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O Maranhão foi transformado nos últimos anos pela mídia no lugar mais corrupto do país, onde não há limite entre o público e o privado. Há muito de verdade nesta tese. Afinal, a oligarquia Sarney, que governa há 50 anos o estado, é símbolo do uso da máquina pública, do controle da mídia e dos órgãos de fiscalização. Até os prédios públicos mais importantes têm Sarney no nome.
Mas o Maranhão não é uma ilha em meio a um Brasil republicano em que a esfera pública e privada são respeitadas. E talvez o melhor exemplo disso seja Minas Gerais.
[caption id="attachment_14770" align="alignright" width="300"] Andrea e Aécio Neves: existe democracia e pluralidade em Minas? (Foto Governo de Minas Gerais)[/caption]
Há muito que a oposição mineira reclama da falta de democracia no estado, questionando principalmente as relações de compadrio entre órgãos fiscalizadores e o Executivo do estado. Ao mesmo tempo, há falta de pluralidade informativa, já que todos os veículos de comunicação mineiros se submetem ao controle da irmã do ex-governador, Andrea Neves, famosa por seus telefonemas ameaçadores e por perseguir aqueles que ousam macular com reportagens a sacrossanta imagem o irmão. Há muito sobre isso na rede.
Agora, porém, abriu-se uma fenda na canoa dos Neves com a publicação da reportagem da Folha sobre o aeroporto construído na cidade de Claudio numa fazenda de um tio e que dista 5 quilômetros da fazenda de Aécio que, segundo ele, é o seu Palácio de Vesalhes (leia aqui a matéria da Piaui). E começam a ser revistas outras tantas denúncias que já haviam sido feitas por veículos independentes e mesmo por blogues e sites que resistiam ao cerco mineiro. Fórum, por exemplo, foi ameaçada via IstoÉ. Esta história ainda não foi esquecida por este blogueiro.
Hoje, o Estadão publica uma reportagem apontando que o esquema do aeroporto de Claudio teve inicio com o avô de Aécio (leia aqui) e em 2001 já havia sido motivo de investigação. Contudo, parte dos possíveis delitos cometidos já prescreveu. Ou seja, vai ficando claro como em Minas a coisa pública é tratada.
Há um mar de lodo a ser investigado. Com essas denúncias, Aécio perde o discurso da moralidade pública e da eficiência administrativa. Sobra a ele o discurso da direita raivosa, que provavelmente vai transformá-lo num candidato mais raivoso do que Serra.
Ao mesmo tempo, pode ser aberta uma trilha pra que estados do Sul e do Sudeste sejam discutidos. Por que, pela narrativa atual, coronelismo é coisa lá do Nordeste. Mas quem conhece um pouco o que se passa em gestões tucanas de São Paulo e Minas sabe que o buraco é mais em cima.