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Passar a infância em uma cidadezinha do interior pode ser muito divertido para um menino curioso, na década de 1950.
Por Mouzar Benedito*
Acreditem: meu novo romance, “O mistério do obelisco”, pode ser lido até por crianças: não é cheio de safadezas como uns que andei escrevendo.
Em vez de “falar” sobre ele, vou repetir aqui o que a Célia e eu escrevemos nas suas (dele) orelhas.
Aí vai:
Passar a infância em uma cidadezinha do interior pode ser muito divertido para um menino curioso, na década de 1950.
Os meios de comunicação restritos – não havia televisão e poucos moradores tinham rádio – e o acesso à informação precário deram um trabalho danado ao menino que queria respostas. Descrevendo o cotidiano ingênuo daquele tempo, o autor nos remete a um cenário terno e afetuoso, fazendo-nos sentir saudade de uma época que só podemos imaginar.
Narrado de forma leve e bem-humorada, essa história nos revela muito da personalidade do hoje homem que foi aquele menino.
Célia Regina Talavera
“Pueril”. Com uma só palavra, a Célia, minha mulher, disse o que achou quando acabou de ler os originais deste romance. A história é contada por um menino de 7 anos de idade, que vivia nos confins de Minas Gerais, numa cidade tão pequena que os próprios moradores chamavam de Vila, em meados dos anos 1950. Sim, há muita ingenuidade nele. Perguntei a ela: “Vale a pena publicar?”. E sua resposta foi a lembrança de uma placa numa pequena casa comercial da avenida São João, em São Paulo, há uns trinta anos: “Vende-se lingüiça de porco para quem gosta de lingüiça de porco”. Quer dizer: tem quem goste. E não é pouca gente. Alguns livros do angolano Ondjaki têm uma ingenuidade e um estilo que emocionam e são extremamente bons de se ler. Aliás, foi depois de ler Ondjaki que me senti compelido a escrever este livro.
Assimilei algo dele: juntar os nomes e sobrenomes ou apelidos das pessoas, transformando-os em uma só palavra.
Enfim, viajei no tempo e me tornei um menino contando esta história. Gostei muito de ter feito isso. E se a Célia o considerou “pueril”, pensando bem, era o que eu esperava. E espero que os leitores entendam isso e gostem.
MB
Ah, não estranhem o trema na palavra “lingüiça”. É de propósito. Acho que o acordo ortográfico que tirou o trema e alguns outros acentos é, no mínimo, infeliz. Mantive o trema e também o acento agudo em palavras como véia, idéia...
E vejam também o que colocamos na contracapa:
Afinal, por que existe aquele obelisco? E o que tem dentro dele, ou debaixo dele? O menino curioso vai se deparar com muitos questionamentos, como esses:
— Já pensou se o ChefeDosMudos arrebentar o obelisco e sair mandando a mudaiada fazer uma revolução? — perguntei ao Curnica, por brincadeira.
— Eu acredito mais é que tem um disco voador debaixo dele... Os mudos têm uma coisa que o meu pai chama de sexto sentido, é por isso que ficam rodeando o obelisco.
— E se sair o disco voador voando? Vai ser uma zoeira danada.
— ... A Justiça está enterrada, e bem enterrada. E é aqui na Vila! Enterraram ela naquele jardim da frente da igreja, aqui na praça mesmo. E pra ela não escapar, puseram bastante peso em cima. É aquele obelisco. Se um dia ele cair, a Justiça pode escapar... Ela não morreu de vez, só fica ali dormindo... E se acordar, pode pegar muita gente por aí tudo.
— E fincar essa espada? — perguntei.
— Isso... E cortar a cabeça...
Lançamento: o livro vai ser lançado no dia 5 de fevereiro, a partir das 19 horas, no Bar das Empanadas (Rua Wisard, 487 - quase esquina com a Fradique Coutinho - Vila Madalena, São Paulo), e não deve ser vendido em livrarias. Com 240 páginas vai custar apenas R$ 30,00. Quem mora fora de São Paulo pode encomendar que mandamos pelo correio, acrescentando a despesa do correio. As encomendas podem ser à Editora Limiar ou a mim mesmo, diretamente, pelo e-mail mouzarbenedito@yahoo.com.br
*Mouzar Benedito, mineiro de Nova Resende, é geógrafo, jornalista e também sócio fundador da Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci)
Foto: Reprodução