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Itamar foi vice de Fernando Collor e contribuiu para lhe garantir uma boa vitória em Minas Gerais, em 1989.
Não era a primeira opção do presidente posteriormente cassado e hoje aliado do governo Dilma.
Consta que Collor preferia Hélio Garcia.
O “destino” reservou a vaga a Itamar, que ajudou a derrotar Lula naquela eleição.
E depois se tornaria presidente da República.
Seu governo foi de transição, mas não só.
Ele consolidou a aliança que viria a eleger FHC.
Mesmo preferindo com candidato a presidente o então ministro da Previdência Antônio Brito.
Há quem use isso em defesa de Itamar, mas será que há entre Brito e FHC há alguma vantagem substancial do gaúcho em relação ao carioca-paulista?
Seria o gaúcho menos privatista e entreguista? Brito faria um governo de cunho popular?
Com a palavra os gaúchos, que não reelegeram Brito ao governo do seu estado.
Em suma, a aliança construída no ventre do governo Itamar, levou a oito anos de FHC, com tudo que aquele momento significou.
Agora, na última eleição, Itamar fechou um acordo com Aécio e saiu candidato ao Senado. Ganhou.
Ficou doente e, infelizmente, morreu com seis meses de mandato.
De fato, o Brasil perde com a sua morte.
Principalmente porque quem assume é o seu primeiro suplente Zezé Perrela, que terá sete anos e meio para mostrar suas qualidades.
Zezé Perrela é uma figura desconhecida do grande público nacional, mas bastante famoso nas Minas Gerais.
Presidente do Cruzeiro Esporte Clube, ele ganhou parte da sua notoriedade na negociação que envolveu a venda de Ronaldo Fenômeno.
Sua evolução patrimonial de lá para cá é algo que intriga boa parte das pessoas sérias daquele estado.
Na última eleição, Zezé Perrela ofereceu ao Tribunal Regional Eleitoral sua declaração de bens, que encolheu de 2006 para 2010, passando de R$ 724 mil para R$ 490 mil.
Suspeita-se que apenas um imóvel ocultado dessa declaração mudaria bastante o volume do seu patrimônio.
Perrela teria uma fazenda avaliada em R$ 60 milhões, mas que teria sido registrada em cartório por apenas R$ 360 mil.
Segundo o jornal mineiro Hoje em Dia, pela escritura, registrada no cartório de imóveis de Morada Nova de Minas, a fazenda teria sido vendida em dezembro de 2009.
E transferida para empresa Limeira Agropecuária, que, por acaso, está registrada nos nomes dos dois filhos de Perrella e de um sobrinho.
Não são poucos os analistas que têm tratado Itamar com deferência por, entre outros motivos, ter tido uma carreira política idônea.
Não se discute nesta nota a idoneidade de Itamar, mas sua morte deixa como legado ao Senado brasileiro o cartola Zezé Perrela.
Ao escolher seu suplente Itamar fez opções.
Ao ser vice de Collor idem.
Ao apoiar FHC também.
Mesmo reconhecendo a importância que Itamar teve num momento difícil da história brasileira, não registrar no seu obituário essas parcerias é contar a história pela metade.
PS: Já corrigi o nome do Cruzeiro. Estava Cruzeiro Futebol Clube. Mas no lugar de "futebol" é "esporte". É como no Santos tudo é futebol...