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A candidatura de Eduardo Campos à presidência da República é até natural. Trata-se de um governador com excelente avaliação e que preside um partido cujo crescimento é constante e grande em todas as últimas eleições. Também é natural porque ao que tudo indica não será escolhido para O vice na chapa de Dilma, o que lhe seria o único upgrade político antes de disputar a presidência. Em sendo assim, para construir sua candidatura para 2018 só lhe restaria um caminho, disputar em 2014 e se tornar mais conhecido.
Ou seja, seria natural Eduardo Campos lançar uma candidatura agora para preparar o terreno para uma próxima, onde disputaria para valer. O que não é natural é que Eduardo Campos venha a se tornar um candidato viável ainda para 2014, quando vai disputar com uma governante bem avaliada e no exercício do cargo. No caso, a presidenta Dilma Roussef.
Mas, e sempre tem um mas, sua candidatura começa a ser entendida até no campo petista como uma ameaça real à reeleição de Dilma. E isso não tem relação com as qualidades do governador pernambucano e nem com seu belo par de olhos azuis. Mas, sim, na opinião de algumas lideranças ouvidas pelo blogue, com a inabilidade que Dilma tem demonstrado na operação política e na relação com alguns segmentos. Incluído aí membros do próprio partido e movimentos sociais. Além de representantes de setores econômicos importantes.
Um dos ouvidos, com o off garantido, fez a seguinte análise. “Se o governo não se mexer e entregar o crescimento anunciado para 2013, podemos viver na eleição do ano que vem o efeito Diadema”. Traduzindo, o PT tinha um prefeito bem avaliado, quase ganhou no primeiro turno e no segundo foi atropelado pelo candidato da oposição. Na opinião dessa pessoa, se Eduardo Campos conseguir ir para o segundo turno isso pode vir a ocorrer.
A mesma liderança avalia que o efeito Diadema só se deu porque na cidade o governo também se distanciou do movimento social. E o mesmo estaria ocorrendo no plano federal. "Na época do Lula o Palácio do Planalto era muito mais vivo do que é hoje."
Outra liderança, preferiu uma alusão mais esportiva: “Dilma só perde para ela mesma. Mas isso não pode ser descartado”. Ou seja, há cada vez mais desconfiança em relação a forma como Dilma controla o governo e sua sucessão. Na opinião deste mesmo entrevistado, a presidenta tem deixado ministros e outros atores políticos sem condições de trabalhar com tranquilidade. E essa característica que pode ter sido boa no início, pode se tornar uma armadilha para o próximo período. Dilma, na opinião da mesma fonte, teria de soltar as rédeas e liberar a tropa. “Ela deveria se tornar menos gerentona e tentar ser mais uma maestra de coral”, avalia.
Outra fonte contatada por este blogue entende que Eduardo Campos está “testando hipóteses”. Se sentir que reúne apoio para enfrentar Dilma, mesmo com poucas chances, não vai perder o bonde. E que está adiando qualquer definição agora, porque sabe que o terceiro ano de um governo é “o ano da entrega”. E a presidenta tem tudo, na opinião dele, para fazer o Brasil crescer ao menos 3%. E neste caso, a candidatura de Campos perderia força.
Mas se isso não vier a ocorrer, a mesma fonte acha que o setor industrial pode vir a se tornar a “turbina” da campanha de Campos. Segundo ele, já há muitos empresários descontentes com a forma centralizadora e pouco ágil de gerenciar de Dilma. E, por outro lado, o setor financeiro já decidiu que não vai de Dilma. “Eles vão doar recursos pra ela também, mas preferem Marina, Aécio, Eduardo Campos, eu ou você”, brinca.
Nas entrelinhas ou de forma direta, há o entendimento de que Eduardo Campos não é uma ameaça assim tão aterradora. Sua candidatura, num cenário normal, não teria mais do que 10% dos votos. Mas se Dilma piscar, ele cresce e pode vir a se tornar o candidato dos sonhos para derrotar o PT. O que é o desejo de muitos que hoje fazem de conta que já se acostumaram com o partido no governo. Mas que no fundo no fundo, não veem a hora de “se ver livre dessa gente”.