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Segue a última matéria produzida para a revista Fórum deste mês. Nela, busco resgatar a história da campanha, mas não desprezo os passos iniciais, quando a petista, ainda na Casa Civil, começou a ser tratada como a candidata do governo e constituiu um grupo de comunicação que lhe assessorava. O conjunto de três textos que publiquei em conta-gotas neste fim de semana, como já dito no primeiro post, totaliza 47 mil toques. Não é exatamente aconselhável que se divulgue um "catatau" desses num blog, mas o faço por acreditar que precisamos ir aos poucos desmontando certas teses. Neste final de ano pretendo resgatar reportagens que escrevi para veículos impressos e que considero que merecem re-publicação e ir fazendo isso aos poucos por aqui. Espero que essa nova utilização deste espaço lhes agrade.
Uma campanha repleta de pedras no caminho
O trajeto percorrido por Dilma Rousseff da oficialização da sua candidatura até a vitória foi muito mais acidentado do que o resultado das urnas possa fazer parecer hoje
Por Renato Rovai
A avaliação quase unânime entre analistas políticos é de que a campanha de 2010 foi a menos politizada e, ao mesmo tempo, a mais suja da história recente. Os tucanos vão atribuir esse fato ao governo e ao PT, que, na visão deles, teria produzido dossiês e investigações ilegais. Os petistas dizem exatamente o inverso: que Serra, em eleição, é garantia de baixaria, como afirmou Ciro Gomes. Com um agravante: neste ano, o tucano incluiu no debate eleitoral questões de cunho religioso, produzindo uma mistura explosiva que pode ter consequências bastante perigosas tanto no curto quanto no médio e longo prazos.
Independente de quem venha a ter razão, o processo eleitoral de 2010 produziu consequências que só poderão ser dimensionadas com o tempo. É até possível que tudo seja superado sem maiores traumas, já que o papel de Serra no jogo político pode vir a ser de, no máximo, um figurante sem importância real. Mas pelo discurso que fez depois de anunciada a sua derrota, a sede de sangue pode levá-lo a tentar destruir o governo de Dilma a qualquer preço. Mesmo que deseje isso, ainda é preciso saber se terá força e respaldo para movimentar as peças neste sentido.
Serra e Marina são personagens relevantes dessa eleição, mas a história reserva o papel de destaque aos vencedores. Neste caso, Dilma. A campanha da candidata petista teve muitos momentos-chave. Fórum destaca dez deles.
1 – Os primeiros passos da campanha
Desde o início de 2009, o jornalista Oswaldo Buarim estava na Casa Civil, tendo entre as suas atribuições a de fazer com que a ministra passasse a ter uma exposição maior e, ao mesmo tempo, mais profissional na mídia. Isso por um lado. Por outro, João Santana, que trabalhava para o PT, realizava pesquisas qualitativas para verificar quais eram os pontos fortes e fracos da candidata escolhida pelo presidente Lula. Ainda em 2009, juntaram-se a Buarim, na Casa Civil, Anderson Dorneles e Ricardo Amaral. A trinca tinha o papel de fazer a transição da imagem de Dilma, de ministra do PAC e “gerentona” do governo, para a candidata do presidente de Lula.
Quem também se integrou à equipe foi Olga Curado, que faz assessoria de imagem. Fala-se muito que Buarim era responsável pelo media training, mas não era exatamente esse o seu papel. Quem conhece esse tipo de trabalho diz que tem mais a ver com neurolinguística, algo como preparação para enfrentar o público e se relacionar em momentos de tensão. Não é um media training tradicional.
Mesmo já estando decidido que Dilma era a candidata, tudo era feito de forma muito discreta, até o Congresso do PT. Nas coletivas de imprensa, sempre que indagada sobre a candidatura, ela despistava. Do ponto de vista midiático, a primeira investida como candidata se deu em setembro de 2009, nas emissoras de rádio. Foi Lula quem a aconselhou a falar primeiro com esse segmento. Além de gostar mais de rádio do que qualquer outro meio de comunicação, o presidente considerava que são as emissoras, principalmente as populares, que têm alcance entre o povão. Na avaliação dele, àquela altura, era esse segmento que precisava conhecer Dilma. Ao mesmo tempo em que começou a conceder entrevistas, ela também intensificou a agenda com o presidente da República. Suas aparições em fotos e cenas de TV ao lado do presidente passaram a ser uma constante. Era uma época em que os petistas já brincavam nos bastidores de que ela era a “coroa” do “cara”.
