Luiz Afonso escreveu uma carta que não tive paciência para escrever, só acrescentaria os dados (que são públicos) para o desinformado Ney Matogrosso saber que absolutamente nada que ele disse sobre a realidade brasileira está correto. Mas eu tenho mais o que fazer que dedicar meu tempo para educar Ney Matogrosso. Mas não deixo de lamentar, uma pena ver Ney Matogrosso fazer o papagaio de pirata da mídia colaboracionista da ditadura militar.
Carta aberta ao Ney Matogrosso
Por: Luiz Afonso Alencastre Escosteguy em seu blog
11/05/2014
Querido Ney,
Depois que passamos dos setenta anos, resta-nos pouco tempo de vida. Ao menos de vida útil.
Aproveite, então, para seguir cantando. E nada mais.
Claro que tens todo o direito de se manifestar sobre o Brasil. E deves!
O que não podes, até pela tua posição no cenário nacional, é sair por aí dizendo bobagens! Podes não acreditar, mas há uma grande quantidade de pessoas que saem repetindo as asneiras que disseste em Portugal. Assim como tens o direito de manifestação, NÃO DEVERIAS, jamais, esquecer que tens o DEVER de bem orientar as pessoas que são tuas fãs.
Queres uma mentira dita por ti e por muita gente?
“Porque o governo brasileiro está gastando bilhões de reais para fazer esses estádios de futebol”.
És uma pessoa inteligente, que conseguiu sucesso pelos próprios méritos. Logo, deverias usar essa tua inteligência não para divulgar mentiras como essas, mas para ajudar a esclarecer que o governo não gastou com estádios.
Pelo jeito parece que foste influenciado pela grande mídia, interessada que é e por motivos político-econômicos, em acabar com um projeto que é um sucesso reconhecido no mundo inteiro. Ou vais me dizer que não viste o que disse o presidente do Banco Mundial. Ou o que dizem renomados economistas?
Procura te informar no lugar certo e verás a diferença entre financiamento e despesa. Ainda temos tempo de vida para aprender essas coisas.
Outra coisa, meu querido cantor: dizer que “Nos hospitais públicos, as pessoas estão sendo jogadas no chão” é cometer uma generalização do pior tipo, o tipo de quem nunca pisou em um hospital público e se aproveita – mais uma vez influenciado pela mídia – para retratar um país tendo um ou outro caso relatado.
Generalização não é artifício de gente inteligente, sabias?
Queres ver como o pecado da generalização pega gente “boba” como tu? Olha só o que dizes: “Nós somos o pais que mais paga imposto no mundo”.
Queres que eu coloque os dados aqui para mostrar que, das duas uma: ou estás de má-fé, o que não acredito, ou muito, mas muito mal informado, pois até minha filha de oito anos já aprendeu que isso é uma mentira deslavada.
Outra coisa, querido, é dizer que talvez esse imposto seja mal aplicado. Mas olha que interessante: o país funciona! Somos a 6ª maior economia do mundo, temos a menor taxa de desemprego, fomos o terceiro em crescimento em 2013, à frente dos EUA inclusive… Vai vendo… Vai vendo…
Os serviços públicos são ruins? Na década que sequer tinhas noção de nada – a de 50 que citas como a melhor – o que tinha de melhor em relação a hoje? Que tal contribuir em vez de destruir? Vamos lá, diga aos brasileiros o que tinha de melhor na década de 50 e eu serei o primeiro a defender a volta aos velhos e bons tempos.
Temos corrupção “semanalmente, diariamente”? Querido: desliga a TV e para de ler jornal. São mais de 50.000 políticos eleitos que representam o povo em todo esse Brasil. Não poderias jamais generalizar, pois estás atingindo muita gente que é honesta e que trabalha em prol do povo. Inclusive os servidores públicos, milhões, que acreditam e trabalham por um Brasil para todos e não apenas para aqueles com os quais tens te informado.
Não somos o supra-sumo das nações? Não! Claro que não!
Mas deverias saber disso também: começamos a realmente fazer do Brasil uma nação há pouco tempo. Muito pouco mesmo. Diria que somente na década de 90 começamos os trabalhos de melhorar nossa vida. E foi justamente quando a Constituição começou a brotar seus efeitos, sendo o principal deles a consciência da cidadania.
Mas veja que interessante (repito a expressão): consciência da cidadania é algo que só adquirimos quando não temos fome; quando não temos desemprego; quando não temos uma vida dedicada apenas à sobrevivência.
Mas essas coisas não fazem parte do teu cotidiano, né? Por isso criticas o Bolsa Família. Mas como teu fã, como cantor, te perdoo. Afinal, deves sempre estar mais preocupado com as tuas coisas e tuas apresentações e gravações do que com quem morre de fome, de sede, sem teto, ser terra, sem esperança para dar aos filhos… Fica tranquilo, te entendo.
Só não entendo essa tua falta de vontade de ajudar ou, em outras palavras, tua vontade de apenas criticar e generalizar, incorrendo nos mais básicos erros de afirmar mentiras por todos sabidas como tal.
Para finalizar, só te pediria uma coisa: te informa melhor sobre o Brasil. Saia um pouco dos palcos e da mídia que te sustenta e passe a dar entrevistas apontando soluções para os problemas que temos. E os temos de sobra, bem sabemos.
Um abraço de quem te curte há mais de 40 anos…
PS: continua só cantando, tá bom?