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Calor! Calor! Calor!
Mais de trinta graus em São Paulo. Insuportável. Até as pessoas – entre as que eu conheço – que mais detestam o frio e as chuvas estão torcendo pra chover e esfriar.
Mas já estive em cidades bem mais quentes no Brasil. De calor úmido, eu me lembro de um janeiro em Corumbá, no atual Mato Grosso do Sul. Ficava o dia inteiro suando, parecia que tinha entrado debaixo do chuveiro, pois minhas roupas, camisa e calça, ficavam ensopadas.
Olhava para os moradores da cidade e via que eles não estavam tão ensopados quanto eu mas não havia um só homem com a camisa seca nas costas. Suavam bastante também.
Para sair da pensãozinha que ficava pertinho do centro. Caminhava uns cem metros, parava num bar e tomava uma cerveja, caminhava mais cem metros e tomava outra cerveja...
Para dormir, não usava a cama. No quarto cimentado, punha o lençol e o travesseiro no chão e conseguia pregar os olhos mas logo acordava suando, com o lençol todo molhado. Pegava um litro de água na geladeira e bebia todo ele, no bico.
De calor seco, também num mês de janeiro, eu me lembro de Picos, no Piauí. Um sol que queimava e a umidade do ar era bem baixa.
Viajando quase sem dinheiro, tinha que dormir em pensões bem baratas. Claro que não tinham ventilador. Mas o pior era um mosquitinho chamado potó. Ele não pica a gente. Ele urina na gente, e a urina dele é um ácido que provoca feridas doloridas.
Se fechasse a janela, não entrava potó, mas o calor ficava mais insuportável. Se abrisse, ventilava um pouco, mas com a brisa vinham nuvens de potós.
Outro lugar quente é Palmas, capital do estado de Tocantins. É uma cidade planejada, que cresce muito, mas ainda não está completa. Tudo é muito espaçoso, a começar por uma praça de mais de quinhentos mil metros quadrados.
Logo que cheguei lá, queria conhecer duas coisas no meio dessa praça: um monumento aos 22 do Forte, episódio do Movimento Tenentista que aconteceu no Rio de Janeiro no início do século XX, e um Memorial da Coluna Prestes, construído – vejam só – por Siqueira Campos, primeiro governador do estado, homem reconhecidamente de direita, mas segundo ele mesmo dizia, quando jovenzinho tinha havia sido estafeta da Coluna Prestes. E a Coluna passou duas vezes pelo local onde hoje é a cidade, uma vez quando subia em direção ao Nordeste e depois, na volta, rumando para o exílio na Bolívia.
Quando me informei da distância do hotel em que fiquei, pertinho dessa praça, até os monumentos, vi que não era possível ir a pé, com o sol de 39 graus à sombra, e a distância relativamente grande naquela praça enorme. Tive que ir de táxi até eles.
Uma cidade que sempre tive curiosidade de conhecer em Tocantins era Porto Nacional, não muito longe de Palmas. É uma cidade “antiga”, que aparecia isolada no norte de Goiás, antes da divisão do estado, nos mapas de umas décadas atrás. Estive lá também, e peguei mais de 41 graus.
Curioso é que sentia o sol quente, queimava, mas era respirável. O calor me incomodava menos do que trinta graus em São Paulo. Ar limpo, ventilação, ausência de poluição, essas coisas ajudam...
Por fim, ainda falando do calor, estive uma em Roraima, e quando desci do avião em Boa Vista, em pleno verão, o calor estava por volta de 34 ou 35 graus.
Comentei com o taxista sobre o calor e ele me disse:
– No verão até que é bom... Calor ruim mesmo é no inverno.
Dei uma risadinha sem falar nada. Aqui, verão é sinônimo de calor, inverno é frio. No norte do Brasil, verão é calor, mas sem chuva ou com pouca chuva. Inverno também é calor, só que com muita chuva, e aí sim, a gente sente mais o peso do ar quente.