2 - A primeira agenda da campanha
No início de abril, já licenciada do cargo, Dilma tinha de fazer a sua primeira agenda pública como candidata. Mesmo com uma equipe formada, não havia nada preparado e nem um planejamento definido para aquele momento. Foi Dilma quem sugeriu que a campanha começasse por Minas, mais especificamente por Ouro Preto, São João Del Rey e Belo Horizonte.
Ela, ainda ministra, havia recebido um convite para ir a São João Del Rey fazer uma palestra na universidade federal, no inicio daquele mês. Pensou, então, em juntar essa programação com uma visita a Ouro Preto, pois o prefeito da cidade, Ângelo Oswaldo (PMDB), era um velho amigo da época em que cursou o secundário em um colégio estadual de Belo Horizonte. A candidata pensara em finalizar o périplo mineiro na capital do estado, mas enquanto conversava com sua equipe, teve a ideia de visitar o túmulo de Tancredo Neves. Segundo relatos, Dilma teria dito que, para os mineiros, isso tinha um simbolismo muito especial “porque ninguém pode ir a São João sem visitar o túmulo de Tancredo”. Além disso, para ela, a escolha “recuperava sua origem mineira e ratificava a sua tradição democrática”. Assim foi feito.
Os tucanos reagiram duramente a essa incursão de Dilma. O presidente do partido, Sérgio Guerra, assinou uma nota do PSDB, que num dos trechos dizia: “Tardia e mal explicada, a homenagem a Tancredo Neves se reduz a uma encenação com as marcas inconfundíveis da impostura e do oportunismo, presentes em outras passagens da carreira da neopetista Dilma Rousseff”. No comitê da petista, a nota tucana foi encarada como uma vitória. Primeiro, porque não tinha a assinatura de Aécio, que não deu nenhuma declaração contrária à homenagem. Segundo, porque se os tucanos haviam decidido reagir ao périplo mineiro era porque tinham assimilado o golpe de uma agenda bem definida. E não o contrário.
3 - O primeiro debate da Band
Havia muita ansiedade, tanto na militância quanto entre as lideranças dos partidos aliados a respeito de como Dilma se sairia nos confrontos televisivos com Serra, Marina e Plínio, mais experientes que ela neste quesito. Além disso, o candidato tucano havia passado os últimos meses dizendo que a petista era sombra de Lula e não tinha experiência, mas no debate da Band, realizado em 5 de agosto, ele não conseguiu mostrar em nenhum momento que era tão mais preparado que ela. Por isso, foi o grande derrotado. Dilma começou insegura e foi melhorando no percurso do programa, o que ocorreu em quase todos os outros confrontos. Nos debates, ela parecia ir esquentando aos poucos.
Naquele evento, a melhor participação foi sem dúvida a de Plínio de Arruda Sampaio, que, com bom humor, conseguiu ir para as manchetes dos jornais do dia seguinte, tendo seu nome durante quase todo o debate liderando o Trending Topic Brasil do Twitter.
O empate, naquele debate, foi uma grande vitória da candidata petista, porque ali ela sepultava a tese de que não suportaria o enfrentamento com seus adversários.
4 – O início do horário eleitoral gratuito
O horário eleitoral começou no dia 17 de agosto. Na pré-campanha, a expectativa geral era de que a virada de Dilma sobre Serra se iniciasse naquele momento. Porém, nessa data, uma pesquisa do Instituto Vox Populi, divulgada pela TV Bandeirantes, apontava Dilma com 45%, Serra, 29%, e Marina, 8%, considerando-se os votos totais. Nos válidos, Dilma, 55%, Serra, 35%, e Marina, 10%. No sábado, dia 14, o DataFolha apontara 8% de diferença para Dilma em relação a Serra. E o Ibope do dia 16, 11%.
