É impressionante como desde ontem diversos colunistas dos principais grupos de comunicação do país estão produzindo artigos em tom de indignação pela saída da ministra da Secom, Helena Chagas.
Além disso, publicam notinhas que mais parecem mensagens crifradas com um certo toque de ameaça. Um exemplo, esta do Gerson Camarotti em que ele diz que foi Dilma que ordenou sigilo acerca da escala em Lisboa.
O recado é direto. Helena Chagas cumpriu ordens ao omitir o fato.
A quem interessa veicular esse tipo de informação? Essa pergunta certamente faz parte das conversas palacianas na manhã de hoje.
[caption id="attachment_14125" align="alignright" width="413"] Dilma e Helena Chagas, que esteve à frente da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República desde janeiro de 2011 (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)[/caption]Helena Chagas é pessoa de bom trato e talvez merecesse a camaradagem dos colegas de profissão. Mas a questão é outra. Em sua passagem pela Secom, a ministra não mexeu um dedo nos interesses de Globo, Abril, Folha, Estadão e quetais. Mesmo com todas as transformações que se deram na área de comunicação nos últimos anos, o governo age como se estivéssemos na década de 80. Não é só a distribuição de verbas publicitárias que é um escândalo. Mas também a relação com os veículos. O governo federal ainda não conseguiu perceber que pode falar com mais de mil veículos sérios espalhados por todos os cantos do Brasil. E continua falando com apenas meia dúzia de chantagistas.
As notas espalhadas em todos os cantos tratando a substituição de Helena como um quase golpe, são o recibo da chantagem. Os sinais são de guerra. O que se quer com isso é dizer a Dilma: Tudo bem, você pode substituí-la, mas dias piores virão.
A saída de Helena Chagas já foi decidida. Thomas Traumann será o seu substituto. O jogo que parece estar sendo jogado neste momento é o de enfraquecer o novo ministro. E tentar com isso garantir a permanência do dono do caixa da publicidade, o publicitário Roberto Messias. Que é quem faz a distribuição de verbas. E que é a pessoa que faz de conta, com um discurso supostamente técnico e que não fica em pé, que o cenário da comunicação de hoje é exatamente igual ao de 2000.
Dilma não parece dar muita bola para a torcida quando toma uma decisão. Mas mesmo assim é bom acompanhar essa disputa. Já deve ter gente cavocando o lixo da casa de Thomas Traumann.