São Paulo, a maior e mais rica cidade do país, viabilizou o seu progresso sem um planejamento que evitasse a destruição de grande parte dos seus recursos naturais. O preço do “desenvolvimento” foi alto para a capital paulista. Desenvolvimento, evidentemente, entre aspas. Afinal, a noção de que se mede o sucesso de uma cidade ou país com base na quantidade de recursos financeiros que ela produz felizmente começa a ser questionada.
Um dos símbolos deste "desenvolvimento" paulistano são seus rios. A primeira vítima deste processo foi o Anhangabaú, canalizado e tapado em 1906. Depois foram sendo retificados em suas curvas, contornos e volteios o Tamanduateí, o Tietê e o Pinheiros. Os quatro são os maiores rios cidade, que foram sendo destruídos para facilitar a ocupação dos seus arredores. O Tietê, que nas primeiras décadas do século XX chegou a abrigar em suas margens três clubes de regatas e onde se disputavam até provas de natação, e o Pinheiros, de curvas originalmente sinuosas, e em cujas margens havia vários campos de várzea, se transformaram em "marginais". Em esgotos à céu aberto, cercados por centenas de milhares de carros.As artérias de São Paulo estão entupidas, sufocadas, poluídas e longe do convívio com o paulistano. O cidadão da cidade não olha para elas como se se tratassem de um patrimônio natural que precisa ser recuperado para que a cidade viva melhor.
É uma falácia debater o meio ambiente em São Paulo sem discutir a recuperação dos rios da cidade. É preciso que este debate entre na pauta das eleições de forma séria e que o próximo prefeito tenha juízo e pulso pra cobrar do governo do Estado que haja com seriedade em relação a isso. E que pare de enterrar bilhões de reais em projetos cujos resultados são ridículos, para dizer o mínimo.
Há aproximadamente 1 ano fiz um post aqui no blogue sobre o documentário Entre Rios. Trata-se de um excelente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Caio Silva Ferraz, Luana de Abreu e Joana Scarpelini. Ele ajuda a compreender um pouco mais da história de São Paulo, além de gerar um debate sobre o impacto que intervenções urbanísticas têm para as gerações futuras.
E agora acabo de assistir uma entrevista com a cineasta Tata Amaral, no canal na internet do candidato Fernando Haddad (PT), o Pensenovo.tv. Tata Amaral, acredita que a recuperação dos rios paulistanos é possível e que isso seria uma verdadeira revolução para a cidade. Concordo em gênero, número e grau com ela. E acho que se aqueles que hoje colocam o debate ambiental como primeiro ponto de pauta nas suas prioridades políticas tornassem esta a grande bandeira do movimento em São Paulo, avançaríamos muito. Sem seus rios, São Paulo continurá uma cidade entupida, feia e com baixa qualidade de vida.
Entrevista com Tata Amaral