João Santana iniciava o horário eleitoral com um caminhão de melancias para carregar até o dia 3 de outubro. Se nenhuma delas caísse no percurso, a vitória aconteceria já no primeiro turno. No meu blog, apontei que Dilma havia crescido antes do tempo. E que isso poderia ser mais um problema do que uma solução. Muitos leitores consideraram a análise uma aberração. O clima em agosto era de otimismo total.
Os primeiros programas eleitorais só alimentavam essas boas expectativas. A diferença de qualidade entre as produções da petista e a dos outros candidatos era muito grande. Dilma continuou abrindo distância, e no feriado de 7 de setembro, o tracking do IG/Vox Populi apontou a maior distância entre ela e a soma das outras candidaturas. Naquela data, bateu em 56%, Serra despencou para 21%, os indecisos eram 10% e Marina tinha 8%. A avaliação geral era de que a eleição seria encerrada no primeiro turno.
5 – O JN do primeiro turno
Logo na sequência, em 9 de agosto, Dilma Rousseff esteve no Jornal Nacional, abrindo o ciclo de entrevistas realizado pela TV Globo com os três candidatos melhor colocados. Dessa vez, se comportou como uma veterana da política. Estava muito mais segura do que no debate da Band e mostrou que não se intimidaria com questões supostamente difíceis.
William Bonner bem que tentou desestabilizar a candidata, insistindo com perguntas como se ela maltratava ministros e forçando a barra em argumentações questionáveis, como quando comparou o crescimento médio dos últimos oito anos do Brasil com o da Bolívia e do Uruguai.
Nesse momento, Dilma se comportou de forma tranquila e firme. Disse que “com todo o respeito, esses países são menores do que muitos estados pequenos do Brasil.” Ou seja, destacou o óbvio: a comparação era inválida. O que Bonner certamente já sabia antes de formular a questão.
Ainda houve a tentativa de fazer a candidata escorregar com perguntas capciosas sobre as alianças atuais do PT, com grupos que antes criticava. Ela também foi bem nesse momento, não criando constrangimento para os aliados. Diferente de Serra, que saiu do Jornal Nacional sem o apoio de Roberto Jefferson, que na última semana anunciou que votaria em Plínio por conta das declarações do tucano no programa da Globo.
As pesquisas internas do PT mostraram que a postura de Dilma tinha agradado ao eleitorado, que achou que William Bonner tinha exagerado na dose e se tornado hostil na visão dos telespectadores. Na avaliação com seus assessores, Dilma afirmou ao final do encontro: “eu fui lá só para dar uma entrevista, mas aí...” As reticências após o “mas aí” dizem muito. Quando pressionada, Dilma, em geral, se sai muito bem.
6 – Erenice torna setembro o mês do desgosto
A revelação do caso Erenice acontece no fim de semana do debate promovido pela Folha de S. Paulo e Rede TV, no domingo, dia 12. A tensão tomou conta do comitê da candidatura de Dilma naqueles dias. Assessores e articuladores políticos estavam preparados para muitas frentes de denúncia, mas não imaginavam que a bomba poderia vir exatamente da pessoa a quem Dilma confiara a Casa Civil.
Não havia como negar que Erenice Guerra tinha sido sua principal aliada no percurso do governo. As acusações publicadas pela revista Veja davam conta de como a ministra e o seu filho tinham exercido tráfico de influência. A reportagem tinha vários buracos e contradições, mas havia de fato algumas questões que ensejavam maiores explicações. Quando Dilma teve acesso ao papelório, entrou em contato com a ministra. Naquela tarde do sábado, dia 11, conversaram longamente. E no debate da noite de domingo, a candidata, ao ser provocada por Serra sobre o caso, anotou uma frase que apontava que o caso tinha potencial para provocar estragos. “Eu não vou admitir que eu venha a ser julgada pelos erros do filho de uma ex-assessora.”
Na semana que se seguiu, a ministra Erenice emitiu uma nota à imprensa, na qual, entre outras coisas dizia: “Sinto-me atacada em minha honra pessoal e ultrajada pelas mentiras publicadas sem a menor base em provas ou em sustentação na verdade dos fatos, cabendo- me tomar as medidas judiciais cabíveis para a reparação necessária. E assim o farei. Não permitirei que a revista Veja, contumaz no enxovalho da honra alheia, o faça comigo sem que seja acionada tanto por danos morais quanto para que me garanta o direito de resposta”.
