Egito: povo está feliz, mas quer os turistas de volta

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As previsões para este ano para o turismo no Egito eram de que o país iria receber 14 milhões de pessoas. Ao que tudo indica esse número vai desabar. Como amanhã (sexta-feira, 25) celebra-se um mês do início da revolução que levou Mubarak a renunciar e haverá muito a reportar por aqui, o dia de hoje foi estrategicamente separado para visitar Giza, onde estão as principais pirâmides do país (Quéops, Quefrén e Miquerinos) e outras atrações próximas. Não poderia ter sido melhor para quem desejava tranqüilidade, mas para a indústria local do turismo a situação está péssima. Locais acostumados a receber alguns milhares de turistas diariamente (segundo o nosso guia, o simpático Saad Zaki, até 100 mil na alta temporada), hoje não tinham recebido nem uma centena. O turismo corresponde diretamente por 10% do PIB nacional e emprega, também diretamente, 12% da força de trabalho. Indiretamente quase metade da população vive do turismo. Mesmo boa parte da produção industrial e agrícola é direcionada a esses consumidores externos. A agricultura, representa 32% da economia do país; a indústria, 17%; e o setor de serviços, 51%. Essa crise no setor também faz com que algumas pessoas passem a desejar que as coisas se ajeitem rapidamente. “Se essa crise se estender muito a gente não agüenta. Tem muita fábrica que está parando de produzir”, explica Saad Zaak. “E nós que dependemos dos turistas não temos como ficar muito tempo parado.” Por isso ganha força no país a tese de que a melhor solução é deixar os militares no poder por um período de transição até que tudo volte à normalidade e a sociedade tenha se organizado para um processo democrático tranqüilo. Amanhã essa tese será testada nas muitas manifestações que aconteceram no Egito. Hoje já se via um clima de festa nas ruas do Cairo, muito parecido com o dia anterior de uma final de campeonato de futebol. Em todas as esquinas bandeiras do país eram vendidas e muitas pessoas desfraldavam-nas nos carros e caminhando pelas ruas. “Eu estou feliz e sinto que está todo mundo feliz por aqui”, nos disse Saad quando lhe perguntei qual o seu sentimento em relação à revolução. De fato, o povo parece estar muito feliz.