Escrito en
BLOGS
el
O movimento LGBT foi heróico ao enfrentar o deputado Feliciano nas ruas e nas redes. Alías, muita coisa e ao mesmo tempo nada explica as rebeliões de junho. Mas um dos ingredientes que vieram a produzi-las foi o deboche de Feliciano e do Congresso com o sentimento das ruas.
As redes já haviam produzidos resistência nas eleições para a presidência do Senado de Sarney e de Renan Calheiros e poder de mobilização e articulação no projeto Ficha Limpa, mas foi no enfrentamento contra a eleição de Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos que elas mostraram força para mobilizar as ruas.
Mas o movimento LGBT não jogou sozinho. Feliciano organizou seus evangelizadores na internet e neutralizou a ação. Até deputados de partidos progressistas mantiveram distância “regulamentar” da polêmica porque temeram se tornar alvo de evangélicos fundamentalistas.
Acontece que nas novas disputas quem vence não é sempre quem tem mais ativistas. Argumentos e disposição para conversar são fundamentais no novo contexto. Até porque, em geral, para cada tema haverá um universo muito pequeno de pessoas com posicionamento fechado. E por isso a conversa pode reorganizar maiorias.
Como boa subcelebridade, Feliciano cometeu um erro comum das novas subcelebridades de rede. Se achou o tal e ao manter a presidência da CDH pensou que poderia apostar mais alto. E colocou em votação na Comissão a aprovação do projeto de cura gay do tucano goiano João Campos. A ousadia lhe garantiu mais uns minutos de mídia e mais um turbilhão de críticas. Mas se ele se tornou um pouco mais famoso com isso, o Congresso brasileiro se tornou muito mais frágil.
E em quase todas as manifestações ocorridas no Brasil, Feliciano e suas demandas foram alvos. A frase da foto: “Feliciano, a gente não te esqueceu. Só estamos arrumando uma merda de cada vez” era simbólica do grito das ruas.
Não houve quem saísse com uma faixa a favor de Feliciano nessas mobilizações. Mas muitos mostraram indignação contra as teses do pastor. Contra as teses dele e contra a covardia política de quem não se indignou contra as suas bizarrices.
Ah, sim, alguém pode lembrar da marcha por Jesus ocorrida na semana passada. Mas isso acontece todos os anos. E, segundo o Datafolha, a marcha de 2013 foi menor do que a dos anos anteriores.
Por isso, o recuo de hoje é uma grande vitória do movimento LGBT. É uma vitória maiúscula e histórica. Não resolve o problema da homofobia, mas dá força e ânimo para os que se mobilizaram para lutar com o fundamentalismo. É um exemplo que reforça a tese aqui defendida há alguns dias de que é sempre melhor apostar nas ruas do que nos gabinetes.
Se dependesse dos acordos de bastidores, Feliciano continuaria vitorioso. Porque na análise obtusa de muitos, há mais evangélicos fundamentalistas do que homossexuais dispostos a lutar. Reafirmando, na análise obtusa...