Setores do PSOL baiano fazendo a pior política possível: enganando sem teto, prometendo entregar chaves do Minha Casa, Minha Vida petista

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Algumas vezes quando discuto política com amigos do PSOL sinto que eles radicalizam tanto o debate da política institucional que a retiram de sua concretude e fazem a discussão apenas no campo teórico esquecendo do dia a dia das disputas concretas. Para alguns a política entra num campo binário dos bons contra os maus que ganha um tom moralista.

Esses meus amigos devem estar profundamente tristes e decepcionados com seus próprios companheiros de partido em Salvador, lá setores do PSOL foram contaminados pela pior política da direita que eles tanto insistem em dizer que o PT se transformou. Lá setores do PSOL enganaram sem teto, usando de uma política pública petista que o PSOL tanto critica: prometendo chaves do Minha casa, Minha vida em troca de votos. Quem faz a denúncia são membros do próprio PSOL, a tendência Ação Popular Socialista – APS-Bahia.

Nota da Ação Popular Socialista – APS-Bahia

Camaradas do PSOL estadual e nacional

via Rogério Ferreira

Viemos através desta nota comunicar fatos gravíssimos que aconteceram na 3ª Plenária do PSOL de Salvador que seria realizada na tarde deste domingo, dia 25 de agosto, no bairro de Pau da Lima.

Companheiros da direção do partido chegaram cedo ao local para organizar a plenária e logo tomaram conhecimento de que dezenas de pessoas disseram que estavam ali por terem sido chamadas por dirigentes do MSTS para receber casas do Programa Minha Casa Minha Vida do governo federal. Inclusive, em mais de um momento, perguntadas sobre quem tinha vindo ao local para receber as casas, dezenas levantaram suas mãos assumindo isso. Essas pessoas foram filiadas em acampamento do MSTS. Este é um racha do Movimento Sem Teto da Bahia (MSTB), racha que se deu principalmente por divergências sobre o caráter do movimento: se de luta e autônomo em relação ao governo e aos patrões (MSTB) ou atrelado aos governos (MSTS), atrelamento este que começou no último governo do PFL-DEM. O PSOL sempre teve relações com militantes do MSTB e, até a plenária desta tarde, era desconhecida a existência de qualquer relação de militantes do PSOL com o MSTS. Como exemplo, no Dia Nacional de Luta e Greves de 11 de julho, enquanto o MSTB estava numa ala junto com setores combativos e militantes do PSOL, os acampados do MSTS eram os principais levantadores de bandeiras da CUT e do PT. Este movimento é dirigido principalmente por um militante vinculado ao PT chamado Jhones Bastos, mas que só aderiu ao PT depois da eleição do governador Wagner.

Mais grave. Conversando com os membros comuns do MSTS presentes, eles explicaram o processo de filiação e convocação da plenária. O começo das filiações ao PSOL foi feito em reunião dirigida por Jhones Bastos (que continua vinculado ao PT) com a presença de Franklin Oliveira Jr. Mais: a articulação para a convocação deles para a plenária, foi feita numa reunião há uma semana atrás, também na presença de Jhones e Franklin, na qual Jhones orientou os filiados a votarem na “chapa do professor Franklin”. Finalmente, todas estas pessoas chegam na plenária atraídas pela promessa de receber moradias do “Minha Casa Minha Vida”, causando toda a confusão. Note-se ainda que, no começo do ano, foi ventilada a filiação de Jhones Bastos ao PSOL e nós da APS fomos contrários, devido a toda a sua prática pelega e fisiológica. Como seu nome não apareceu na lista de filiados, pensávamos que o problema estava resolvido.

O credenciamento na plenária foi lento e prejudicado, pois foi constatado que muitas das pessoas não estavam filiadas ao partido. Além disso, o espaço reservado, a sala de uma escolinha do bairro, era satisfatório para a quantidade de filiados que normalmente compareceram nesta plenária em outros congressos. Mas não para cerca de umas 200 pessoas a mais. Além disso, as pessoas não pareciam ter experiência de reuniões partidárias e estavam ansiosas para se inscrever para resolver a questão da sua moradia. Isto praticamente impossibilitou a organização de filas, pois as pessoas ficaram aglomeradas desorganizadamente no balcão de credenciamento e gerando um clima meio tumultuado durante todo tempo.

