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As imagens abaixo [ver postagem ao final do texto] são, pela ordem, o selfie coletivo de policiais cariocas a exibir Rogério 157 (chefe do tráfico da Rocinha) na manhã da quarta (6), a soldado norte-americana Lynndie England com um prisioneiro de Abu-Graib, no Iraque (2004), e o capitão George Custer e um soldado da União posando com um ex-escravo alistado no exército confederado, durante a Guerra Civil (1860-64).
As três imagens são da mesma linhagem e valem uma tese sobre a barbárie. Por pior que seja Rogério 157, o Estado deveria lhe garantir um julgamento justo. Dependendo do resultado, pode amargar bom tempo de cadeia. Mas a questão não é essa.
Quando representantes do Estado exibem troféus humanos indefesos como prova de valentia, esse Estado se nivela à bestialidade pré-civilizatória. Torna-se também um camelô da barbárie.
Vejam a expressão de satisfação dos policiais na primeira foto. A imagem viraliza nas redes e desperta simpatias de quem acha que é isso mesmo, que bandido tem mais é que morrer, que se gosta leva para casa e mais um rosário de lugares-comuns idiotizantes.
A estupidez dos rambos cariocas perpassa questões de gênero e de etnia. Outras fotos - no link dos comentários - mostram policiais negros e femininos no convescote de porta de masmorra. É a festa dos capitães do mato diante da caça imobilizada.
No mesmo dia do selfie, aumentaram as denúncias de que as milícias adentram a sacrossanta zona sul da cidade do Rio de Janeiro para vender facilidades na forma de serviços de segurança para a classe média. Pagou, tá seguro, não pagou, tá ferrado.
Enquanto a autoridade do Estado se esfarela no quesito segurança, seus representantes mostram qual é o jogo. Hoje Rogério 157 é mostrado como peça de vitrine. A zona sul saliva de excitação.
O traficante apenas aparenta ser o prato do dia.
Quem pouco a pouco vai ficando com o cano no pescoço - sem perceber - é cada um que baba diante da imagem.