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No dia 21 de julho, como o leitor pode checar aqui fiz o que chamei de uma análise rápida das pesquisas Datafolha SP, Rio, BH, Poá e Recife. Publico aquele texto com atualização a partir dos resultados divulgados hoje. Vou utilizar este método até o fim da eleição, correndo o risco óbvio de errar na análise de previsões futuras, mas buscando ajudar àqueles que passam por aqui a entender alguns movimentos eleitorais. Leitura de pesquisa não é algo tão complexo como parece. Mas atualmente os “analistas” da mídia tradicional têm preferido usá-las para fazer discurso. Hoje, por exemplo, há gente destacando a “estagnação” de Haddad como o fato político deste Datafolha. Quando a notícia é primeira queda de Russomanno e a rejeição recorde de Serra. Enfim, sigamos.
O texto do dia 21/7 vai em letra normal e o atual em negrito. Abaixo dele, coloco o resultado de hoje do Datafolha.
São Paulo
São Paulo apresenta um resultado aparentemente surpreendente, mas que tem lógica. Com a desistência de Netinho, que tinha 6% no último DataFolha, a tendência era que os candidatos mais conhecidos na periferia da cidade, onde se concentravam seus votos, crescessem. Dois deles tinham mais chances, Serra e Russomano. Haddad, Chalita e Soninha são pouco conhecidos nos bairros populares.
O que surpreende é que mesmo com a desistência de Netinho, Serra tenha variado negativamente um ponto. Ele tinha 31% em 25 de junho e agora tem 30%.
A análise que se pode fazer desse movimento é que a cidade não quer Serra prefeito. E que o tucano pode ter chegado ao seu teto. Ou seja, mesmo com a desistência de adversários, não cresce.
Outra questão importante é que na mesma pesquisa 40% dos eleitores dizem que tenderiam a votar num candidato indicado por Lula. Ou seja, Haddad tem ao menos este potencial de votos, porque Lula vai trabalhar intensamente pela sua candidatura. Por outro lado, 72% dos eleitores não votariam num candidato apoiado por Kassab. Isso pode levar Haddad a passar o tucano ainda no primeiro turno. É uma previsão arriscada, mas é algo que não surpreenderia. Basta que João Santana consiga colar Lula em Haddad e Serra em Kassab que isso pode se configurar. A ameaça de Haddad é alta rejeição do apoio de Maluf, 77%. Espera-se que o 1,5 minuto que o petista vai ter na TV seja suficiente para aliviar essa carga negativa chamada Maluf.
A candidatura de Russomano não deve ser desprezada, mas é preciso verificar em que patamar estará depois de duas semanas de horário eleitoral. A tendência é que Haddad cresça no eleitorado dele, que é o eleitorado de Lula.
Outro ponto negativo para o tucano é seu índice de rejeição de Serra, 37%. Não chega a inviabilizá-lo para a disputa num segundo turno, mas é muito alto. Seu marqueteiro deve estar bastante preocupado.
Atualizando
A análise acima ainda está atual e os apontamentos realizados naquela ocasião sobre a possibilidade de Serra ser ultrapassado por Haddad ainda no primeiro turno se mostra quase natural no momento.
Na ocasião, disse que a candidatura Russomanno não poderia ser desprezada. E que depois de 15 dias de programa eleitoral era um bom momento para analisá-la. Hoje, ele é quase um nome certo no segundo turno. Há sinais de que parou de crescer e pode baixar um pouco mais. Se isso acontecer e Haddad crescer, Serra vai ter de atacá-lo mais fortemente. Neste caso, uma porcentagem dos que hoje afirmam votar em Russomanno na periferia podem migrar para Haddad. E na classe média alguns votos dele podem ir para Chalita.
Até por isso a situação de Serra é desesperadora. Ele vai ter muita dificuldade para atrair votos se vier a bater mais forte nos adversários. E ao mesmo tempo se não bater, não muda o quadro atual.
Seu índice de rejeição que era de 37% em 21 de julho, agora está em 46%. Nas zonas populares da cidade deve beirar os 60%.
Datafolha de hoje
Russomanno (PRB) – 32%
José Serra (PSDB) – 20%
Fernando Haddad (PT) – 17%
Gabriel Chalita (PMDB) – 8%
Soninha (PPS) – 5%
Paulinho da Força (PDT) – 1%
Carlos Giannazi (PSOL) – 1%
Em branco/nulo - 7%
Não sabe - 9%
Rio de Janeiro
Os 10% de Marcelo Freixo (PSoL) contra os 54% de Eduardo Paes (PMDB) parecem uma enorme distância. E são. Mas levando em consideração que um tem o apoio de quase todos os partidos e é prefeito e o outro tem apenas um movimento de parte da sociedade civil a ampará-lo, é preciso ficar atento.
Freixo tem potencial de crescimento se utilizar seu pequeno tempo no horário eleitoral para enviar mensagens diretas e agudas, com soluções para problemas crônicos do Rio. E pode ganhar musculatura se nos debates conseguir encurralar o atual prefeito.
Em isso acontecendo, como o Rio que é uma cidade que permite ondas. Não surpreenderia que vivesse mais uma. E aí, Paes terá vida dura. Por ahora, é favoritíssimo.
Atualizando
Paes continua favoritíssimo e no mesmo patamar de julho, 54%. Dificilmente não vai levar no primeiro turno, mas Freixo já chegou aos 18%. O que é praticamente o dobro das intenções de voto que tinha ao final de julho.
O problema de Freixo é que o filho de César não emplacou com nem a filha de Garotinho como vice. E ele dificilmente vai ter sozinho uma votação suficiente para provocar um segundo turno.
