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[caption id="attachment_12843" align="alignnone" width="588"] Eduardo Campos vai tentar atrair os descontentes com o fato de o governo Dilma ouvir pouco. Ele sabe que isso pode funcionar[/caption]
Só Dilma pode tornar Eduardo Campos um candidato forte. Já afirmei isso aqui. Elegê-lo então será um desafio hercúleo não só para Dilma, como para boa parte dos seus ministros e também para o PT.
Uma das formas de fortalecer o governador de Pernambuco é continuar fazendo o que boa parte dos assessores e ministros continuam fazendo, dialogando pouco. Campos já percebeu isso. E ontem em jantar com 60 empresários na casa do dono da Riachuelo, disse: “O governo, além de tudo, às vezes não dialoga. A solução é falar com o governo pela imprensa. Não quer me receber? Você pode tuitar.”
O fato de Campos ter dito que o Brasil não começou ontem e que o governo pode fazer mais não significa nada do ponto de vista político. Mas ter percebido que esse governo é ruim de conversa é um caminho que pode levá-lo a ir se cercando de muita gente descontente com o rumo de algumas coisas.
Conversar pode não resolver o problema, mas como diz um amigo, também não gasta a boca. Além do mais, o diálogo é parte integrante do ritual da política. Governo que conversa pouco, mesmo bem avaliado, se arrisca muito.
Quando um governo conversa pouco ele vai esgarçando a base e criando um campo de descontentamento que pode vir a ser conquistado por outra força. É isso que Eduardo Campos percebeu. Que o governo Dilma, mesmo bem avaliado, tem agradado menos do que que deveria o campo político e setores organizados.
Na setor popular o descontentamento é grande em relação a isso Pelo que tenho ouvido, no empresarial também. Vamos ao exemplo do ministro Comunicação, que foi tema de post recente. É raro encontrar quem defenda, no movimento social, a gestão do ministro Paulo Bernardo. Mas as pessoas não criticam só suas opções políticas na área, mas também a forma como ele se relaciona com os críticos e com as críticas. Bernardo não recebe os movimentos organizados e quando confrontado se comporta de forma ríspida com seus interlocutores. Em alguns casos, grosseira.
No II Encontro de Blogueiros, realizando em Brasília, por exemplo, só faltou mandar o blogueiro Eduardo Guimarães calar a boca, dispensando-lhe um tratamento arrogante e autoritário.
Depois disso, convidou várias entidades para uma reunião em Brasília com o objetivo de discutir a questão da banda larga. Por ter sido criticado no twitter, desmarcou o encontro e nunca mais convocou as entidades para debater esse ou qualquer outro tema.
Esse é um exemplo de coisas que têm sido corriqueiras em várias áreas. E com todos os setores. Creiam, empresários também reclamam desse tipo de tratamento.
Eduardo Campos não é bobo. Já percebeu que o governo Dilma tem esse calcanhar de aquiles. Ou melhor, já percebeu que pode morrer pela boca. Não pelo excesso, mas pela ausência de diálogo. E pela forma pouco polida dispensada por alguns de seus principais assessores e ministros à diferentes setores políticos e organizados da sociedade.
Isso não significa que a reeleição de Dilma esteja em risco. Ela é bem avaliada porque o seu governo é bom. Teve coragem de enfrentar os bancos e diminuiu os juros para padrões civilizados. Ampliou os investimos no combate à pobreza e à miséria. Turbinou o Minha Casa Minha Vida e está fazendo uma gestão criativa e organizada na área de saúde, criando bons programas como o saúde na escola.
Fora isso, teve a coragem de criar a Comissão da Verdade, o que não é pouca coisa.
Certamente, faltaram citar muitas outras boas iniciativas. O que só reforça a tese de que a eleição de Dilma não está em risco.
Mas se eu fosse Dilma, passaria a gastar a boca. E aconselharia a todos os seus ministros a fazer o mesmo. Se isso vier a ocorrer, Eduardo Campos perderá boa parte do seu discurso. Porque o resto, não cola. Principalmente na classe política e entre aqueles que não estão dispostos a correr riscos. Ninguém vai deixar a base porque alguém resolveu dizer que o governo pode fazer mais. Um governo com 80% de aprovação.