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Nesta quarta-feira (13), Brasília recebe cerca de 100 mil participantes da Marcha das Margaridas 2019, que reúne especialmente mulheres do campo, da floresta e das águas. A programação inclui atividades culturais, formativas e políticas ao longo da programação, anunciando a chegada da tradicional passeata, que percorre a Esplanada dos Ministérios na quarta (14), a partir das 7h.
Em sua sexta edição, Mônica Olinto, secretária-executiva da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais) explicou à Fórum na abertura da Marcha 2019, na noite dessa terça, a expectativa para o ato desta quarta.
De acordo com ela, a edição deste ano montou um documento, produzido a partir de diálogos e debates com mulheres da base, reafirmando a defesa de temas como a terra, a água, as práticas agroecológicas, as políticas de educação e saúde, o combate à violência de gênero, além da Previdência Social, hoje no centro da principal queda de braço no Congresso Nacional.
Para Mazé Morais, secretária da Mulher da Contag e coordenadora da Marcha das Margaridas, este ano a marcha percorrerá a Esplanada num contexto de perda de direitos, principalmente para as mulheres, no que diz respeito à Reforma da Previdência.
“Pra gente, [isso] é extremamente importante porque buscamos potencializar nossa luta como trabalhadoras rurais. As nossas reivindicações acabam sendo convergentes, não muito diferentes. Os problemas que a gente tem no Brasil nos outros países as mulheres vêm sofrendo”, afirma Mazé.
A última segunda-feira (12) comemorou 36 anos do assassinato de Margarida Maria Alves, símbolo da maior ação de mulheres da América Latina. Por essa razão, milhares de Margaridas de todo o Brasil e de outros 26 países participam da marcha na Esplanada
Para as Margaridas, marchar em Brasília reúne grande valor político e simbólico. Em marcha, fazem ecoar a importância do trabalho exercido pelas mulheres, ainda invisibilizado, e afirmam a necessidade de um país que assegure ao seu povo direitos capazes de promover justiça social e igualdade, principalmente às mulheres e às populações negras, que vivem de forma mais intensa os efeitos das desigualdades, da fome e da violência.
Talíria Petrone, deputada do PSOL pelo Rio de Janeiro, avaliou que a Marcha das Margaridas é uma expressão de resistência em meio a retrocessos protagonizados pelo governo Bolsonaro. "E quando a democracia retrocede, somos nós mulheres que tomamos o caminho", disse. "Ao mesmo tempo que há muita dor, há também um processo em curso muito potente das mulheres que estão enfrentando violência sexistas, o feminicídio, enfrentando os latifúndios que avançam sobre as mulheres do campo, quilombolas, indígenas", pontuou.
Questionada sobre a relevância da marcha, a ex-ministra dos Direitos Humanos, Eleonora Menicucci, associou as mulheres à coragem. "Porque, fazer uma marcha em Brasília dentro dessa conjuntura, de autoritarismo, de perda de direitos humanos, de perda de direitos trabalhistas, da reforma da previdência, de uma violência onde as mulheres mostra que para nós não faltará coragem para enfrentar retrocessos", finalizou.