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A saída de Ricardo Teixeira da presidência da CBF é uma daquelas boas notícias que merecem um brinde. Mas sua renúncia pode ser o começo do fim de uma era, mas ainda não é o fim.
Quem assume é o vice do genro de Havelange, o ex-governador de São Paulo José Maria Marin. Um político que sempre atuou nas sombras do conservadorismo. Sempre se oferecendo para o cargo de vice.
Marin é aquele senhor que recentemente pegou uma medalha “emprestada” na final da Copa São Paulo e a colocou no bolso. Se um menino pobre que sempre sonhou em ter uma medalha viesse a fazer o mesmo numa loja de departamento de esporte seria preso em flagrante.
Mas voltando à trajetória de Marin. Ele era vice de Paulo Maluf quando este foi eleito governador biônico, em 1978. Era um vice insosso e que de repente por conta da ambição de Paulo Maluf em se tornar presidente da República, virou governador por uma meia dúzia de meses.
Nas eleições para deputados, prefeitos, vereadores e governadores de 1982, Maluf decidiu renunciar o governo de São Paulo para se candidatar a deputado federal. Sua intenção era construir sua candidatura a presidente por dentro do Congresso, onde aconteciam as eleições presidenciais. No regime militar eram os Congressistas que elegiam o presidente. E, em geral, o candidato do partido do regime (naqueles dia PDS, que substituíra a Arena) em tese venceria porque tinha maioria dos votos. Mas a operação não deu certo. Maluf derrotou o candidato do presidente Figueiredo nas prévias internas, o coronel Mário Andreazza, mas rachou seu partido.
E ali surgiria uma sigla que viria a fazer história no país, o PFL, liderado por Antônio Carlos Magalhães, de saudosa memória, e pelo vice-presidente do país à época, o mineiro Aureliano Chaves.
Evidente que as enormes manifestações de rua, em 1984, contribuíram para que parte do PDS pulasse do barco e fechasse um acordo com o PMDB para que ao invés de Ulysses Guimarães, o candidato da oposição fosse Tancredo Neves, mais conservador e por isso mais confiável para parte dos que apoiavam o regime ditatorial.
Ou seja, José Maria Marin foi um homem da ditadura.
E era uma pessoa da confiança de Paulo Maluf.
Pelo jeito também é da confiança de Ricardo Teixeira, que decidiu renunciar a CBF em seu favor.
Não é possível que um homem com essa história de vida seja apenas um “emprestador” de medalhas.
Mesmo aos 80 anos de idade, Marin tem um currículo que não nos dá o direito de achar ao assumir a CBF vai usar toda a sua experiência para uma boa causa.
A notícia da renúncia de Ricardo Teixeira é boa, mas a entrada na cena principal do futebol brasileiro de Marin é demasiadamente pesada para quem imaginara que certos fantasmas já tinham abandonado o casarão Brasil.