O ano de 2012 não foi nada fácil para o jornalismo brasileiro. Neste ano, 11 profissionais da áreas foram assassinados no Brasil, quase o dobro de 2011, quando 6 foram mortos. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira pela Campanha Emblema para a Imprensa.
Além dos mortos, outros tiveram que sair do país para preservar a própria vida e a dos familiares.
Em outubro, o jornalista André Caramante teve que sair do país após escrever uma matéria em que criticava a postura do coronel Telhada, ex-comandante da Rota, na rede social Facebook.
Na matéria, publicada em julho, o jornalista relata que Telhada usava sua página no Facebook para “veicular relatos de supostos confrontos com civis (sempre chamados de “vagabundos”), expondo figuras de caveiras vestidas com uniforme da Rota”. Uma clara apologia a figura do policial justiceiro, aquele que faz o papel de juiz e executor.
Pois bem, Caramante começou a receber ameaças dos seguidores do coronel e teve que se exilar. Por outro lado, Telhada foi “premiado” com uma vaga na Câmara Municipal e uma indicação do PSDB para a Comissão de Direitos Humanos.
O mais recente caso de ameaça contra jornalistas veio à tona hoje. Mauri König, repórter há 22 anos e diretor da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), começou a sofrer ameaças em maio, quando publicou uma reportagem no jornal “Gazeta do Povo”, de Curitiba, com denúncias de mau uso de verbas públicas por policiais civis, entre outras irregularidades.
Ligações à redação e aos diretores da Gazeta do Povo informaram a existência de um plano para metralhar a casa do jornalista. Diante disso, König está sob proteção de seguranças e, a exemplo de André Caramante, deve deixar o país com a sua família.
Enquanto conservadores bradam contra um marco regulatório da comunicação no Brasil, sob uma falsa defesa da liberdade de expressão que serve somente aos monopólios, a verdadeira liberdade está sendo constantemente ameaçada.
Em defesa dos seus profissionais, o que fazem os veículos de comunicação? Nada. Apenas os mandam para o exílio.
Colaborou Felipe Rousselet