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O repórter Igor Carvalho está em São José cobrindo in loco a ocupação do Pinheirinho. Ao mesmo tempo, estamos eu e Adriana Delorenzo, em São Paulo, buscando informações e alinhavando outras entrevistas. Desde domingo um dos nossos objetivos tem sido revelar os absurdos da ocupação e buscar descobrir, entre outras coisas, se há vítimas fatais. Até o momento não há nenhuma informação neste sentido.
Ontem a noite bancamos esta informação nos contrapondo há uma entrevista dada à TV Brasil e divulgada por grandes portais pelo advogado e dito presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São José dos Campos, Aristeu César Pinto Neto. Hoje a OAB publicou no seu site o seguinte: “Informamos à toda mídia e demais órgãos de imprensa, que o único autorizado a fazer qualquer pronunciamento em nome da OAB Subeção de São José dos Campos é o seu Presidente Dr. Julio Aparecido Costa Rocha.”
Ele falou em mortos, inclusive crianças, mas não deu nenhum nome. O repórter da Fórum ficou atrás dessa confirmação até altas horas da noite. E nenhuma liderança confirmou-a. Mas apanhamos muito nas redes sociais por conta disso.
Acordei com uma saraivada de emails e mensagens no twitter nos acusando de estar fazendo o jogo do governo Alckmin e do especulador Naji Nahas. Como diria o Lula nos seus bons tempos de sindicalista: Menas, menas, companheiros!
Hoje a reportagem da Fórum já esteve na Prefeitura e no hospital onde está internado David Washington Castor Furtado, que foi atingido por uma bala de fogo na triagem do acampamento da prefeitura. Segundo informações dos moradores o tiro teria sido disparado por um guarda da polícia municipal. A assessora da prefeitura, Andréia Martins, diz que há um inquérito no 3º Distrito Policial da cidade investigando o caso. E que enquanto ele não for concluído a Prefeitura pode se posicionar sobre a autoria do disparo.
A versão da assessoria é que David Washington foi atingido quando tentava destruir uma grade que cercava a área da triagem. O motivo não justifica a agressão, mas essa é a informação da prefeitura.
No acampamento o que se diz é que David Washinton vai ficar paraplégico. A assessoria de imprensa da Prefeitura não confirma. É um absurdo que não seja liberada uma nota oficial sobre o caso, mas continuamos na apuração.
A assessoria da prefeitura também foi confrontada com o vídeo de um momento onde a população cerca uma ambulância. Ali uma criança estaria sendo socorrida. Durante o dia de ontem muitas pessoas informaram nas redes sociais que essa criança teria morrido. Versão que ganhou mais força com a entrevista para a TV Brasil do presidente da OAB local.
A assessora da prefeitura afirma que a criança sofreu intoxicação por conta das bombas de efeito moral, foi atendida e teve alta no mesmo dia. A assessoria não passou o nome da criança. Igor Carvalho continua na apuração.
Ontem, no caminhão de som do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Marrom, um dos líderes do Pinheirinho, pediu para que as pessoas que tivessem os nomes de vítimas levassem as informações para ele. Ao final, procurado pela nossa reportagem, disse não ter recebido nenhum nome. Lideranças do PSTU, como Dulcinéia, também não confirmam as mortes. No gabinete do vereador do PT, Tonhão Dutra, a informação é de que não há registro de vítimas.
O advogado e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São José dos Campos, Aristeu César Pinto Neto, que disse ontem à TV Brasil de que há vítimas tem obrigação moral de oferecer os nomes ou então de se desculpar se cometeu um equívoco. A TV Brasil que divulgou a informação também precisa ou oferecer os nomes ou corrigir a informação se ela não é verdadeira.
A violência e o desrespeito aos direitos humanos mais elementares na operação da desocupação do Pinheirinho merecem apuração de uma comissão de parlamentares e até de organismos internacionais. O fato de não haver cadáveres deve-se muito mais a sorte do que a qualquer outra coisa. A operação foi desastrada e havia um acordo encaminhado para que ela não ocorresse dessa forma. Basta ler esta entrevista que fiz como senador Eduardo Suplicy para entender melhor a história.
Fórum continua apurando.