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O debate sobre o aborto é apenas uma subpauta da campanha que os marqueteiros de Serra e a mídia tradicional comercial estão operando contra a candidatura de Dilma. O que está em jogo é desconstrução de sua imagem. E o aborto é a cereja do bolo.
O que a marquetagem de Serra quer provar é que Dilma é uma mulher má, alguém que não merece a confiança do povo brasileiro. Querem mostrar que ela não tem história e que Lula se enganou ao escolhê-la para ser sua sucessora.
Como parte desta operação as acusações são de que Dilma é terrorista, assaltante de banco, defende o aborto, não é religiosa e por isso disse que nem Cristo poderia impedir sua vitória no primeiro turno.
Além de ser também lésbica e estar sendo processada por sua ex-empregada doméstica que teria sido sua amante.
Faz parte dessa campanha o Serra com aquelas bonequinhas típicas russas, as matriuskas. As de Serra têm outra dentro: deputado, senador, prefeito e governador. A de Dilma aparece vazia. É isso que a campanha de Serra escolheu para seu eixo de segundo turno. Dizer que a disputa é Dilma e Serra e que ela é má e ele é do bem. Lembram do jingle: “Serra é do bem”. Esse é jogo.
Por isso, não vai ser comparando os governos FHC e Lula que derrotará esse discurso.
Isso pode ser feito, mas só isso é pouco.
A campanha precisa defender Dilma e mostrar que ela é muito melhor do que Serra. Que é do mal. E por isso faz campanha dizendo que é do bem.
Aliás, que tal um ator perguntando nas inserções publicitárias: "Será que alguém que é do bem precisa ficar dizendo isso o tempo todo? Será que quem fica falando que é do bem não é exatamente por que é do mal. Pense nisso."
E como se pode mostrar que Serra não é do bem. Por exemplo, apresentando as cenas das bombas jogadas contra professores do estado de São Paulo, a guerra entre Polícia Civil e Polícia Militar, também de São Paulo, as desocupações de favela, a tragédia da enchente que durou 3 meses sem assistencia no Bairro Pantanal , os preços absurdos dos pedágios, a crise da educação em São Paulo, a privatização dos bancos e das energéticas em São Paulo. Além disso dá pra mostrar como era o salário mínimo no governo FHC quando ele era o ministro do Planejamento e do que FHC chamava os aposentados. E como ele não falou nada quando o FHC chamou os aposentados de vagabundos.
Além disso, é preciso mostrar que os tucanos e o DEM foram e ainda são contra o bolsa família e programas como o Prouni.
Por outro lado, a Dilma precisa ser melhor apresentada para o povão. Eles precisam ter segurança de que não estão fazendo uma aposta arriscada. Não basta mais o Lula falar da Dilma. Agora outras lideranças precisam avalizá-la. Dizerem por que o Lula tem razão ao escolhê-la para sucessora. E ao mesmo tempo seria bom que dizessem que ela é muito melhor do que o Serra.
Pessoas como José de Alencar (ele precisa ir urgente pra TV e falar com os mineiros para dizer que os mineiros têm a chance de ter uma presidente mineira) e Sérgio Cabral. Não esqueçam de uma coisa, se o Serra não ganhar em Minas e no Rio ele não ganha a eleição de jeito nenhum.
Mas também é preciso colocar o Ciro Gomes pra falar (de novo), o Eduardo Campos e o Jacques Wagner. Eles podem dar o seu aval nordestino que Dilma precisa. Como também é bom colocar o Requião e o Tarso Genro para dizer porque Dilma foi importante para o desenvolvimento do Sul. E como ela pode ser ainda mais importante se eleita presidenta.
Bom ainda temos dois nomes de fora do PT e da esquerda que poderiam dar seu chamego a favor de Dilma, Eduardo Braga, do Amazonas e mesmo o Mauro Blaggi, do MT.
Líderes religiosos...bem, talvez fosse legal levar o Crivella e o Chalita pra TV. Mas melhor ainda seria levar o Leonardo Boff pra dialogar com eles e com os eleitores da Marina.
Também é hora de conversar com os artistas e intelectuais. E de colocar os líderes sindicais pra falar como seria desastroso pra o Brasil um outro governo do PSDB. Lembrar aos trabalhadores como nos governos deles a coisa se torna terrível. Lembrar como era o desemprego em tempos tucanos e das dificuldades pra se conseguir um aumento de salário. É aquele Brasil que os trabalhadores querem?, podem perguntar Arthur da CUT, Paulinho da Força etc.
É importante também buscar o apoio de Marina Silva. Ela deu sinais de que se o PV insistir com Serra pode apoiar a petista. Esse seria o melhor dos mundos pra Dilma, mas não é algo com o que se possa contar.
E a campanha de Dilma tem que utilizar o que tem.
E Dilma tem currículo e apoios suficientementes fortes para peitar o ex-governador de São Paulo.
E a campanha de Dilma também não pode se esquecer: Serra é do mal.