Escrito en
BLOGS
el
A pesquisa Datafolha divulgada hoje pela Folha de S. Paulo não traz grandes novidades, mas certamente vai ser levada em consideração na estratégia dos partidos para a escolha de seus candidatos. Por isso, vou destacar alguns pontos que me parecem importantes.
1) A liderança de Marta em todos os cenários onde aparece não é surpreendente. O que surpreende é que quando é confrontada com o ex-governador José Serra, que acaba de sair de uma disputa presidencial, ela tem 11 pontos de diferença a seu favor. Marta fica com 29% contra 18% do tucano. É muita coisa. Isso pode indicar que numa disputa contra Serra, Marta pode ser a melhor opção do PT. Até porque se a rejeição dela é alta, de 30%, a de Serra é de 32%, menor apenas do que a de Netinho, com 33%.
2) O deputado estadual Bruno Covas chega a 6% quando incluído na pesquisa. Seu percentual é maior do que o de Fernando Haddad e Gabriel Chalita (PMDB). Haddad tem 2% no seu melhor cenário e Chalita 5%. Certamente isso tem a ver com a força do sobrenome, mas como ele tem o apoio de Alckmin, esses números podem lhe render um impulso a mais.
3) Os candidatos Netinho (PCdoB), Paulinho (PDT) e Celso Russomano (PP) têm índices razoáveis e se forem candidatos, mesmo com as dificuldades que terão em decorrência da força das bases partidárias dos concorrentes, podem ser decisivos na segunda etapa.
4) Kassab não é um eleitor forte. Ele terá de mexer muitos pauzinhos para que o seu candidato consiga ir para o segundo turno se Serra e Aloysio não entrarem na disputa. Apenas 24% da população consideram sua gestão ótima ou boa. É um índice que costuma nem reeleger governante, quanto mais fazer com que o tal governante eleja seu sucessor. Ou seja, um discurso de oposição deve render votos na próxima disputa.
5) O mais surpreendente: Lula é o grande eleitor em São Paulo. E isso nem sempre foi assim. Na eleição de 2004 o grande eleitor era Alckmin. Na de 2008, Serra. Agora 40% dos entrevistados dizem que poderiam votar num candidato apoiado por Lula. Sendo que o apoio da presidente Dilma Rousseff (PT) é importante para 26%. Ela empata com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que é um “padrinho” com potencial de influenciar 27% da população. Gilberto Kassab tem poder de influência de 15%.
Em resumo, ainda é cedo para definições e previsões, mas essa pesquisa pode ter selado o destino da candidatura Serra. Seria uma candidatura de altíssimo risco e por isso o tucano não deve enfrentá-la. Num segundo turno, Serra poderia ficar sozinho contra todos os outros candidatos, que tem relação com a base do governo. Sua situação é complicadíssima.
Quem diria depois da eleição presidencial que Serra poderia não ter nem a candidatura a prefeito de SP como uma "opção".