Vários expressam a opinião de Arnaldo, mas ela não dá conta de explicar o tratamento diferenciado dado aos alunos da FEA, tampouco o tratamento dado aos meninos de Fortaleza que foram na inauguração do shopping center. Quanto mais elitista for o shopping mais ações discriminatórias eles terão em relação aos meninos da periferia, majoritariamente negros.
Do resto ele está coberto de razão, por mim os shopping seriam todos demolidos.
Por: Arnaldo Ferreira Marques, em seu Facebook
Eu detesto ser manipulado...
Rolezinho é o nome 'perifa' de flash mobs adolescentes marcados nos shoppings periféricos da cidade.
Em um ambiente cheio de vidro, escadas rolantes, saídas afuniladas, vãos de muitos andares etc., e com qualquer especialista em massa explicando que ajuntamentos de jovens podem sair facilmente do controle, óbvio que as organizações dos shoppings não iriam permitir os rolezinhos.
Adolescentes aprontões e seguranças caretas, a história do mundo desde o Neolítico.
Mas no clima pré-revolucionário que alguns sonham para o Brasil desde junho do ano passado, os rolezinhos se tornaram uma manifestação política de alta significação.
Criou-se um quadro no qual jovens pobres e negros excluídos, que sempre se sentiram impedidos de entrar em um shopping, resolveram finalmente se unir e ocupar esse vil espaço de exclusão burguesa. Denunciariam assim o apartheid vigente no país.
Hã... só que não. No geral, os rolezistas frequentam os shoppings normalmente, são frequentadores habituais, compram e se divertem lá todo o tempo. Individualmente. Sem problemas. O problema surge apenas no flash mob, no ajuntamento de centenas/milhares. Aí é que o bicho pega. E essa é outra discussão. Os shoppings da periferia, palco dos rolezinhos, são frequentados por pessoas da periferia (ora!!!), em grande parte negros. Sem problemas. Se há apartheid no Brasil, não é por lá. Se os movimentos sociais querem aproveitar a onda (capitalizando a habitual inabilidade da segurança em lidar com essas crises, chamando inclusive a PM, efetuando prisões etc.) e organizar "flash mobs anticapitalistas", ok, façam, mas não confundam com os rolezinhos "moleques", marotos, da perifa. Por favor. Que fique claro: o shopping center no Brasil adquiriu características próprias, matando a rua pública, oferecendo uma rua privada onde não há colchões de mendigos nos corredores, pedintes na praça de alimentação, lixo pelo chão ou batedores de carteira nos cinemas. Nos shoppings, as leis brasileiras são filtradas pela convenção do condomínio, para atender necessidades de consumidores e lojistas. A cidade brasileira está morrendo, sendo substituída por um amontoado de ilhas privadas/muradas ligadas por ruas e avenidas cada vez mais voltadas apenas ao trânsito, à passagem, não à convivência. O shopping center - caixa fechada à paisagem urbana e negação da rua - tem papel central nesse processo desastroso. Por mim, os shoppings seriam proibidos. E os atuais demolidos. O comércio, o lazer e a convivência devem voltar para a rua, transformadas em calçadões (o que se viabiliza com a prioridade ao transporte coletivo, com a inclusão social com qualidade... é um círculo virtuoso). Mas parem de manipular o rolezinho, caraca! O longo texto Leandro Beguoci: Rolezinho e a desumanização dos pobres, reproduzido por muitos (mas pelo jeito entendido 'seletivamente' por alguns) trata de parte das coisas que falo aqui.
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