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O fantástico deste processo de interação permitido pelas novas tecnologias é de que as relações têm potencial para deixar de ser verticais e podem ser mais democráticas e horizontalizadas. Aquela história do um para muitos deixa de ser a única possibilidade, pois as redes permitem variadas falas e diferentes protagonistas.
É esse processo que tem diminuído o poder das corporações informativas e criado novos atores políticos, fazendo com que os velhos marechais da banda midiática deixem de ser os detentores da “opinião pública”.
Mas para que isso se fortaleça é preciso “estar atento e forte”, porque o risco de se fazer um discurso moderninho, mas manter a lógica e a dinâmica de sempre é imenso.
O evento que aconteceu ontem à noite no Auditório do Ibirapuera (Música: a fronteira do futuro – Criatividade, Tecnologia e Políticas Públicas), foi um exemplo disso.
A despeito da qualidade da intervenção dos debatedores, Gilberto Gil, Lawrence Lessig, Sérgio Amadeu, Ivana Bentes, Manuela D´Avila, Ronaldo Lemos, Danilo Miranda e Cláudio Prado, o formato praticamente impediu a participação do público presente e foi quase nada interativo.
Além disso, as entrevistas exclusivas com Gilberto Gil e Lawrence Lessig acabaram sendo antecipadas somente pelo O Estado de S. Paulo. Coincidência? Evidente que não. Decisão política. Ao invés de se privilegiar as redes ou veículos midialivristas, preferiu-se o velho periódico da família Mesquita.
Ou seja, faz-se um discurso anticorporativo, mas privilegiam-se as corporações.
Pensar que a cultura digital vai se fortalecer como alternativa real a partir de parcerias com o antigo esquema midiático é estrabismo político. É acertar na ação e errar na condução.