Viracopos e o Teatro da Sogra

Escrito em Blogs el
Mineiro de Nova Resende, é geógrafo, jornalista e também sócio fundador da Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci).
Uma briga besta começa em Campinas, por obra do deputado federal Nelson Marquezelli, do PTB paulista. Ele apresentou um projeto de lei propondo a mudança do nome do aeroporto de Viracopos para aeroporto Orestes Quércia. A família de Carlos Gomes chiou:  Quércia nem é de Campinas. Quem merece a homenagem é o maestro Carlos Gomes, autor, entre outras coisas, da ópera O Guarani. Marquezelli respondeu que Carlos Gomes seria um bom nome para teatro, que aeroporto tem que ter nome de político. Talvez ele tenha se inspirado em puxa-sacos de Antônio Carlos Magalhães, na Bahia, que mudaram o nome do Aeroporto 2 de Julho para Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães. Foi, a meu, ver, um verdadeiro crime contra a história baiana. Dois de Julho é a data conhecida como de “Independência da Bahia”, porque em 1823, nesta data é que os portugueses que resistiam à Independência no estado foram derrotados e se consumou a inclusão da Bahia no Império brasileiro. Então, mesmo que achasse merecedor de homenagens o deputado filho do Toninho Malvadeza, como era conhecido Antônio Carlos Magalhães, o ACM, mudar o nome do aeroporto para o nome dele é uma coisa que até muita gente não engole na Bahia. Outros aeroportos foram vítimas de homenagens semelhantes, com pessoas talvez mais merecedoras do que o filho do Malvadeza, mas mesmo assim acho injustas e babacas. É o caso do Aeroporto do Galeão, que virou Antônio Carlos Jobim e do Aeroporto de Cumbica, que ganhou o nome do ex-governador Franco Montoro. Que os aeroportos continuem com seus nomes tradicionais. Galeão, Cumbica, 2 de Julho e Viracopos – que não deveria ser objeto de homenagens nem ao músico nem ao político, mas manter o nome pelo qual é conhecido. Carlos Gomes é mesmo um bom nome para teatro, e Orestes Quércia também é. Ele constuiu um teatro de óperas em Araras só para agradar a sogra que disse sonhar assistir a uma ópera encenada em sua cidade. O elefante branco ficou conhecido como “Teatro da Sogra”. E virou palco de shows que não tem nada a ver com óperas. Eis aí, então, deputado Marquezelli: sugiro que proponha à grande obra do ex-governador o pomposo nome “Teatro da Sogra Orestes Quércia”.
Logo Forum