Ao saber desse comunicado da ministra, Lula, que já havia percebido na conversa que tivera com ela que havia muita coisa a ser explicada, não teve dúvida: solicitou que Franklin Martins fosse comunicá-la que receberia de bom grado sua carta de demissão. Porém, o caso Erenice já começava a provocar uma erosão na base de Dilma. Ela começava a perder votos, principalmente na classe média. E no comitê da campanha, muitos já faziam as contas de quantos votos por dia ela teria de perder para a eleição não ser definida no primeiro turno. A piada mais ouvida era: “é capaz de chegar o Natal e não chegar o dia 3 de outubro”.
7 – O fator Deus e a desconstrução pela internet
A segunda quinzena de setembro foi um deus nos acuda para a campanha petista. A coordenação, composta por José Eduardo Dutra, presidente do PT, Antônio Palocci e o deputado federal José Eduardo Cardozo, em conjunto com o marqueteiro João Santana, errou feio nas avaliações daquele período. Em setembro, a agenda de Dilma se concentrou mais em preparação de debates e gravações para o programa de TV do que em atividades de rua, que foram praticamente abandonadas. Várias iniciativas de petistas de base também eram desestimuladas com a seguinte mensagem: “tá tudo tranqüilo, companheiro.”
A blogosfera progressista começou a alertar para dois movimentos perigosos. O primeiro, dizia respeito a uma campanha estimulada por profissionais, para desconstruir Dilma pela internet. As mensagens com falsas histórias a mostravam em fotos com armas, traziam um falso processo judicial de uma empregada doméstica, com a qual ela teria tido uma relação conjugal por 15 anos, o pacto de satanismo do seu vice, Michel Temer, além de muitas mensagens que abordavam sua defesa do aborto até os nove meses de gestação.
O blogueiro Rodrigo Vianna foi o que mais insistiu de que essas mensagens tinham ganhado os púlpitos e que, nas igrejas evangélicas e católicas, padres e pastores pediam o voto anti Dilma. A coordenação da campanha ignorou todos os alertas, e a soberba era tanta que, na sexta antes da eleição, a equipe de João Santana fez uma festa comemorando o sucesso da empreitada e, ao mesmo tempo, de despedida da campanha.
O presidente do PT também passou a não atender mais telefonemas no fim do primeiro turno. Algumas lideranças, principalmente ligadas a movimentos populares e a sindicatos, desejavam fazer um esforço na reta final e distribuir jornais e panfletos dialogando com as acusações contra Dilma, por considerarem que Marina havia crescido muito e poderia levar a eleição para o segundo turno. Mas a frase: “tá tudo tranqüilo, companheiro” era repetida como um mantra.
O próprio Lula reclamava da perda de ritmo da campanha na segunda quinzena de setembro. E “deu um sacode” na coordenação, dizendo que havia avisado sobre os riscos, quando a apuração, no dia 3 de outubro, sinalizou que Dilma iria para o segundo turno.
8 – Segundo turno: a campanha entra em parafuso
A imagem de Dilma, quando concedeu a primeira entrevista depois do primeiro turno, dava a dimensão do quanto aquele resultado não era esperado. Ela estava com aspecto cansado e semblante de derrotada. Na noite anterior, porém, Lula já havia pedido para que a coordenação da campanha ligasse para todos os governadores e senadores aliados eleitos, além de presidentes de partido e personalidades políticas. Ainda naquela noite, o presidente também ligou para José Dirceu e lhe solicitou que participasse mais das articulações no segundo turno, pois esperava uma disputa renhida.
A reunião com os eleitos foi boa. Dilma fez um discurso sereno e disse que estava ali mais para ouvir os presentes do que para falar. Muitos governadores fizeram ponderações, que em geral apontavam para o fato de que ela precisava ir mais ao povo. Fazer uma campanha mais solta. Eduardo Campos (PE) e Marcelo Deda (SE) fizeram as intervenções mais elogiadas. Campos ressaltou que a campanha governista iria precisar se reconciliar com uma faixa do eleitorado, principalmente com setores da classe média e do campo religioso. Na terça pela manhã, Dilma ainda viria a se reunir de novo com Cid Gomes, Marcelo Deda, Wellington Dias e Eduardo Campos. Eles novamente a incentivaram muito a sair da redoma que havia sido criada em torno dela e ir mais para as ruas. Entre outras ações, isso fez com que a campanha deixasse de colocá-la nas coletivas, falando do paliteiro (que parece um púlpito), e que também ampliasse suas caminhadas e ações de rua. As fotos de Dilma, envolvida pelo povo, são todas do segundo turno.
