Retrospectiva 2011: Senegal e Egito, contrastes e lutas africanas

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Em fevereiro este blogueiro sujo foi para a África. Primeiro, passou pelo Senegal onde cobriu o FSM. Depois foi para o Egito, onde pôde repercutir a queda de Mubarak. Essas coberturas se tornaram longas matérias na edição 96 de Fórum, mas destaco duas notas produzidas para o blog. A primeira, do Senegal, que trata da diáspora jovem africana. A segunda, do Egito, onde destava a ausência de líderes na revolução vivida no país.  

Senegal, no país da teranga o sonho dos jovens é imigrar

  Baye Mon Talla Samb e Bathie Samb são irmãos. O primeiro tem 28 anos e o segundo 22. Conheci Baye num encontro casual com o meu amigo Antônio Martins, editor do site Outras Palavras, que também está aqui em Dacar. Antônio almoçava um peixe numa das barracas da praia da Pointe de les Almadies e me contou do interesse de Baye de visitar o Brasil, de conhecer Salvador. Hoje (sábado) ao ir à mesma praia encontrei novamente Baye. Ele intermediou a negociação para que eu comesse um peixe numa outra barraca. Depois de alguns minutos o vi dividindo um prato com um outro rapaz, que depois descobri ser seu irmão Bathie. Perguntei se podia tirar uma foto e eles autorizaram. Fazer fotos em Dacar não é algo exatamente fácil. Os senegaleses não gostam de ser retratados. Em geral, viram o rosto, gritam, reclamam. Quando vi que os irmãos tinham sido solícitos com a foto e lembrei-me do que havia conversado com Antônio Martins, resolvi esperá-los terminar o prato e os convidei para tomar um refrigerante e bater um papo. Na conversa conheci melhor o país. Senegal tem 12,2 milhões de habitantes espalhados por 196 mil 712km2. Não é densamente povoado, longe disso. Portugal tem 92 mil 389 km2 e uma população de 10,7 milhões. Ou seja, praticamente metade do território para a mesma quantidade de pessoas. continue lendo  

Egito: quando uma revolução não tem líderes e nem liderados

  Hoje à tarde estava marcada uma grande manifestação na Praça Tarhir, principal palco dos eventos que levaram ao nocaute o ex-presidente Mubarak. Mas o governo de transição, comandado pelas Forças Armadas, afastou alguns ministros remanescentes do governo anterior e isso diminuiu seu impacto. Essa é uma das questões ainda mal resolvidas aqui no Egito, muitos dos que participaram dos protestos e construíram a queda do ex-ditador não aceitam sob hipótese alguma que aqueles que contribuíram com o antigo regime tenham qualquer protagonismo neste novo momento. Mais do que isso, querem que haja uma imediata apuração da corrupção no período anterior, exigem a liberdade de todos os presos políticos e compromissos claros de que um outro Congresso será eleito para produzir uma nova Constituição. Continue lendo