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O Diário de Pernambuco publica uma matéria bastante reveladora de um certo tipo de discurso que não é de esquerda, de direita e nem de centro. A reportagem do jornal (veja na matéria abaixo) afirma que a ex-senadora teria dito que "Feliciano está sendo mais hostilizado por ser evangélico do que por suas posições equivocadas". A ex-senadora mente pra não se posicionar claramente sobre o tema. Para não tratar de forma séria e transparente das suas posições.
Além disso, a frase de Marina desrespeita toda a luta do movimento LGBT em defesa dos seus direitos. E mais do que isso, busca construir um conflito que pode existir na cabeça de meia dúzia de alucinados, mas que não tem nada a ver com o posicionamento real dos que debatem o assunto a sério.
Se a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) fosse a presidente da Comissão de Direitos Humanos o movimento LGBT estaria questionando sua legitimidade à frente do cargo por ser evangélica, Marina? Você de fato acredita nisso? Você acha que se você fosse a presidente da Comissão de Direitos Humanos, o movimento LGTB estaria lhe perseguindo por ser evangélica?
Marina sabe que mente se disse isso. É uma política experiente, não aquela quase garota que entrevistei quando veio de Rico Branco recém eleita senadora para ficar uns dias na casa de um ex-dirigente do PT, Ozéas Duarte.
Sua intenção ao fazer isso, por um lado é não desagradar o segmento evangélico. E por outro é com o discurso de que não é de centro , nem de direita e nem de esquerda tentar rotular de "radical" boa parte do movimento LGBT. Mas ao fazer isso, ela transforma o movimento em um grupo fundamentalista, que não aceita a pluralidade de opiniões e nem respeita a democracia. Para dizer o mínimo, é deprimente que alguém com responsabilidade política se comporte dessa forma. Que ao invés de centrar suas críticas nas frases asquerosas de Feliciano, aponte o dedo para a luta dos que o confrontam.
Em agenda no Recife, Marina Silva sai em defesa do pastor Marco Feliciano
Tércio Amaral, do Diário de Pernambuco.
A virtual candidata do novo partido Rede Sustentabilidade à Presidência da República nas eleições de 2014, a ex-senadora Marina Silva saiu em defesa do atual presidente da Comissão de Direitos Humanos, o deputado e pastor Marco Feliciano (PSC). Na noite desta terça-feira (14), diante de um auditório repleto de estudantes na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), a ex-verde declarou que o parlamentar estava sendo “hostilizado mais por ser evangélico do que por suas declarações equivocadas”.
“Não gosto como este debate vem sendo conduzido (legalização do aborto e casamento gay). Hoje, se tenta eliminar o preconceito contra gays substituindo por um preconceito contra religiosos”, defendeu. Segundo ela, Marco Feliciano entra neste “jogo de injustiças”, e claro, pode se tornar uma das vítimas nesta inversão de valores. “Feliciano está sendo mais hostilizado por ser evangélico que por sua declarações equivocadas”, completou, afirmando ainda que gostaria que um ateu fosse julgado pelo que disse e não pelo fato de ser ateu.
Feliciano é acusado de estelionato e o crime será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar também defende que os gays são pessoas “doentes” . Na Comissão de Direitos Humanos, o religioso colocou em pauta o projeto polêmico que defende a “cura” dos homossexuais. O religioso ainda confrontou o movimento negro por afirmar que os descendentes dos africanos são “amaldiçoados” segundo a Bíblia.
Candidata à Presidência nas eleições de 2010, Marina foi alvo de polêmicas sobre suas pautas conservadoras. A ex-senadora se posicionava contra o casamento gay, a legalizações do consumo da maconha e da prática do aborto. Algumas pautas, inclusive, eram defendidas, na época, por alguns membros históricos do PV, partido em que Marina se desfilou após ser derrotada no primeiro turno das eleições com um saldo de 19,5 milhões de votos (19,4% dos votos válidos).
Na palestra intitulada “Democracia e Sustentabilidade”, a possível candidata também debateu temas sociais e econômicos. Defendeu que além de uma crise mundial, o planeta é vítima de uma “crise civilizatória” pelo qual todos os povos passam, que é fruto da ênfase no fazer e não do ser.
“Não temos em quem se espelhar como modelo de como passar por uma crise civilizatória. Egito, Grécia e Roma passaram por essa crise e não conseguiram superar. A diferença é que hoje a crise da civilização envolve todo o planeta. Mas temos uma vantagem. Desconfio que eles não perceberam que estavam em crise e tentavam apagar o fogo com gasolina. Nós podemos evitar isso”.
Com informações do repórter Tauan Saturnino, especial para o Diário