Mas, mesmo assim, as coisas não caminharam como esperado na primeira semana, e Dilma foi para o debate da Band, realizado no domingo, dia 10, com a água no pescoço. As pesquisas internas já apontavam uma redução da sua diferença para apenas 4 pontos de vantagem em relação a Serra.
9 - Debate da Band
Dilma teve uma reunião, no sábado 9, com a sua coordenação de campanha, para definir qual seria a estratégia a adotar naquele momento. A coordenação já estava mais ampliada. Marco Aurélio Garcia e o ministro Alexandre Padilha, além de Ciro Gomes, também davam “pitacos”.
Há quem diga que, na definição da estratégia, João Santana e Antônio Palocci foram votos vencidos em relação aos riscos de um discurso mais incisivo naquele evento. Outros garantem que o tom da abordagem foi proposto pela própria Dilma e contou com a concordância de todos.
O fato é que a petista surpreendeu Serra no debate. O tucano deixou sem resposta, por exemplo, a cobrança que lhe foi feita em função de uma frase dita por sua esposa, Mônica Serra, de que “Dilma mata criancinhas”. E também fez de conta que não ouviu quando a petista colocou na roda o nome do engenheiro Paulo Preto. Ainda colocou naquele debate a discussão das privatizações, chamando a atenção para o fato de que a Nossa Caixa havia sido vendida na gestão dele, no governo do estado, e relembrando a declaração de FHC, em uma entrevista concedida ao jornalista Augusto Nunes, na qual o ex-presidente disse que o Serra era quem mais queria privatizar no seu governo. Ao defender os programas sociais do governo Lula, alertou a população para o fato de que poderiam não ter sequência em uma eventual gestão Serra, porque ele até teria interrompido programas iniciados por Geraldo Alckmin, quando assumiu o governo do estado.
Dilma mudou a campanha do segundo turno naquele debate. Além de dar gás para a militância sair às ruas, ela ajustou a rota do programa de TV com seu desempenho. No dia seguinte, João Santana fez um programa inteiro utilizando apenas imagens do confronto. E nos dias que se seguiram, tudo passou a ser comparação no horário eleitoral da petista.
A campanha saía das cordas e passava a dar o tom. O desempenho de Dilma naquele debate mudou o rumo das eleições. O aborto deixou de dominar a agenda. E a vitória ficou mais fácil dali em diante.
10 – A militância e os momentos finais
A campanha do segundo turno ainda teve outros momentos importantes, mas do debate da Band em diante, Dilma cresceu o suficiente para ter tranquilidade. Foi ampliando sua vantagem com constância até estabilizar no patamar de 12 pontos, diferença que acabou se confirmando no dia 31. Entre os momentos que merecem registro, destaca-se o ato dos artistas no Rio, que aconteceu no mesmo dia da segunda entrevista ao Jornal Nacional, na qual Dilma de novo se saiu bem.
E também não se pode deixar de lembrar do ataque da bolinha de papel. Serra buscou criar um factóide para se vitimizar, mas o tiro saiu pela culatra. O episódio acabou se tornando piada tanto na internet como nas conversas de rua.
Uma eleição não se decide apenas em um ato. Há muitos elementos que determinam o resultado final. Nessa, porém, dificilmente sem a militância espontânea que cresceu de maneira avassaladora no segundo turno e enfrentou de forma corajosa a disputa tanto nas ruas quanto na internet, ela poderia não ter sido eleita. Mas seria injusto não dizer que isso também se deve à candidata, que superou todas as expectativas. Nos momentos em que foi exigida, Dilma se mostrou preparada, tanto para a disputa como para o cargo que almejava. E também por isso, a militância esteve com ela.