A vida não acaba no domingo
Por Julian Rodrigues*, especial para o Maria Frô
A votação do dia 17 é a mais importante da história do Brasil desde as Diretas, é verdade.
Mas, a vida não vai acabar domingo. Se ganharmos (o que é possível), o golpe continuará em marcha, por outros meios (Janot, TSE, mídia, etc).
Se o impeachment vencer, é mais uma razão para redobrarmos as mobilizações e a denúncia do golpe, no Brasil e no mundo. Senão vejamos: Dilma não deixará o cargo imediatamente, o Senado ainda tem que votar a admissibilidade. As pessoas estarão mais conscientes do que está em jogo, mais indignadas com a teatro farsesco de Cunha, tenderão a pressionar o Senado.
Se o Senado abrir o processo, Temer assume temporariamente, por 6 meses.
Dilma é afastada para sofrer julgamento, presidido pelo presidente do STF, mas não renunciará. Fará, desde Brasília, a denúncia do golpe.
Lula percorrerá o país em grandes atos com estudantes, artistas e intelectuais, fustigando o governo Temer, combatendo o golpe. A situação econômica vai se agravar.
Temer adotará medidas impopulares, mais setores da classe trabalhadora e do povão ficarão insatisfeitos e vão se manifestar.
Greves, ocupações, atos, paralisações tomarão conta do país. A repercussão internacional do golpe coloca em xeque a legitimidade do governo Temer, haverá pressão dos governos de esquerda e centro-esquerda da América Latina.
As pessoas se sentirão traídas em seu voto. Ficará a foto e a imagem do Cunha, o maior canalha do país, tirando do poder uma mulher íntegra, mãe avó, que não tem nenhuma acusação de corrupção contra si.
Um possível governo Temer não terá nenhuma sustentabilidade. Nenhuma.
A reação tenderá a crescer e pode ser canalizada nas eleições municipais de outubro, alterando a correlação de forças eleitorais. Haddad se reelegerá prefeito e a esquerda ganhará capitais importantes.
Uma chapa Freixo/Jandira, por exemplo, pode vencer as eleições no Rio de Janeiro. A Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo se constituirão, de fato, como o pólo dinâmico desse amplo bloco de esquerda, progressista e democrático. Poderão articular as ações de rua com uma forte alternativa eleitoral, pode ser Lula, inclusive, com um programa de reformas estruturais.
Então, é verdade: jogo só acaba quando termina (mesmo)!. Domingo é uma batalha importante, mas está longe de ser a batalha das batalhas! E pra continuar na toada dos nossos clichês: a luta continua, e a burguesia não nos faltará.
*Julian Rodrigues é ativista dos Direitos Humanos e LGBT
Aos brasileiros democráticos: A vida não acaba no domingo
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