Livro sobre a AP aborda passado marxista e revolucionário de Serra

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Ricardo Azevedo vai lançar no sábado, dia 6, às 11h, no Memorial da América Latina, o livro "Por Um Triz, Memórias de um Militante da AP". A AP no caso é a Ação Popular, organização de esquerda revolucionária na qual Azevedo militou de 1968 a 1980 e que e se reivindicava de inspiração Leninista, Marxista e Maoísta. Ricardo Azevedo foi do Comitê Central e do Secretariado Nacional da organização clandestina e conviveu de perto com alguns personagens centrais da atual política nacional. Entre eles, José Serra. “Quando chego ao Chile, em junho de 72, quem me recebeu e era o principal representante da Ação Popular no país foi o José Serra. Curioso é que a biografia que ele apresenta no seu programa de TV dá a entender que ele só estudou no exílio. Até 73 ele foi militante da AP”, garante Ricardo Azevedo. Azevedo diz ainda que a AP além de ser uma organização de inspiração marxista, leninista e maoísta também defendia a luta armada. “Eles falam que a Dilma foi da VAR-Palmares, terrorista etc. e eu acho que isso foi uma qualidade dela. Mas o Serra também foi até 1973 de uma organização que defendia a luta armada. Hoje ele até pode dizer que naquele momento já não concordava muito com aquilo, até acho que não concordava mesmo, mas por oportunismo ele mantinha o vínculo.” Segundo Azevedo, Serra só veio a se "desligar" da AP depois do golpe militar de Pinochet, quando saiu Chile e foi se exilar nos EUA. “Na verdade ele nunca se desligou, ele se afastou, perdeu o contato”, revela. “No Chile, nossa base da AP tinha 10 pessoas, entre elas o Serra e o Betinho”, relembra. “E lá a gente era próximo ao Movimento de Ação Popular Unitária (MAPU) cuja representação era de uns 5% dos votos e indicava até ministros no governo de Allende. E a principal ponte da AP no Brasil com o MAPU do Chile era o Serra. Ele era uma pessoa importante naquele contexto, a principal pessoa da organização no país.” Azevedo é filiado ao PT e foi presidente a Fundação Perseu Abramo por 12 anos, mas suas divergências com Serra não surgiram apenas no pós-abertura, já se davam no exílio. “Num dado momento a gente rachou na base de Santiago. Na época, já tinha consciência que ele não tinha muito a ver com o que a organização defendia no Brasil. Ele apontava para um caminho social-democrata e nós nos mantínhamos marxistas. Também tínhamos divergências no tocante ao processo chileno. Houve um racha no MAPU e eu fiquei de um lado e ele do outro”, conta. Por incrível que pareça a história que Serra vive repetindo de que sempre quis ser presidente da República, parece ser de fato uma obstinação. “Na época já era perceptível que ele tinha grandes pretensões na política brasileira. A gente até brincava que ele queria ser presidente do Brasil. Quando falávamos isso, morríamos de rir, porque naquele contexto de 72 e 73 parecia uma coisa impossível.” Além de Serra, Azevedo vai contar no “Por Um Triz” histórias que viveu na AP com personalidades políticas como Aloysio Mercadante, o ministro Franklin Martins, os deputados federais José Anibal e Arnaldo Jardim e o saudoso Betinho. Depois do golpe contra Allende, Azevedo ficou preso 1 mês no Estádio Nacional e conseguiu escapar para a França, onde continuou sua militância. “Na França eu, da AP, o Franklin Martins, do MR8, e o Éder Sader, que era da Polop, lançamos a revista Brasil Socialista que teve nove edições. Ela circulava na França e no Brasil.” Amanhã, Ricardo Azevedo vai contar com mais detalhes essas e outras histórias a partir das 15h no 48h democracia, que o amigo navegante pode assistir aqui no blogue ou no www.48hdemocracia.com.br