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Cynara Menezes é jornalista da Carta Capital e uma ativa tuiteira. No seu perfil ela diz que escreve matérias e assa pães. E vice-versa. Matérias ela sabe escrever muito bem...
Você tem usado muito o twitter para comentar assuntos políticos e alguns veículos têm proibido seus profissionais de terem atuação na rede, o que acha disso?
Me sinto uma privilegiada por trabalhar na Carta Capital. Nunca sofri qualquer censura da revista por conta das minhas opiniões no Twitter. Acho importante que o jornalista tenha pensamentos próprios, independentemente da persona que encarna no veículo em que trabalha. Hoje em dia, infelizmente, alguns veículos consideram negativo que o jornalista tenha sua própria opinião. Me parece triste e posso garantir que na Carta Capital não é assim. Um toque que quero dar é que, apesar de falar tudo o que penso nas redes, procuro ser respeitosa com o pensamento alheio. Isso não com o intuito de resguardar o local onde trabalho, mas porque vivemos numa democracia. Também prefiro manter o nível das discussões, sem descambar para os ataques pessoais. Afinal, meus pais me deram educação. Não preciso de nenhum manual que me recomende isso.
Você acha que o jornalismo está em transformação em decorrência dessas novas plataformas? Se sim, o que mais mudará no exercício profissional na tua opinião?
A principal transformação eu vejo toda manhã: nos jornais e até mesmo nos portais, lá estão as notícias que li no twitter no dia anterior e que, algumas vezes, eu mesma tuitei... A rede social é hoje uma fonte de pautas, do talk of the town. Sabe-se primeiro o que está sendo comentado, o que é notícia no mundo, por meio das redes. Espero que esta realidade chegue aos veículos impressos na forma de mudança de enfoque: em vez de apenas noticiar, jornais e revistas poderiam ir mais profundamente no tema, descobrir novas nuances. isso poderia causar, por exemplo, mais variedade nas capas dos diários, praticamente iguais hoje em dia.
Não há momentos em que você gostaria de fazer apenas jornalismo de rede?
É divertido tuitar, meus artigos exclusivos para o site da carta capital repercutem muito por meio das redes, mas eu adoro escrever e ver publicadas as minhas palavras no papel. Acho confortável ler no papel, gosto de folhear, gosto de tocar as páginas da revista... enfim, sou uma fetichista do papel. Sei que é antiecológico, que pode ser ultrapassado, mas fazer o quê?
Qual foi a tua experiência mais interessante do ponto de vista jornalístico usando as redes sociais?
As experiências mais interessantes são as menos óbvias e às vezes as menos importantes do ponto de vista jornalístico. Vou contar uma história muito legal. Falo de notícias, de política, mas também uso as redes para conversar, transmitir pensamentos e curiosidades. Então, outro dia, estava vendo TV com meu filho pequeno e percebi que haviam mudado a voz do personagem Alípio, o cavalo do programa Cocoricó. Resolvi tuitar sobre isso, indignada, porque a voz do Alípio é o máximo, não entendo como a TV Cultura pôde deixá-lo escapar. Pois bem, em poucos minutos já tínhamos chegado ao ator que faz o alípio e descoberto por que ele e outra personagem, a Lilica, não tinham renovado contrato... Achei isso incrível. Se fosse no passado, quantos telefonemas teríamos que ter dado? Me fez pensar o quanto o twitter pode ser útil e ágil na busca de uma informação.