Alguém é ingênuo em achar que Secretaria de Segurança Pública desconhece a operação Braços Abertos? Pois hoje à tarde a polícia civil que está sob ordens do governador tucano Geraldo Alckmin invade a região conhecida como Cracolândia, área foco da operação Braços, durante as ações da prefeitura do petista Fernando Haddad. Segundo matéria dos jornais, funcionários da prefeitura ficaram no fogo cruzado de bombas, balas de borracha. Isso foi uma ação no mínimo ilegal, uma clara afronta à primeira tentativa efetiva de tratar os dependentes de crack.
Até onde os tucanos irão pra destruir toda e qualquer ação de Haddad?
O que Haddad pretende fazer como o prefeito que teve seu poder desrespeitado?
O jornalista Bruno Torturra observa:
Sobre a ação violenta da PM hoje na Cracolândia.
Apurando melhor, a coisa só piora. Nem a prefeitura, nem a Guarda Civil foram avisadas sobre a ação do governo que ocorreu no início da tarde. A PM começou uma operação para prender usuários. Utilizou bombas e balas de borracha toda vez que havia algum tipo de resistência. Assistente sociais e agentes do programa "De Braços Abertos" foram pegos no meio do fogo cruzado. Agora há pelo menos 8 hospitalizados, vítimas da violência policial. Funcionários da prefeitura e responsáveis pelo programa, incluso o secretário de segurança da cidade, estão perplexos. Resumindo: violência física, atropelamento institucional, e sabotagem política clara. Isso não pode passar batido.Em ação surpresa, Polícia Civil reprime com bombas dependentes na Cracolândia
Reportagem do 'Estado' testemunhou confronto que surpreendeu até secretário de Haddad que estava no local
Por: Bruno Ribeiro e Laura Maia de Castro - O Estado de S. Paulo
23/01/2014
SÃO PAULO - Policiais do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Policia Civil, fizeram uma operação nesta quinta-feira, 23, sem comunicar a Prefeitura nem a Polícia Militar, na Cracolândia, região central de São Paulo, palco da Operação Braços Abertos, aposta do prefeito Fernando Haddad para reabilitar os dependentes de crack.
Por volta de 15h, cerca de dez viaturas cercaram os dependentes de crack que não estão inseridos no programa assistencial e estavam concentrados na Rua Barão de Piracicaba. Os policiais civis atiraram balas de borracha e jogaram diversas bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo na multidão, que correu a esmo e revidou jogando pedras. O quarteirão estava lotado de dependentes.
Agentes da Secretaria de Saúde e de Assistência Social, que também não sabiam da ação, ficaram no fogo cruzado. A ação ocorreu pouco tempo depois de policiais civis à paisana terem feito uma prisão de um dependente no local. Nesta primeira ação, uma dependente acabou ferida na cabeça com bala de borracha.
A reportagem apurou que a avaliação inicial da Prefeitura é que o programa Braços Abertos, que contava justamente com a ausência de repressão dos dependentes, foi prejudicada e terá dificuldades para prosseguir.
O Estado estava no local na hora da ação e viu a surpresa de guardas-civis, oficiais da PM e até do próprio secretário municipal de Segurança Urbana, Roberto Porto. Hoje completa uma semana que os dependentes que aderiram ao programa começaram a trabalhar e a equipe estava fazendo um balanço do período.
Foi possível testemunhar a prisão de ao menos cinco pessoas que foram também agredidas pelos policias civis ao serem obrigadas a entrar na viatura.
Entre os dependentes, o clima foi de revolta. Muitos gritavam desesperados, chorando diante da ação surpresa. "Que hotel que nada, eles querem é matar a gente", disse uma dependente grávida que corria da polícia.
A reportagem tentou contato com a Secretaria de Estado de Segurança Pública, que ainda não se manifestou.
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