Jorge Viana, imbuído pelo espírito de Tio Sam, defende lei antiterrorismo que criminaliza movimentos sociais

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No aniversário dos 34 anos do PT, um senador do PT faz um discurso em defesa da Lei Antiterrorismo.  

Depois de três décadas de militância em prol do partido, mas sem filiação formal, me filiei ao PT no em 2013, quando mídia e judiciário espetacularizaram a AP470.

Me sinto envergonhada e indignada por um senador do PT não conseguir enxergar a barbárie desta lei que servirá para reprimir todos os movimentos sociais.

Militantes do MST acampados durante o VI Congresso do MST no Ginásio Nilson Nelson.

Estou no Congresso do MST.

Há 15 mil pessoas acampadas, um mar de barracas, quinze mil pessoas que representam um milhão de filiados.

Eles têm ideologia, as músicas, as falas, tudo respira o socialismo.

Eles fazem a luta pela terra num país de história escravista onde durante séculos para ser verdadeiramente livre era preciso ter terras e escravizar pessoas.

Eles são solidários aos quilombolas, aos povos indígenas, aos atingidos por barragens, à classe trabalhadora urbana explorada nas cidades.

Eles são um milhão de pessoas organizadas em um movimento em busca do autossustento e vão continuar sua luta contra o agronegócio que envenena a terra, a água, o ar, desequilibra ecossistemas inteiros.

Eles têm como estratégia suas longas marchas e a ocupação de terras griladas, de latifúndio improdutivo.

Eles serão enquadrados na lei anti terrorista?

PROJETO DE LEI ANTITERRORISMO

Por Gustavo Gindre, em seu FACEBOOK

10q02q2014

"Carta aos companheiros petistas

Fui militante do PDT dos 12 aos 17 anos. Depois fiz parte do Partido Humanista (PH). Quando o partido optou por apoiar o PCB na eleição presidencial, saí para me filiar ao PT, em janeiro de 1989, com 19 anos. No final dos anos 90 fui diminuindo minha militância partidária e meu último envolvimento foi fazer parte da equipe de transição para a área das comunicações, quando da vitória de Lula em 2002. Deixei o partido já em 2003.

Mas, lá ainda estão bons amigos. Pessoas que admiro (embora discorde). Gente que nunca traiu suas convicções. Companheiros de militância, por exemplo, na luta pela democratização da comunicação.

Pois, é para vocês que eu me dirijo.

Hoje, o senador Jorge Viana (PT-AC) discursou no senado pedindo a aprovação do projeto de lei que tipifica o crime de terrorismo, baseado na morte do cinegrafista da Band.

Já disse antes que, pra mim, houve dolo presumido, quando o sujeito aceita correr o risco de cometer um crime e que a pessoa em questão deve ser julgada com o rigor da lei. Acho também que o fato de existirem diversas outras barbaridades nesse país não diminui em nada a gravidade do que ocorreu.

Mas, esse morte estúpida não pode ter como consequência a tipificação do ato de terrorismo, especialmente da forma como esse projeto trata o tema.

Todos nós sabemos que, dos Estados Unidos à Israel, da Turquia à Rússia, a tipificação de terrorismo tem sido largamente utilizada para silenciar vozes discordantes. Inúmeras atrocidades foram cometidas nesse século XXI sob a desculpa da caça aos terroristas.

Era de se esperar que alguém tentasse instrumentalizar essa morte para retomar a tramitação do projeto. Mas, não alguém do PT. Confesso que mesmo afastado do partido há 11 anos, me peguei surpreso.

Com esse projeto estamos abrindo uma porta que ninguém sabe aonde nos levará. Trata-se de uma brutal criminalização dos movimentos sociais, inclusive aqueles ligados ao PT.

Ouso dizer que algo assim teria inviabilizado a existência do PT, da CUT e do MST ainda nos anos 80.

Na certeza de que ainda existem companheiros de luta no PT, gente que sabe do risco que algo assim pode significar para a nossa incompleta e desigual democracia, é que torço para que o próprio PT perceba o absurdo de seguir na aprovação desse projeto. Que esse caminho gere uma ruidosa manifestação do que sobrou da histórica base petista.

Ainda dá tempo de repensar rumos. Antes que seja tarde demais".