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Ontem, o senador Lindberg Farias (PT-RJ) apresentou à CPI do Ecad seu relatório que será votado em sessão no dia 26/04, às 9 horas, no Plenário 1, da Ala Nilo Coelho, no Senado Federal.
A Frente de Cultura no Congresso fez um resumo da investigação. O leitor vai ver que não há nada que não tenha sido dito por aqui e por outras paragens enquanto a ministra Ana de Hollanda fazia cara de paisagem e montava sua equipe de governo com gente da confiança do ECAD.
Como a casa caiu, agora Ana de Hollanda faz de conta que ECAD é ECAD e Ana é Ana. E que isso que andam falando por aí é coisa dessa rapaziada que gosta de internet e até lê blog. Sim, a ministra falou ontem na CPI que tem uma rapaziada que gosta de Internet e que precisa começar a ler livros no Ipad e que com isso o mercado dos livros vai crescer. E que essa rapaziada também gosta de ler blogues.
Bom, mas leia o resumo do relatório (é curtinho) e depois algumas “maldades” dessa "rapaziada" da internet.
Principais tópicos levantados pelo relatório:
A CPI investigou por um ano e conclui que:
“... o sistema de gestão coletiva de direitos autorais, que tem como entidade central o ECAD, necessita de uma profunda mudança, razão pela qual concluiu pela aprovação de um projeto de lei que modifica todo o sistema de gestão coletiva.”
Além do projeto de Lei a o relatório gerou 26 recomendações ao Ministério Público, OAB, Poder Executivo e Poder Legislativo.
Para o Ministério Públcio o relator faz onze recomendações das quais propõe o indiciamento de vários dirigentes das associações e do ECAD, pela prática de crime de falsidade ideológica, apropriação indébita, agiotagem e crime contra a ordem econômica.
Para o Poder Executivo foram treze recomendações ao poder executivo, entre elas sugere:
- Ao Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência o rápido julgamento e a efetiva condenação do Ecad e de suas associações pela prática de Cartel, com a aplicação das sanções cabíveis;
- À Receita Federal, o Relator recomenda que faça uma minuciosa auditoria nas contas do Ecad e das nove associações que o compõem;
- À Presidência da República, o Relator recomenda que envie, com urgência constitucional, o projeto de lei que reforma a Lei de Direitos Autorais;
- Que seja criada no Ministério da Justiça a Secretaria Nacional de Direitos Autorais – SNDA e o Conselho Nacional de Direitos Autorais – CNDA, estruturas administrativas com competência para regular, mediar conflitos e fiscalizar as entidades de gestão coletiva de direitos autorais. Que, após a criação da Secretaria e do Conselho, o Ministério da Justiça abra um amplo debate com a sociedade sobre a pertinência de criação de uma autarquia própria, autônoma, com competência para dispor sobre a gestão coletiva de direitos autorais.
- Que sejam remetidos ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) os depoimentos e demais documentos constantes nesta CPI relativos ao caso dos honorários advocatícios, referidos na Parte III, item 5, com recomendação para que a Ordem se pronuncie sobre a regularidade do procedimento adotado pela Assembléia Geral do Ecad.
Sobre os Direitos Autorais
“Um dos projetos que será coordenado por Grassi é a criação de um fórum de discussão sobre direito autoral e lei de patente. O governador Aécio Neves destacou que o surgimento de novas mídias tem ampliado a necessidade de um debate mais aprofundado sobre o assunto. “Um dos desafios seria a criação do fórum de discussão sobre a questão do direito autoral e da lei de patente”. Podemos aqui de Minas construir algo que reflita-se pelo país, mas denso, coordenado, com uma discussão profunda que enfrente essa questão, sobretudo agora com o surgimento dessas novas mídias, da internet, enfim, inovações que determinam, quase que nos obrigam a renovar e ampliar esse debate que já se estende” (Agência de Minas).” Recordar é viver, parte 2 A aproximação entre o atual ministério e o Ecad, não se explica apenas nos detalhes e nas cartinhas ou discursinhos dos seus principais “atores”. Logo que foi nomeada ministra, Ana de Hollanda retirou o selo de Creative Commons da página do Minc, ação totalmente oposta a que foi adotada por Gilberto Gil e Juca Ferreira durante o governo Lula. Em seguida, nomeou Márcia Regina Barbosa como diretora de Direitos Intelectuais, indicada ao cargo por Hildebrando Pontes, advogado do Ecad. Tibério Gaspar, ex-fiscal do órgão, foi designado assessor especial da ministra no Rio de Janeiro. Nunca na história deste país nomes do Ecad foram trabalhar no Ministério da Cultura. Por que só com Ana? Além disso, recentemente, o jornalista Jotabê Medeiros publicou uma reportagem no site Farofafá, que comentei e linkei aqui que reforçou ainda mais a relação do ministério de Ana com o ECAD. Segunda a matéria, um suposto favorecimento foi descoberto depois da análise de documentos emitidos pelas duas instituições. O Ecad confeccionou uma peça de defesa que circulou por Brasília em novembro do ano passado e o MinC a endossou, através de um parecer técnico enviado ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Isso é coisa da rapaziada, ministra? Enfim, a CPI do ECAD abriu parte da caixa preta da CBF da Cultura. Órgão que dita as regras da política atual do MinC no que diz respeito aos direitos autorais. E a ministra agora faz de conta que suas relações com a entidade eram apenas republicanas. Somos todos idiotas?