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A vida não está fácil pra quem está trabalhando neste Fórum Social Mundial. E isso não se deve ao fato de o pessoal da organização local ter feito um esforço imenso para que tudo desse certo. Os países africanos, em geral, têm problemas estruturais que dificultam deslocamento, comunicação, alimentação etc. Num evento do porte do FSM essas dificuldades se tornam ainda maiores.
Mas aliado a isso, há algo que às vezes não é considerado pelos participantes do evento e que faz toda a diferença quando o Fórum é organizado, por exemplo, na África. Aqui os governos locais não apóiam a realização do FSM e isso faz muita diferença.
A organização local do FSM, por exemplo, teve um pepino de última hora que acabou sendo fatal para que as atividades se tornassem ainda mais desorganizadas do que já costumeiramente são nos FSMs. A universidade onde o Fórum está sendo realizado teve troca de direção um pouco antes do evento começar. E o novo reitor diminuiu pela metade o número de salas que estavam disponibilizadas para o encontro.
Isso, entre outras coisas, fez com que a programação não pudesse ser fechada e passasse a ser divulgada apenas pela internet no dia do seu acontecimento. Evidente que muitas atividades acabaram sendo canceladas e várias das que acontecerem ficaram esvaziadas.
Muita gente se irrita com isso, principalmente os participantes de fora do continente. Este blogueiro, porém, prefere tratar esse tipo de acontecimento como algo que faz parte do processo de construção do Fórum.
É fundamental que outros encontros altermundistas sejam organizados na África, tanto para que os movimentos sociais locais consigam com esses processos ganhar mais força e unidade quanto para que os movimentos sociais da Europa, das Américas e da Ásia passem a conhecer melhor os desafios e os problemas deste continente profundo.
Há muito o que se aprender na África. E para isso é fundamental que se ampliem as conexões com dos movimentos sociais de outras partes com os locais.
Ontem, por exemplo, visitamos a União Nacional para o Desenvolvimento do Senegal, que atua com desenvolvimento sustentável de projetos principalmente agrícolas a partir de auto-financiamento.
Foi uma visita emocionante. Aproximadamente 60 homens e mulheres esperavam o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jorge Streit para discutir parcerias que pudessem levá-los a instalar Produção Agroecológica Integrada e Social (PAIS) seus empreendimentos.
Metade do grupo era de mulheres. Aliás, elas têm um protagonismo impressionante no movimento social local.
A jornalista Adriana Delorenzo está escrevendo uma reportagem para a o site sobre essa visita que vou lincar daqui a pouco aqui.
O FSM é também muito isso. Conhecer os movimentos sociais de outras partes do planeta e construir novas redes.
Deste FSM, por exemplo, deve sair a decisão de se organizar, muito provavelmente no Brasil, no ano que vem, à época do Rio + 20, o II Fórum Mundial de Mídia Livre.
Já realizamos uma atividade durante todo o dia de ontem onde trocamos experiências sobre a situação do midialivrismo em diferentes países e onde também discutimos o assunto.
Este blogueiro é um dos que está defendendo a proposta de o evento ser no Rio de Janeiro no ano que vem, inclusive, porque após os acontecimentos do Egito e da Tunísia se torna mais do que estratégico discutir essa nova comunicação.
A Assembléia que deve aprovar esse evento vai começar amanhã as 10h daqui, ou seja, 8h do Brasil. Quando ela acabar, postarei sobre o que foi definido.
Outras muitas articulações estão acontecendo nesses dias em Dacar. E isso que faz o FSM, mesmo acontecendo em condições duras e difíceis, ser tão importante para o fortalecimento das lutas mundo afora.