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Estou em Porto Alegre e chegarei em São Paulo só final da tarde, mas minha emoção e meu grito em defesa da livre manifestação estará no vão do Masp hoje (sábado), às 14h. A proibição da Marcha da Liberdade é um dos maiores escândalos da história pós-ditadura militar no Brasil. Leia o comunicado dos organizadores.
A liberdade está proibida em São Paulo – não silenciaremos
A violenta repressão à Marcha da Maconha, no último dia 21, levou com que diversos grupos e movimentos organizassem a Marcha da Liberdade, marcada para as 14h deste dia 28. Com uma convocação assinada por dezenas de movimentos, defensores das mais amplas pautas, o evento tem como objetivo questionar a violência policial e reivindicar o direito à livre expressão e à utilização das ruas da cidade para o debate político.
Eis que o movimento é surpreendido na noite desta sexta-feira por mais uma absurda proibição impetrada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, sem que haja tempo para defesa pelas vias legais. A Marcha da Liberdade, que tem site oficial com diversos comunicados e lista das entidades que a compõem e apoiam, foi acusada de ser a Marcha da Maconha sob outro nome e proibida sob a acusação de apologia ao crime, em clara violação não só ao artigo 5º da Constituição como ao próprio conceito de democracia que supostamente existe nesse país. O Ministério Público e o Tribunal de Justiça de São Paulo mais uma vez mostram que pararam em algum lugar entre 1964 e 1985. Impedir o exercício da livre expressão dos indivíduos significa retirar dos cidadãos o controle e o poder de decisão sobre os assuntos públicos.
Para a infelicidade dos promotores e desembargadores responsáveis pelo mandado de segurança, o movimento político que se constituiu em torno da Marcha da Liberdade é forte, e não silenciará sua revolta – cada vez mais justificada – frente ao cerceamento das liberdades por parte do poder público. Não perderemos tempo explicando que somos um movimento muito mais amplo do que a Marcha da Maconha, pois certamente não só toda a sociedade sabe disso como também o sabem os desembargadores que proíbem o evento na mais pura má fé. Não reivindicaremos a Constituição, a livre expressão nem a reunião que acordou a realização da Marcha com a Polícia Militar na quinta feira, com presença de diferentes setores do poder público.
Simplesmente gostaríamos de informar que a concentração para a Marcha da Liberdade está MANTIDA para este sábado às 14h, no vão do livre do MASP. Diferentemente do que argumentam os desembargadores Teodomiro Mendez e Paulo Antonio Rossi, a quantidade de movimentos que compõem a Marcha da Liberdade bem como a sua horizontalidade faz com que não seja possível publicizarmos nesse comunicado os exatos rumos que tomaremos nesse dia, que certamente ficará marcado na história como o dia em que a palavra “Liberdade” foi proibida de ser dita. A decisão será feita coletivamente.
Uma coisa é certa: o autoritarismo será respondido. Estaremos nas ruas, que são nossas, de forma pacífica e firme. Governador Geraldo Alckmin e comando da PM, a possibilidade de evitar uma violência que não interessa a ninguém (talvez apenas aos desembargadores) está em suas mãos. O país todo estará pronto para cobrá-los.
“Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta/ não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.” Cecília Meireles