Datafolha de hoje:
Eduardo Paes (PMDB) – 54%
Marcelo Freixo (PSOL) – 18%
Rodrigo Maia (DEM) – 4%
Otavio Leite (PSDB) – 3%
Aspásia (PV) – 2%
Cyro Garcia (PSTU) – 1%
Fernando Siqueira (PPL) – Não atingiu 1%
Antonio Carlos (PCO) – Não atingiu 1%
Branco/nulo – 9%
Não sabe – 8%
Belo Horizonte
O atual prefeito Marcio Lacerda (PSB), apoiado por Aécio, tem 44%. O ex-ministro Patrus (PT), 27%. Para quem tinha uma eleição tranqüila, Lacerda abriu a guarda e passa a ter a renovação de seu mandato em risco.
Quem conhece Patrus sabe que ele é o mineiro típico. Daqueles que come pelas bordas e espera o centro do prato esfriar. O lançamento de sua candidatura saiu meio que atabalhoadamente, mas empolgou boa parte da cidade e dos movimentos sociais que estavam decepcionados com o PT.
Desde a gestão de Fernando Pimentel que parte da esquerda está em crise com os rumos da administração da cidade.
Se Patrus souber canalizar este sentimento de insatisfação para a sua candidatura, sua campanha crescerá nas ruas. Some-se a isso o fato de que a presidente Dilma agora está tratando da campanha de BH como uma de suas prioridades, a eleição por lá promete.
Atualizando
O quadro mudou muito pouco desde julho. Patrus perdeu o tempo de TV do PSD e isso prejudicou sua campanha. O efeito Lula e Dilma em BH parece não ter sido suficiente para aproximá-lo de Lacerda, mas ainda há jogo na capital mineira. Qualquer erro pode ser fatal. Lacerda ainda é favorito para levar no primeiro turno. Até porque um segundo turno em BH é muito improvável. Só há dois candidatos com votos na cidade.
Datafolha de hoje
Marcio Lacerda (PSB) -- 49%
Patrus Ananias (PT) -- 31%.
Vanessa Portugal (PSTU) - 2%
Maria da Consolação (PSOL), Tadeu Martins (PPL) e Alfredo Flister (PHS) - 1%
Branco ou nulo - 8%
Indecisos - 9%.
Porto Alegre
O favoritismo já imaginado por este blogueiro da candidatura do atual prefeito, José Fortunati (PDT) está se confirmando. Ele abriu 8% em relação à deputada Manuela (PCdoB). Já o candidato petista Adão Villaverde corre o risco de ter o pior desempenho da história do partido. No momento tem apenas 3%.
O eleitorado brasileiro é conservador e um detentor de cargo executivo tem que se esforçar muito para não se reeleger. Fortunati não tem uma avaliação ruim e isso o coloca em boa situação para disputar novo mandato.
Manuela terá de ser muito criativa para superar essa dificuldade. Para Villaverde, essas dificuldades parecem quase intransponíveis.
Atualizando
Fortunati abriu ainda mais distância de Manuela e a candidatura de Villaverde não emplacou. Na análise de julho isso foi apontado como tendência. Se o atual prefeito tiver sangue frio e não errar, pode até levar no primeiro turno. Mas as chances de segundo turno ainda são grandes.
Datafolha de hoje
José Fortunati (PDT) - 41%
Manuela d´Ávila (PC do B) - 30%
Villa (PT) - 7%
Roberto Robaina (PSol) - 2%
Wambert di Lorenzo (PSDB), 1%
Erico Correa (PSTU), 1%;
Indecisos - 12%
Branco e nulo - 6%.
Recife
Com 35%, Humberto Costa (PT) está em primeiro, seguido pelo ex-governador Mendonça Filho, 22%. Mas quem parece ser o grande adversário do petista é Geraldo Júlio (PSB) que tem 7%, mas que com o apoio do governador Eduardo Campos deve crescer.
Se Geraldo Júlio passar para o segundo turno a eleição de Costa fica ameaçada. Se a disputa for com Mendonça Filho, suas chances são boas.
Muita gente está tratando a disputa de Recife como uma prévia da articulação para a disputa presidencial, mas quem conhece Eduardo Campos diz que sua primeira preocupação é com sua própria sucessão. Sua tese é de que se o PT viesse a reeleger o prefeito da capital iria tentar indicar um nome para disputar o governo.
Se isso era uma possibilidade com a disputa que se avizinha pela capital, agora é uma realidade. Vai ter pau na eleição de Pernambuco entre PSB e PT também em 2014.
Atualizando
Na análise de julho apontou-se que disputa possivelmente seria com Geraldo Júlio, que tinha 7%. A novidade da atual pesquisa é a candidatura do tucano Daniel Coelho cresceu muito e ameaça tirar Humberto Costa do segundo turno. A ocorrer isso, o PT pernambucano entraria numa crise terrível. Em fórmula 1 costuma-se dizer que chegar é uma coisa e passar é outra. Na corrida eleitoral, ao contrário. É muito difícil reverter uma tendência. E atualmente Daniel cresce e Humberto cai. Se nada for feito as linhas vão se encontrar e a colocação dos candidatos vai se alterar antes do dia 7 de outubro.
Datafolha de hoje:
Geraldo Julio (PSB) - 34% das intenções de voto
Humberto Costa (PT) - 23%
Daniel Coelho (PSDB) - 19%
Mendonça (DEM) - 8%
Edna Costa (PPL) - 1%
Esteves Jacinto (PRTB) - 1%
Roberto Numeriano (PCB) - 1%
Branco/nulo/nenhum - 6%
Não sabem - 7%