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Quando tudo parece estar perdido, a Big Mídia (filha bastarda do Big Mac, lanche que faz mal à saúde, como a Big Mídia) apela para a SIP. Meu amigo Altamiro Borges explica o que é essa tal sociedade chamada SIP, vale à pena dar um pulo lá no blogue dele.
Não é a primeira vez que alguém da SIP é convocado para desancar Lula e o seu governo. Agora é esse tal de Alejandro Aguirre, presidente atual da tal sociedade, que diz que " Lula é um falso democrata". Aguirre representa na SIP o Diário de Las Américas, de Miami. Não preciso explicar que se trata de um anti-castrista. E por isso a régua que ele usa para dizer que Lula é um falso democrata é a relação do presidente brasileiro com Cuba. Diz o tal Aguirre que esta condição de falso democrata "se tornou evidente com a estreita relação com os irmãos Fidel e Raúl Castro". Hummm, que perigo, hein.
E que também "é justificável pelos vínculos de Lula com líderes eleitos democraticamente mas que estão se beneficiando da fé e do poder que o povo neles depositou para destruir as instituições democráticas”.
Esse povo é de lascar. Escolhe governantes que a SIP não gosta. Deveria sempre votar nos seus candidatos pra eles não terem que ficar falando bobagem por aí.
A questão que me parece mais interessante dessa história é que jornalismo se faz sempre com edição. Ou seja, não é porque um estúpido fala o que bem entende, que um jornal deve dar destaque ao que esse estúpido disse. E Aguirre é um estúpido, o que fica evidente pelos seus argumentos primários. Ao publicar sua frase com tamanho destaque, a Big Mídia brasileira só mostra o quão estúpida também é. Dá destaque a qualquer estupido só porque ele falou mal do presidente da República.
Em Midiático Poder, livro que escrevi sobre o golpe na Venezuela, cito vários exemplos de situações com esse contorno. Entre elas, me recordo de uma que se passou com Ignácio Ramonet. Um estudante estadunidense enviou uma entrevista com Chávez para os jornais venezuelanos onde Ramonet dizia que teria se afastado do presidente venezuelano. E o criticava duramente. Sem ouvir Ramonet alguns jornais publicaram a matéria e deram destaque na primeira página. Simplesmente porque ele criticava Chávez. Quando ficou sabendo da história, Ramonet enviou um desmentido para todos os jornais. Porque não tinha dado a entrevista. Depois o próprio autor da entrevista, também a desmentiu. Disse que se tratava de uma trabalho acadêmico onde estava testando a qualidade da mídia. O desmentido não foi publicado.
Neste caso da entrevista com Aguirre não vai haver desmentido. E o leitor vai entender porque lendo a tradução de um matéria publicada originalmente no site Rebelión e traduzida pelo Página 13.
Trata-se de um artigo do jornalista Jean-Guy Allard. Ele denuncia que o dono dos jornais diários de Honduras El Heraldo e La Prensa, Jorge Canahuati, representante da imprensa de seu país na última assembléia geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), foi o responsável pelo pagamento da campanha de relações públicas nos Estados Unidos destinadas a legitimar o golpe de estado em Honduras.
Allard também mostra as relações da SIP com outros golpistas, como Vivanco do Chile.
Ou seja, se eu fosse Lula eu não perderia meu tempo nem para mandar esse Aguirre plantar batatas. Não vale à pena. As batatas já nasceriam podres.