No dia 13 de maio de 1888 era assinada a lei áurea, abolindo de forma oficial a escravidão do Brasil, o último país das Américas a tomar tal iniciativa. O nosso passado escravocrata influencia a vida brasileira até hoje. Somos o país do racismo velado. Muitos são racistas, mas ninguém se assume racista. Ou pior, não reconhece o racismo nas suas próprias atitudes racistas.
Muitos pensam que a escravidão tornou-se um assunto de livros de história. Uma passado manchado de vergonha na história da humanidade. Mas não é bem assim. Hoje, milhões pessoas trabalham em condições análogas à escravidão. Essas pessoas fazem parte da cadeia produtiva de produtos que eu, você e todo mundo consome.
No Brasil, essa situação fica mais evidente na exploração de imigrantes bolivianos nas confecções, que prestam serviços a marcas de prestígio, e nas carvoarias “escondidas” nos nossos rincões. Entretanto, essas situações não são uma exclusividade brasileira. Se reproduzem na cadeia produtiva industrial em todo o mundo.
Para denunciar essa situação, a ONG Slavery Footprint desenvolveu um SITE onde podemos descobrir quantos trabalhadores escravos estão envolvidos na cadeia produtiva dos produtos que fazem parte do nosso “estilo de vida”.
Sem informar marcas, o cálculo tem como base as informações sobre os processos de fabricação dos 400 produtos mais consumidos mundialmente, incluindo informações obtidas em investigações das cadeias produtivas. Os dados base são do Departamento de Monitoramento e Combate ao Tráfico de Pessoas e do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, da Transparência Internacional, da Organização Internacional do Trabalho, entre outros órgãos.
De acordo com a ONG, o objetivo é incentivar hábitos de consumo conscientes e mandar uma mensagem dos consumidores as marcas: “Nós queremos saber o que vocês fazem para combater o trabalho escravo!” Para isso, a Slavery Footprint também criou o aplicativo gratuito Made in a Free World, desenvolvido para celulares com sistema Android e Iphones. A ideia é o usuário fazer check-in em lojas e questionar se há escravos envolvidos na fabricação dos produtos. O recado é repassado para as marcas e para outros consumidores que estão no Twitter e no Facebook, que podem colaborar com a discussão.
Acesse o site e comece a pensar se os seus hábitos não estão contribuindo para que pessoas continuem trabalhando como escravos.