Ainda assim, a reunião foi aberta chamando os representantes de teses presentes. Franklin Oliveira (dirigente do Rosa Zumbi) e Hamilton Assis (Presidente do DM e dirigente da APS) se inscreveram. Já presente, a representante da corrente Somos PSOL (tese Unidade Socialista) respondeu que Franklin faria a defesa.

Após as defesas de teses abrimos para o debate. Algumas falas foram feitas girando em torno da polêmica quanto ao que as pessoas foram fazer ali. A mesa deu todos os informes, afirmando que seria garantido o debate. A essa altura já tinha acontecido duas ou três brigas entre os supostos filiados, por desavenças pessoais, sem nenhum motivo político e sem envolver militantes. Até membros da mesa tiveram que intervir para separar. Nessa hora o dono do espaço (uma escolinha de bairro) pediu para acalmar os ânimos, pois os familiares dele estavam reclamando da depredação do local, pois as pessoas se amontoavam na mesa de credenciamento, subiam em cadeiras e um computador já tinha sido quebrado. Apesar dos muitos avisos de que aquela era uma reunião do PSOL e não para entrega de casas, muitas pessoas continuavam acreditando que o credenciamento ajudaria a conseguir uma casa.

Depois de alguns minutos, mesmo com os apelos pra continuar a reunião, os supostos filiados estavam em parte aglomerados na mesa de credenciamento, e outros do lado de fora. Já perto das 17 horas e depois de mais de meia hora apelando pra todas as correntes pra resolvermos o problema, os membros da executiva municipal presentes, decidiram suspender a reunião que, na prática, a essa altura já não existia. Foi suspenso o credenciamento e retirado os materiais, caixa de som, bandeira, etc.

Já encerrada a reunião, os donos do local começaram a insistir para as pessoas irem embora, preocupados que estavam em estragar mais materiais da escolinha. Mas muitas pessoas, se sentindo frustradas por não terem seu objetivo de resolver seu problema de moradia, ainda relutavam em sair. Nesse momento, ou seja, depois da suspensão da reunião, começou um empurra-empurra na porta em que Ronaldo acabou se envolvendo, gerando uma briga entre este e um morador do bairro, sem vinculações com correntes do partido, e em poucos segundos ambos já estavam rolando no chão da rua. Os militantes da APS e de outras correntes não tiveram absolutamente nenhuma participação nesta briga. Ao contrário, correram pra separar a briga. O companheiro Hamilton, além de apartar a briga, socorreu Ronaldo do chão e verificando que o mesmo estava ferido, o levou junto com Franklin até um taxi para que o companheiro pudesse receber um atendimento médico adequado (e não foi até o hospital, pois precisava voltar, pois era o responsável diante dos donos da escolinha). No meio da confusão, também passou mal a companheira Cleide Coutinho (corrente Somos PSOL - tese Unidade Socialista) a qual também foi levada para atendimento médico por outro militante da APS.

Encerramos por aqui, no momento, nos restringindo a este fato, pois outros problemas deste congresso precisam ser enfrentados, inclusive eticamente, no PSOL da Bahia.

O PSOL, partido nascido para resgatar uma prática política efetivamente socialista e de combate às manipulações de partidos tradicionais da direita e o do PT não pode cair nem aceitar estes tipos de práticas internamente.

Como sempre, rejeitamos todo tipo de provocações violência no partido e estamos solidários com o companheiro Ronaldo por sua pronta recuperação.

Desde já, informamos que vamos entrar com pedido de Comissão de Ética, pelo menos para Franklin Oliveira Jr, como principal responsável pelo processo de filiação e convocação desses filiados que vieram à plenária do PSOL para receber sua casa do programa de moradia do governo federal. Esperamos que o partido (e também o Coletivo Rosa Zumbi, pois Franklin é seu principal dirigente no estado) tome uma posição muito clara para que possamos extirpar este tipo de filiação via pelegos governistas e estas convocações em massa de filiados estimulados por promessas de benefícios governamentais. Torna-se necessário também que a direção nacional acompanhe este processo.

Saudações socialistas e libertárias,

Ação Popular Socialista – APS-Bahia