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Às 11h04 enviei essa mensagem que segue ao promotor Rogério Zagallo:
Caro Rogério Zagallo, desculpe-me por vir ao seu Facebook num dia de domingo. Sou editor da Revista Fórum e gostaríamos de checar se está mensagem que esta circulando sendo atribuída ao senhor é realmente sua. E a se tem algo a acrescentar a respeito dessa questão. Vamos fazer uma matéria a respeito e por isso estamos solicitando sua posição.
Att
Renato Rovai
O Facebook me informa que às 12h58 o promotor Rogério Zagallo visualizou a mensagem e preferiu não respondê-la. É um direito legítimo dele. Como é um direito legítimo deste jornalista publicar a mensagem a ele atribuída e que está deixando boa parte dos internautas indignados.
Entre outros blogues, o da querida amiga Maria Frô publicou um longo texto acerca do assunto. Ela destaca que não é a primeira vez que o Promotor defende que dar tiro “em filho da puta” ou “bandido” é a melhor solução. Maria Frô divulga em seu blogue uma reportagem do R7, que disponibilizo a seguir.
Há quem ache que na democracia o que prevalece é o vale tudo. Quem tenta transformar a democracia nisso quer regimes totalitários. Numa democracia de fato, se falou e escreveu isso, Rogério Zagallo seria demitido do cargo que ocupa por falta de condições psicológicas e morais de ocupá-lo. Mas o que o promotor pode estar procurando é holofotes para se eleger a um cargo proporcional em breve. Quer ser o justiceiro. Não promotor de Justiça. Isso começa a se tornar algo comum, infelizmente.
Promotor diz que bandido “tem que tomar tiro para morrer” e pede à Justiça arquivamento de processo
Em documento do 5º Tribunal do Júri de SP, ele defende policial que matou suspeito
Do R7
16/09/2011 às 17h48
“Bandido que dá tiro para matar tem que tomar tiro para morrer”. Foi com argumentos desse tipo que o 1º promotor de Justiça do 5º Tribunal do Júri, Rogério Leão Zagallo, pediu à Justiça de São Paulo que arquivasse um processo sobre um suposto assalto contra um policial civil que terminou com um suspeito morto. O crime, considerado pelo promotor como ato de “legítima defesa” ocorreu em setembro de 2010. O texto da promotoria é de 24 de março de 2011.
De acordo com o pedido do Ministério Público, o policial civil Marcos Antônio Teixeira Marins foi abordado por dois bandidos enquanto dirigia pela rua Antônio Mariane, no bairro do Caxingui, em São Paulo, no dia 16 de setembro do ano passado. Embora estivesse à paisana, ele teria se identificado como policial após ser abordado pelos dois supostos criminosos: Antônio Rogério Silva Sena e Thiago Pereira de Oliveira. Houve, então, uma troca de tiros e um dos suspeitos, Sena, morreu.
O crime, segundo Zagallo descreve em seu pedido de arquivamento de processo enviado à Justiça, foi registrado na delegacia como homicídio doloso (quando há intenção de matar), uma vez que o suspeito foi morto. Na visão do promotor, porém, houve um erro no registro da ocorrência porque o policial não teria cometido assassinato, e sim, agido em legítima defesa.
Em sua argumentação, Zagallo diz “lamentar, todavia, que tenha sido apenas um dos rapinantes enviado para o inferno” e deixa um conselho para o policial Marins: “Fica aqui um conselho para Marcos Antônio: melhore sua mira”. O promotor ainda faz uma comparação irônica da Polícia Civil com personagens da ficção.
“Após tal fato, quase toda a Polícia Civil, os Jedis, os Power Rangers, os Brasinhas do Espaço, a Swat, Wolverine, o Exército da Salvação, os Marines, Iron Man, a Nasa, os membros da Liga da Justiça e o Rambo, auxiliados pelo invulgar investigador Esquilo Secreto, se imanaram e realizaram uma operação somente vista em casos envolvendo nossos bravos policiais civis, mas que deveria ser realizada em qualquer caso dos inúmeros vivenciados em São Paulo, com o escopo de prender aquele ousado fujão.” Apesar da operação “heroica”, os policiais não teriam conseguido prender o fugitivo.
Zagallo ainda fala que o suposto bandido foi morto para o bem da “sociedade”: “Com efeito, a dinâmica dos fatos aqui estudados, leva à conclusão que o presente caderno investigatório somente foi distribuído para este Tribunal do Júri em razão de ter Antônio Rogério da Silva Sena, para fortuna da sociedade, sido morto”.
O promotor encerra o documento pedindo, além do arquivamento do processo contra o policial por homicídio doloso, a abertura de um novo processo contra o criminoso ainda vivo, Thiago Pereira de Oliveira, por dano ao patrimônio.
Outro lado
A reportagem do R7 entrou em contato com o Ministério Público de São Paulo sobre o texto de Zagallo e foi informada de que a “Procuradoria Geral de Justiça tomou conhecimento do caso, e o encaminhou para a Corregedoria Geral investigar”.
Já a SSP (Secretaria de Segurança Pública) disse que o registro do boletim de ocorrência varia de acordo com o delegado, e que não há problemas no caso de Marcos Antônio Teixeira Marins ter sido registrado como homicídio doloso. A secretaria afirma ainda que podem ocorrer mudanças no indiciamento no decorrer do processo na Justiça.
Atualmente, Marins trabalha na 6º Seccional de polícia de São Paulo.
(Foto: Reprodução – Parecer do 1º promotor de Justiça do 5º Tribunal do Júri da Capital, Rogério Leão Zagallo, enviado para a Justiça em 24 de março deste ano).