Extorsão: nova denúncia sobre a Virada Cultural

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Após a publicação da série de reportagens sobre o suposto esquema de corrupção na Virada Cultural, várias pessoas entraram em contato com o SPressoSP e a Revista Fórum ou de forma direta com este blogueiro relatando outros casos de corrupção relacionados à Secretaria de Cultura da Prefeitura de SP. O entrevistado que segue foi um deles. E o único até o momento que aceitou dar entrevista, mas resguardando sua identidade. O caso dele é curioso, porque revela uma outra prática ilegal. Ele diz que o contrato de um dos trabalhos que fez com a Virada Cultural depois de pronto foi refeito para que se acrescentasse mais 10 mil reais. Que uma produtora o procurou em nome do coordenador da Virada, José Mauro Gnaspini, dizendo que precisava fazer aquela operação para pagar outras contas do evento. Ele aceitou e o contrato foi refeito na secretaria. O dinheiro teria sido entregue para a produtora que intermediou a conversa. Leia a entrevista a seguir. Você me contou uma história que gostaria que contasse aqui para a gente poder publicar a reportagem, de que você fez um contrato com a Virada Cultural em uma de suas edições e que teve depois que refazer o contrato para repassar R$ 10 mil para a organização da Prefeitura, no caso para o Zé Mauro (José Mauro Gnaspini, diretor de programação da Virada Cultural), você podia contar de novo essa história para a gente? Fiz um contrato e fechado o show enviaram tudo que necessitava, enviei documentação, enviaram a minuta do contrato para assinar e assim que eu enviei tudo de volta me procuraram e me disseram para eu acrescentar, sugeriram acrescentar R$ 10 mil e dar a diferença para a organização da Virada sob a justificativa de que as verbas estavam muito apertadas e não conseguiam atender toda a demanda de produção. Ou seja, a justificava que te deram é que aumentariam o teu contrato e você repassaria uma parcela e que aquilo iria para pagar alguma outra ação? Que iria para a organização da Virada porque os valores disponíveis não cobriam todos os custos da Virada e que eles precisam fazer esse tipo de expediente. E onde entra o Zé Mauro nessa história? Entra que a solicitação tinha sido feita por ele. Uma produtora me procurou dizendo que ele havia feito essa solicitação e que era para que eu entendesse, porque as coisas estavam meio complicadas por causa da verba e ele precisava fazer a Virada da maneira que atendesse as necessidades dos artistas. Então que ele precisa desse repasse. E em outra ocasião você também foi convidado para fazer alguma coisa na Virada e tentaram algum tipo de achaque? Em outros anos, há vários anos, logo nas primeiras Viradas, eu fui sondado para levar um artista e a solicitação da pessoa responsável pela programação de determinado palco me disse que havia a necessidade de dar 10% do valor do cachê para ele. Ai eu não sei se ia para o Zé Mauro, se ia para essa organização do palco, mas eu acho que deve ser um esquema, porque foram as duas únicas oportunidades que tive de me relacionar com a Virada Cultural. Então, não sei se é um esquema institucionalizado de cima para baixo desde o responsável pela Virada, que é o Zé Mauro, e todo mundo paga seu pedágio, ou se é cada um faz do seu jeito, recebe as comissões e as propinas da sua maneira. Isso é comum, é algo que sempre acontece em outros eventos ou só aconteceu contigo nesse evento? De evento oficial, de órgão público, só aconteceu comigo nesse.