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Pelo bem da elite, da direita brasileira e todos os conservadores tupiniquins, o apresentador Jô Soares tem que ser salvo.
Desde quando assumiu uma posição - até tímida, saliente-se - em defesa da governabilidade da recém-eleita Presidenta da República, ele vem sendo alvo de ataques vários. Poucos percebem que Jô é uma voz dissonante, uma espécie de ovelha negra na chamada grande mídia brasileira. A intolerância se agravou quando ele foi a Brasília e entrevistou a Presidenta, semana passada. A conversa correu sem animosidades ou ataques, o que provocou a ira de muitos que não toleram Dilma e tentam minar seu governo desde antes mesmo de sua posse.
Por isso mesmo ele tem que ser salvo. Salvo da intolerância, salvo das agressões e até da ameaça (foto) que sofreu em forma de pichação na rua onde mora.
A preservação da vida, do Programa e da voz do apresentador da Rede Globo, ao contrário do que pensam alguns, não ajudará o governo, à República ou à própria Presidenta Dilma. Pelo contrário, manter Jô a salvo irá garantir algum resquício de lógica aos seus detratores.
Porque efetivamente quem defende ou pensa que caminhamos para uma "ditadura bolivariana" fruto do Foro de São Paulo que transformou o Brasil em uma filial de Cuba e da Venezuela, precisa ter ao menos uma voz a favor do governo na mídia, para manter a sua delirante tese de que vivemos um regime de exceção. A pichação na Rua de Jô Soares é mais uma prova dessa intolerância que cegamente defendem.
Jô Soares - que nunca foi ícone da esquerda brasileira, é bom salientar - somente demonstrou publicamente uma posição republicana, e o fez de forma isolada, quando é sabido que na mídia televisiva de massa, a regra é a outra. Os microfones e câmeras estão, sem pudor ou censura, abertos aos críticos de Dilma e seu Governo, seja aqui, seja em Caracas. Nesse contexto, Jô é a exceção que talvez alimente a irascível tese daqueles que defendem inclusive que o País precisa de uma intervenção militar.
A oposição tem voz e vez garantida nos editoriais, nos plantões televisivos e na imensa maioria das coberturas jornalísticas de qualquer grande grupo. Por isso mesmo, Jô Soares hoje é, ironicamente, quase um alienígena, um iconoclasta a ser preservado nesse mar de jornalistas libertos. Jô, na cabeça de quem defende o extermínio do PT, Dilma, Lula e de todos seus apoiadores, deve representar o terrorista a ser combatido na tv aberta. Mais um "petralha" a ser calado.
Jô fez o que Xico Sá não o fez, quando a este não foi permitido publicar um texto seu em defesa de Dilma em um Jornal paulista. Por isso mesmo Jô é o último dos moicanos e a sua preservação representa para os radicais de direita, para os imbecis online, a tênue chama, a prova viva de que o Governo comanda toda a mídia e manipula a tudo e a todos, como deve ser em uma ditadura - bolivariana - que se preze.
Na verdade, a melhor intervenção que nosso País precisa - e urgente - é psiquiátrica. Para ontem.
E que Jô Soares ainda tenha muitos anos de vida pela frente, o suficiente para ver passar nessa mesma avenida pichada, um samba popular, como diria (e diz) Chico Buarque. Porque amanhã vai ser outro dia.
Vida longa, Jô!
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