Escrito en
BLOGS
el
A história do suposto aborto de Mônica Serra, que evitei nos últimos dias, agora é pública. Desde o debate na Band que o assunto ganhou o twitter. Começou com a coreógrafa Sheila Ribeiro denunciando pelo seu Facebook que Mônica Serra havia revelado o caso numa aula da Unicamp.
Depois o site NovaE, do qual sou admirador, por uma apuração errada informou que o Facebook de Sheila se tratava de uma página fake, provavelmente criada por um tucano que queria jogar essa história no colo da campanha da Dilma.
Sinceramente, quando vi a página no Facebook e a matéria da NovaE, achei que de fato era uma armação. Mas alertado por um ator amigo que conhece Sheila Ribeiro, comecei a apurar a história.
Tive a certeza já na segunda à tarde de que as evidências apontavam para um caso a ser investigado. Mas decidi sair da pauta porque ela não combina com o trabalho que realizo.
Tem gente que cobre polícia, outros que gostam de reportagens esportivas e gente mais preparada para tratar de questões como essa. Não estou dizendo com que o assunto não era relevante e que não mereceria tratamento jornalístico. Até porque quem tornou a questão do aborto num tema de campanha foi exatamente Mônica Serra, numa caminhada na Baixada Fluminense, ao acusar a candidata Dilma de matar criancinhas.
Se ela não tivesse feito isso, seria contra a publicação da matéria e mesmo depois de Serra ter feito todo esse alvoroço sobre o tema da descriminalização. Sei que tem muito jornalista que pensa diferente. É uma questão polêmica.
Depois do zunzunzum no twitter, o primeiro veículo a dar caráter jornalístico ao tema foi o Correio do Brasil. Trata-se de um jornal que conheço há algum tempo. O seu diretor, Gilberto de Souza, foi cuidadoso ao levantar o assunto.
Entrevistou, além de Sheila Ribeiro, outras colegas da coreógrafa que haviam participado da aula onde Mônica revelara o aborto feito quando ainda vivia no Chile. Gilberto também tentou ouvir Serra e sua esposa, mas, como Mônica Bergamo, não obteve sucesso.
Ontem, conversei com Gilberto de Souza , depois que um amigo jornalista me ligou pra uma entrevista. A pauta dele era o que eu, como diretor da Altercom, achava sobre o fato de a campanha ter ganhado um nível tão baixo.
Ele dava exemplos dos emails apócrifos contra a Dilma e deste caso do aborto de Mônica Serra, que estaria sendo, segundo ele, divulgado numa página da internet criada para isso.
Corrigi a informação sobre o Correio do Brasil, que não foi criado para isso, e fiquei intrigado com a dimensão que o caso havia ganhado.
Passei, então, a procurar os amigos da blogosfera. Liguei pra muitos dos “blogueiros sujos” que vocês conhecem bem. Quase todos já tinham levantado informações sobre o tema, mas estavam receosos em torná-lo público. Cada qual com um motivo.
A Conceição Oliveira, do Viomundo, que vai publicar a matéria em breve, tinha, inclusive, realizado uma grande entrevista com a Sheila Ribeiro.
À noite fiquei sabendo que a Mônica Bergamo tinha conversado com a Sheila e que a matéria poderia ser publicada na Folha, o que aconteceu.
Publico a seguir todos os links das matérias para que o leitor entenda melhor o caso: Nova E, Correio do Brasil 1 e 2 e Folha de S. Paulo para assinantes (quem não for pode ler a matéria nos comentários). Acho também relevante dar uma olhada no Paulo Henrique Amorim.
Por fim, peço desculpas às dezenas de leitores que me enviaram insistentes comentários que não publiquei nesta semana me solicitando que republicasse a reportagem do Correio do Brasil e me posicionasse sobre o assunto.
Espero que a matéria de Mônica Bergamo seja suficiente não para transformar essa questão do aborto em tema ainda mais central na campanha, mas para tirá-lo completamente da pauta.
Também espero que a campanha de Dilma tenha a dignidade de não tratar do assunto. É melhor para o país que isso se restrinja ao campo jornalístico, não ao debate político.