Chalita para a Secretaria da Educação, questionável principalmente por conta da boa atuação que o secretário César Calegari vinha tendo, é um gol de placa do ponto de vista político. Haddad fechou qualquer possibilidade de Marta Suplicy sair candidata pelo PMDB. E ainda tirou Paulo Skaf do jogo municipal.
Além disso, Haddad acaba de se acertar com o PR, do novo ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, que controla o chamado centrão da Câmara dos Vereadores. O partido ficará com a Secretaria de Assuntos Jurídicos e vai de Haddad em 2016. O mesmo pelo jeito vai acontecer com o PSD de Kassab.
Mesmo assim, a reeleição não será nada fácil para Haddad. O prefeito não vai um pato manco na disputa, mas não será também um super-herói. Haddad tem a seu favor a vantagem de ter conseguido evitar uma rejeição muito dura. Daquele tipo de eleitor que se irrita só em ouvir o nome do governante.
Foi esse eleitor que derrotou Marta Suplicy em 2004. Marta era absolutamente odiada por uma parte da população. E mesmo tendo feito um bom governo e tendo um eleitor apaixonado a defendê-la, isso não foi suficiente para sua vitória.
Ao que tudo indica, Marta sairá mesmo do PT e isso deve deixar a disputa em São Paulo ainda mais interessante. Sem Marta, o PT teria de trabalhar duro nas regiões periféricas para não perder parte do seu eleitorado para Celso Russomano (PRB). E ainda teria de contar com a sorte de o PSDB não lançar um candidato forte pra buscar uns caraminguás de votos na classe média, entre os que acham que Haddad é um prefeito moderno por priorizar transporte coletivo, debater o espaço público e ter enfrentado a resistência dos carromaníacos construindo ciclovias por toda a cidade.
Com Marta no jogo, fica tudo mais embolado. As contas passam a ser outras e a cidade pode vir a ter quatro candidatos fortes, sendo que três com mais força na periferia (Marta, Russomano e Haddad). O PSDB poderia ficar com os bairros nobres de presente e se vier a lançar um bom candidato isso seria suficiente pra levá-lo ao segundo turno. É aí que a operação Chalita se torna uma jogada de mestre. O ex-tucano ajuda a Haddad a entrar em setores que têm resistência ao PT. E pode lhe render votos importantes não só nas áreas mais nobres, quanto no cinturão médio da cidade. Que é onde a eleição se decide.
Aliás, se o PT quer apenar um motivo para não tornar essas rusgas com Marta Suplicy numa guerra fratricida, a sucessão de Haddad é um excelente. Marta que hoje parece ser um problema para o prefeito, tende a ser sua solução no futuro. Dentro ou fora do partido ela terá um papel importante em 2016.
Já que Marta se cercou do que há de pior no partido para fazer sua articulação, o deputado federal Cândido Vacarezza, seria importante que aqueles que têm boa relação com o coveiro do debate da reforma política em 2013. sentassem para conversar com ele e buscassem construir um caminho menos ruidoso para qualquer que fosse o desfecho. Vacarezza pode ser tudo, mas não é bobo. E como bom baiano nunca nega uma conversa.
Haddad mexeu bem as peças no início do jogo, mas precisa olhar pra frente. Uma Marta mordida e indo para a disputa com um único objetivo, derrotá-lo, é o pior cenário para a reeleição.