Depois de tantos compartilharem o vídeo em que Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, teria esculhambado Diogo Mainardi eu fui assisti-lo na madrugada de ontem. Na verdade, Luiza não fez nada demais com Mainardi. Ela simplesmente não deixou que ele exercesse seu papel de palhaço (com as minhas sinceras desculpas aos profissionais) sem contestá-lo. Sim, Mainardi não é comentarista, não é jornalista, não é sério. É simplesmente um bufão que como outros estão a vociferar suas teses sem que haja contraponto nos meios de comunicação.
O que há de mais deletério na concentração dos meios de comunicação de massa no Brasil é exatamente isso, a inexistência de diversidade opinativa. Todos falam a mesma coisa. E se refestelam em teses que não ficam em pé. A tese da inflação em alta todos os inícios do ano, que vira crise em todos os jornais, sempre morre lá pra julho e é substituída pela crise nas contas internas ou pelo fraco desempenho no PIB. E aí inventam-se estatísticas para consubstanciá-las. Como a de que a taxa de inadimplência está muito alta. Que o consumidor está quebrado. E assim por diante.
E quem ousar questionar esse corolário nunca mais é convidado a participar da santa ceia dos urubus midiáticos.
Mainardi está tão acostumado a fazer isso sem que lhe contestem, que achou que poderia usar o mesmo recurso contra alguém que entende do assunto. Que vive disso. Ou seja, de crédito. E tomou um chega pra lá muito delicado da empresária. Convenhamos, ela tinha tudo para ser mais dura.
A questão que fica é como isso ainda é tratado de forma natural. Jornalistas experientes, acadêmicos, governantes costumam se referir a tipos como Mainardi como uma caricatura. Alguém que não se leva a sério. E que está ali para divertir a patuléia. Não só ele, aliás. Reinaldo Azevedo, o tal de Constantino, Lobão, Roger, etc. Ou seja, são tudo menos informadores, debatedores sérios ou jornalistas. Mas tudo bem.
Tudo bem pra quem, cara pálida? A questão é que o nível da imprensa se vê nessas horas. Quando um Mainardi não fala sozinho. Quando é colocado à frente de algum contraponto. Vira um pato. Parece uma criança perdida sem saber pra onde ir num parque de diversões lotado. Vê-se cheio de brinquedos, mas frágil. Sem forças para fazer qualquer coisa.
Se há gente séria ainda em cargos de chefia nesses que se acham os veículos da grande imprensa, a patética cena de Mainardi tomando um sabão de leve da Luiza deveria fazer parte de debates internos. Quando um comentarista citar números, o mínimo que se espera dele é a fonte. Quando der uma opinião, que se permita o contraponto. Quando se referir a alguém, que seja respeitoso. E assim por diante.
Se isso viesse a acontecer, Mainardi iria viver só dos seus direitos autorais de livros. Que muito provavelmente não pagam uma garrafa de um vinho italiano médio numa cantina de Veneza.