Brasil, parceiro menor do imperialismo?

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 “O Brasil não é um império, como os Estados Unidos, e não tem razão para ser parceiro júnior de um, especialmente em empreendimento tão brutal e censurável. Isso contraria tudo o que representam Lula, Dilma e o PT.”  Sabe quem falou isso, em relação à manutenção de tropas brasileiras no Haiti?  Algum militante do PSOL? Ou será do Partido da Causa Operária? Ou será, ainda, do PSTU?  Nada disso. Foi um gringo legítimo, codiretor de um centro de pesquisas econômicas e políticas de Washington, que começou a escrever na Folha de S. Paulo esta semana. O nome dele é Mark Weisbrot. É bom para lembrar que nem todo gringo é direitista babão.  Ele lembra em seu artigo que as tropas estrangeiras foram chamadas para ocupar o Haiti há sete anos, depois que os Estados Unidos a deposição de um presidente legalmente eleito, Jean-Bertrand Aristide.  Cerca de 4 mil haitianos foram perseguidos e mortos no período que se seguiu ao golpe patrocinado pelos Estados Unidos, enquanto as tropas da ONU “mantinham a ordem”.  O Brasil já viu esse filme antes, mas não assimilou, não aprendeu, ou finge.  Na mesma ilha, os Estados Unidos já cometeram ato semelhante e levaram tropas brasileiras como cúmplices, em 1965. Mas foi na outra metade da mesma ilha chamada Hispaniola, a República Dominicana.  Naquela época Juan Bosch ganhou uma eleição legítima, depois da queda do ditador Rafael Trujillo, e os Estados Unidos não gostaram. Alegando que a República Dominicana poderia virar uma nova Cuba no continente, o presidente Lindon Johnson determinou a derrubada dele, com o apoio da OEA.  O Brasil, naquele tempo de ditadura submissa aos gringos, mandou 1.200 soldados para lá, para apoiar o imperialismo contra um presidente legítimo. As tropas foram mandadas pelo marechal Castello Branco, pouco mais de um ano depois que ele se tornou ditador com o golpe apoiado pelos EUA. O general Meira Mattos comandou as tropas brasileiras.  Lá, as tropas da OEA se juntaram a militantes de direita para combater os legalistas que queriam restaurar o governo Bosch. Foi uma coisa muito ruim.  Agora, numa tão proclamada fase democrática, o Brasil quer se mostrar um país influente no mundo, e marca presença de diversas maneiras por toda parte. Em vários casos é uma presença positiva, com ajuda real a povos necessitados.  Mas a sede de crescimento de seu papel no mundo tem também outros riscos, como o de empresas brasileiras que vão para outros países como as multinacionais do tal “Primeiro Mundo”, com um sentido de exploração mesmo. Em alguns países já há protestos contra isso, já têm medo de um “imperialismo brasileiro”.  A questão do Haiti é complexa, mas o Brasil fecha os olhos para o significado dessa ocupação estrangeira no país. Como disse Weisbrot, o governo derrubado com auxílio dos EUA foi legalmente eleito. Só não era submisso aos gringos, e isso desagradou o império.  Nós não temos nada com isso, e se tivéssemos deveria ser em apoio ao presidente eleito.  Para piorar, as forças da “Minustah” – que segundo nos informam foram para lá para manter a paz – levaram vibriões do cólera para os haitianos. Há 380 mil haitianos contaminados, e 5.800 já morreram! E quem protesta contra isso é chamado de “terrorista”.  Os brasileiros são hoje respeitados no exterior. Mas se o caminho for esse, como pupilo do império gringo, logo-logo seremos vistos como uma opção imperialista. E excomungados por onde passarmos.  Esse não é o caminho para uma nação que se preza. Presença no mundo sim, mas uma presença decente. Não podemos fazer com os outros povos o que os imperialistas europeus e norte-americanos fizeram com o Brasil.