Santos e Robinho: há dez anos um dia para ficar na história

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Amanhã o Corinthians pode viver um dos dias mais bonitos da sua história, mas há dez anos o garoto Robinho fez este blogueiro viver, exatamente contra o Corinthians, um dos seus dias memoráveis. Naquele domingo à tarde, com exceção da torcida do Corinthians, quase todos os brasileiros torciam pelo time de Robinho e Diego. E foi um dia histórico do futebol brasileiro. Porque o jogo foi extremamente emocionante. De forma justa, muito se fala das sete pedaladas que Robinho deu em Rogério até sofrer o pênalti que levou o Santos a fazer 1 a 0. De fato, aquele lance foi apoteótico. Mas o jogo inteiro foi fantástico. Ao rever agora no Youtube o lance dos gols, mais uma vez me arrepiei. Me lembrei da agonia feliz daquela tarde. O Santos fez o primeiro com Robinho depois das sete pedaladas, mas o Corinthians reagiu e virou o jogo. Antes de continuar a falar da partida, um parenteses. Depois de ter ido ao estádio do Morumbi ver o Santos contra o Corinthians na semifinal do Paulista, em 2001, quando Ricardinho fez um gol aos 48 minutos e tirou o Peixe de uma fácil final contra o Botafogo de Ribeirão Preto, decidi que não iria arriscar de novo. Fui pra gloriosa Praia Grande ver a final com dona Clô. Pensei: lá estarei mais próximo da Praça Independência para comemorar se o Santos for campeão e ao mesmo tempo, acolhido pelos familiares santistas, caso uma tragédia viesse a ocorrer. No final de semana anterior, numa tarde de gala de Diego, o peixe havia derrotado o time de Parreira por 2 a 0. O Corinthians precisava ganhar por diferença de dois gols para ficar com o título. Era um resultado improvável. Mas a confiança dos corintianos de que no Morumbi a história seria diferente, irritava e ao mesmo tempo dava um certo frio na barrriga. Eu não poderia ir ao Morumbi arriscar voltar para casa como naquela noite de 2001. Mas voltando ao jogo, aquele gol de Robinho aos 37 minutos do primeiro tempo, deu-me uma certa aliviada que permitiu respirar no intervalo do jogo. Até os 30 do segundo tempo, estava nervoso, mas confiante. De repente, com um gol aos 30 e outro aos 39, o Corinthians virou o jogo. Faltavam menos de dez minutos pra acabar, incluindo o tempo do acréscimo. Imaginei que naquele momento começavam os dez minutos mais agônicos da minha vida como torcedor. Foram, mas não foram. Vivi minutos de uma alegria quase incontrolável, porque Robinho era do Santos. Aos 43, ele pegou a bola no meio de campo, disparou pela lateral direita e fez um cruzamento perfeito para Elano empatar o jogo. Era a certeza de título. O Corinthians teria de fazer dois gols em cinco minutos. Mas o jogo não tinha acabado. Aos 47, Robinho recebeu um lançamento na lateral esqueda, botou dois craques (o lateral Kleber e o campeão do mundo, Vampeta) para dançar e deu um toque pra trás para Leo, que num belo chute de fora da área, tirou a bola de Doni e marcou o terceiro gol do Santos. Era o fim de uma fila que já tinha acabado, mas que as outras torcidas insistiam em chamar de fila. O Santos já havia ganhado o torneio Rio-São Paulo, em 1995, e a Conmebol, em 1998 - que agora virou Sul-Americana e, vencida pelo São Paulo, foi considerada como um título e tanto. De qualquer jeito aquele título era necessário. A torcida queria uma conquista de importância maior. E o Brasileiro era a maior de todas. Dias depois ganhei do amigo Gerardo Lazzari uma foto, que enquadrei, do exato momento em que a torcida invadiu o campo do Morumbi para comemorar. Gerardo flagrou o placar e os 3 a 2 ficaram ali como marca de uma das campanhas mais bonitas de uma geração de garotos. Muitos chegaram a seleção, mas nenhum, nem Robinho, se tornou ídolo internacional. Uma pena. Robinho ainda pode ter sua chance se voltar a brilhar no Milan. Felipão pode voltar a convocá-lo para jogar com Neymar. E de repente, 2014 pode vir a ser a sua Copa. Eu não duvido disso. Os lances dos gols daquele menino de 18 anos que acabou com um bom time do Corinthians estão imortalizados no youtube. Vale a pena rever.