Gibran Mendes: No Paraná primeiro o linchamento simbólico do MST depois a participação do Estado no assassinato dos Sem Terra

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No último dia 26 de março, em Curitiba, pessoas de bem colocaram no Juvevê um boneco enforcado, um Judas em a camiseta do MST.

linchadores

Tão bizarra quanto o fato, era a cena. A alegoria da violência estava em frente a um restaurante. Não bastasse o fato das pessoas realizarem suas refeições em frente aquele símbolo da intolerância, algumas arriscaram mais: foram até o boneco para tirar fotos enquanto faziam piadinhas.

Agora, menos de três semanas depois, uma emboscada matou dois trabalhadores sem terra e deixou outros tantos feridos. Jagunços apoiados por forças do Estado fizeram uma emboscada que resultou na morte de duas pessoas. O assassinato também coincide como a saída da Força de Segurança Nacional do local, como bem levantou a Paula. ()

tomás balduíno

Na cidade, uma onda de boatos que o movimento invadiria a cidade, vejam vocês, foi disseminada. Ao mesmo tempo a Secretaria de Segurança divulga uma nota onde diz que os trabalhadores é que prepararam uma emboscada. As fotos do episódio mostram o carro utilizado pelo MST cravejado de balas, talvez o primeiro episódio da história de uma emboscada dentro de carro neste sentido. Uma guerra com armas, tiros e informação. São três parágrafos, três situações diferentes, mas que contribuem para a construção de uma tragédia como a de ontem. Mas todas guardam uma semelhança entre si: os envolvidos estão neste momento com as mãos repletas de sangue destas duas pessoas que foram mortas. São também responsáveis pela ausência de um projeto de vida que jamais será restabelecido, bem como a tristeza e dor de amigos e familiares. Tirar a vida de alguém é lhe subtrair tudo o que já teve, tem e que um dia teria. É acabar não apenas com uma vida, mas com núcleos de relacionamento. Mais triste ainda quando isso acontece com a participação do Estado, logo ele, que deveria zelar pelo bem máximo de qualquer cidadão: sua própria vida.

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