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O Santander cedeu aos fascistas, à extrema direita, aos fundamentalistas e encerrou uma exposição em suas instalações culturais a Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira. Encerrou de modo arbitrário, sem discutir com os artistas que expunham suas obras, sem falar com a curadoria, encerrou covardemente uma exposição pela simples pressão fascista levada a termo com protagonistas como o MBL.
Sobre a obra acima, Pabllo Vittar, cantora pop drag maranhense, 22 anos. com quase 3 milhões de seguidores no Instagram escreve:
“sempre fui extremamente feminina, desde criança”. Mas os fascistas decidiram que não se pode falar das crianças viadas no Brasil, querem apagar as vidas delas, fingir que Pabllo Vittar não existe. E o Santander Cultural parece concordar com isso. (foto: pintura de Bia Leite, um dos alvos da fúria obscurantista)No ZERO HORA, Sandro Ka, um dos artistas da exposição, indignado com esta arbitrariedade, deplorou a decisão:
“É lamentável que essa onda conservadora, motivada por posições equivocadas e ignorantes, tenha forçado uma instituição cultural a tomar essa posição de fechamento de uma exposição que traz uma temática importante para se pensar o mundo hoje. É nas relações de poder entre grupos hegemônicos e grupos vulneráveis que a heteronorma se afirma da pior forma possível. Todos perdemos com isso.”Gaudêncio Fidelis, o curador da exposição mostra porque é importante que instituições culturais sejam públicas e não estejam a mercê do Capital.
“A decisão foi unilateral do Santander. Não fui consultado em nenhum momento sobre isso, e ninguém do Santander entrou em contato comigo. Fiquei sabendo do cancelamento por um grupo de Whatsapp”. (Zero Hora) "Já fiz duas bienais do Mercosul, nunca tinha visto algo parecido. As manifestações foram muito organizadas e se debruçaram sobre algumas obras muito específicas, que não dão a verdadeira dimensão da exposição. Esses grupos mostraram uma rapidez em distorcer o conteúdo, que não é ofensivo" (El Pais)Nenhuma autoridade no mundo das artes e no mundo do Estado de Direito apoiou a decisão arbitrária do Santander:
"A arte é o melhor lugar para debater. Eu vejo como preocupante esse tipo de movimento que impulsiona esse tipo de intransigência com o debate. Essas ideias de intolerância são incompatíveis com a arte. É uma censura", (Antonio Grassi, ex-presidente da Fundação Nacional de Artes e atual diretor executivo do Inhotim, no EL PAÍS). "Rumo ao passado. E que vergonhosa a nota do Santander, querendo justificar, valendo-se de hipócrita retórica corporativa, o ato de censura que cometeu. Viva a diversidade!", escreve Moacir Dos Anjos, crítico de arte e ex- curador da Bienal de São Paulo, e em outro post de seu Facebook convoca seus pares a reagirem: "Seria interessante que diretores de museus e instituições culturais brasileiras, bem como seus curadores e presidentes de conselhos se posicionassem clara e publicamente sobre a postura dos dirigentes do Santander Cultural. Estamos vivendo um tempo em que relativizar ou tolerar atos de censura à expressão artística (e tantos outros atos de violência) é estupidez política".Não é a primeira e talvez não será a última que uma obra de arte, um filme, uma exposição que bate de frente com o fundamentalismo será alvo da fúria fascista. Mas sempre cabe uma pergunta: Por que movimentos como o MBL e os fundamentalistas seguidores de bispos mercadológicos e midáticos nunca se posicionaram contra o Museu da Diversidade Sexual em São Paulo? Porque o governo de São Paulo está nas mãos do PSDB por quase três décadas? O lindo museu público da Diversidade Sexual sob guarda do governo do Estado de São Paulo, com entrada gratuita, foi criado para celebrar e refletir sobre a diversidade sexual. Ele é o primeiro da América Latina, inaugurado em 2012, fica dentro de uma estação de metrô - a República - uma estação de confluência de linhas com grande circulação de pessoas e também numa região de grande concentração da comunidade LGBT. É um museu acessível a todos. O espaço conta ainda com um Núcleo de Ação Educativa que estabelece diálogos com os visitantes acerca das principais questões relacionadas à diversidade sexual, como por exemplo: cidadania, direitos humanos, preconceito, discriminação, orientação sexual, identidade e expressão de gênero. O governo do Estado de São Paulo, deve ser parabenizado pela iniciativa e pelos compromissos que esse bem cultural tem. Vejamos como o Centro de Cultura, Memória e Estudos da Diversidade Sexual do Estado de São Paulo se apresenta em seu site:
Primeiro equipamento cultural da América Latina relacionado à temática, o Museu da Diversidade Sexual foi criado por meio do Decreto 58.075, de 25 de maio de 2012, vinculado à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. De acordo com seu documento de criação, o MDS ou Centro de Cultura, Memória e Estudos da Diversidade Sexual do Estado de São Paulo tem as seguintes atribuições: Garantir a preservação do patrimônio cultural da comunidade LGBT brasileira, através da coleta, organização e disponibilização pública de referenciais materiais e imateriais; Pesquisar e divulgar o patrimônio histórico e cultural da comunidade LGBT brasileira e, em especial, paulista; Valorizar a importância da diversidade sexual na construção social, econômica e cultural do Estado de São Paulo e do Brasil; Publicar e divulgar documentos e depoimentos referentes à memória e à história política, econômica, social e cultural da comunidade LGBT e sua interface com o Estado de São Paulo. Apesar de representar uma parcela importante da sociedade (pesquisas apontam que 10% se identificam como LGBT), a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros tem sofrido com a discriminação e violência ao longo do tempo e teve como consequência o cerceamento de seus direitos e a invisibilidade de sua comunidade. Porém, é importante frisar que, historicamente, ela tem influenciado de forma marcante diversas manifestações artístico-culturais, como dança, música, literatura, artes plásticas e teatro, entre outras. Assim, entendendo seu papel importante e transformador da cultura brasileira, a missão deste espaço governamental é preservar o patrimônio sócio, político e cultural da comunidade LGBT do Brasil por meio da pesquisa, salvaguarda e comunicação de referências materiais e imateriais, com vistas à valorização e visibilidade da diversidade sexual, contribuindo para a educação e promoção da cidadania plena e de uma cultura em direitos humanos. As atividades culturais, educativas e expositivas do MDS têm foco especialmente nas identidades de gênero, orientações sexuais e expressões de gênero das minorias sexuais para estabelecer um espaço de convivência, manutenção da memória da população LGBT e potencializar estudos acerca da diversidade sexual.O museu conta ainda com um Núcleo de Ação Educativa que estabelece diálogos com os visitantes acerca das principais questões relacionadas à diversidade sexual, como por exemplo: cidadania, direitos humanos, preconceito, discriminação, orientação sexual, identidade e expressão de gênero. Anote o endereço e visite: Endereço: Estação República do Metrô – Piso Mezanino, loja 518 – Centro – São Paulo. Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 10h às 20h. Preço: Grátis Para agendar uma visita com a monitoria do núcleo educativo que dura por volta de 1H30 com grupo de no máximo de 30 pessoas e podem ser agendadas às terças e quintas em dois horários: 10h30 às 12h00 ou 15h00 às 16h30 pode agendar para o educativomds@apaa.org.br. Faça o download da ficha de agendamento: Clique aqui.