Está aí: Makely faz denúncias, foge do #mimimi 'eu não gosto', 'é uma seita', ' FdE tem trabalho escravo' e blablablá. Ele cita nomes, quando, onde e afirma ter provas, portanto, Fora do Eixo, mais uma que vocês têm de responder ou processar Makely por calúnia e difamação.
O Fórum do Eixo
Por Makely Ka em seu Facebook
12/08/2013
Parece que não se falou em outra coisa esta semana no Brasil.
Estou em turnê fora do país há duas semana e não assisti ao Roda Viva semana passada. Não preciso. Conheço o Fora do Eixo faz muitos anos. Não há nenhuma novidade no discurso. Tampouco nas denúncias que se seguiram depois. Fiz contato com o núcleo original quando soube do Cubo Mágico em Cuiabá em meados de 2006 e fizemos uma entrevista por Skype para a revista que eu editava (http://migre.me/fJ67K).
Levamos eles a Belo Horizonte pela primeira vez em 2007. Depois disso participamos de vários debates juntos, pelo Rumos Cultural, Sebrae, MinC, Secretarias Estaduais de Cultura, Feira Música Brasil e outros tantos festivais independentes e seminários em vários estados Brasileiros. Nessas situações era quase sempre o Pablo Capilé falando do recém-criado Fora do Eixo enquanto nós falávamos das recém-criadas cooperativas e dos fóruns de música. Nessas voltas conheci o trabalho deles em Rio Branco, Macapá, Boa Vista, Belém do Pará, Cuiabá, Goiânia, Maceió, Fortaleza, Vitória, Porto Alegre, Curitiba, entre outros. Estive também algumas vezes na Casa Fora do Eixo São Paulo para encontros da Rede Música Brasil. Participei ainda de várias reuniões com o núcleo durável do Fora do Eixo na primeira Conferência Nacional de Cultura, depois no Colegiado Setorial de Música e na Rede Música Brasil. Sempre o Capilé como porta voz, o Talles como braço direito. Para mim, desde essa época, sempre foi muito clara a estratégia de instrumentalização da cultura como plataforma política. Mas sobretudo tive um contato muito próximo desde quando convidamos eles para participarem do Fórum da Música de Minas em 2009.
Eu sempre achei a proposta instigante, sempre fui curioso e entusiasta, embora tenha desde o início debatido e contestado vários pontos que me pareciam contraditórios e obscuros. Me lembrava, pelo entusiasmo dos participantes, pelos princípios subversivos, pela forma de agrupamento coletivo, a SOMA do Roberto Freire nos anos 90, que por sua vez se inspirava em alguns grupos políticos que surgiram nos anos 60 durante a revolução contra-cultural nos EUA. Ainda acho a ideia-força muito instigante e entendo o poder de sedução que ela exerce numa certa juventude sonhadora e sem perspectiva pelo Brasil afora.
Mas vamos aos fatos. No Fórum da Música de Minas atuamos juntos por algum tempo. O representante do Fora do Eixo ali era o Talles Lopes, vindo de Uberlândia, na época o segundo na hierarquia horizontal cubocardiana. Eu era o presidente da COMUM, a Cooperativa da Música de Minas e participamos de várias ações conjuntas, incluindo a participação em feiras no Brasil e no exterior e a circulação pelo interior do estado.
O Fórum da Música é um agrupamento de entidades que desenvolve o Programa Música Minas em parceria com o Governo do Estado, gerindo uma verba de aproximadamente 1,1 milhão por ano (http://migre.me/fJ686). Há um "embate narrativo" entre as entidades que compõe esse fórum. Faz parte do processo. Não tenho problema com embate narrativo, discussão, enfrentamento. Mas eu presenciei, numa viagem internacional, um desvio de verba. O representante do Fora do Eixo foi comigo para uma feira na Cataluña com passagem bancada pelo Programa Música Minas e lá descobri que o evento também havia pago sua passagem e as demais despesas dele como representante de outra entidade, a ABRAFIN, que nunca fez parte do Fórum da Música. Ele não comunicou ao fórum dessa duplicidade de pagamento. Apesar da omissão, nós conseguimos levantar as provas e cobramos. Ele todavia não devolveu o dinheiro nem foi afastado, pelo contrário, recebeu como prêmio um cargo na próxima gestão e o direito de representar o programa em mais dois ou três eventos internacionais. Continuou atuando como agente duplo da ABRAFIN/FDE. Isso está documentado. Nesse episódio me desliguei do Fórum da Música. Já não era mais presidente da Cooperativa e solicitei a minha substituição por outro representante. Esse talvez tenha sido o caso mais grave, mas não foi o único. O coordenador do fórum ano passado fez uma viagem internacional em 2011 e nunca prestou contas dela. Eu era o coordenador da ação na época e cobrei o seu afastamento e sua punição. Ao contrário disso o fórum resolveu premiar o inadimplente com outra viagem internacional, em votação em que a cooperativa foi voto vencido novamente pelas demais entidades.
A COMUM continuou o embate narrativo, e as denúncias, por cerca de um ano, até as demais entidades, aparelhadas pelo Fora do Eixo, cassarem o direito dela assumir a coordenação do Programa Música Minas, como foi estabelecido em regimento desde a sua criação. A principal reivindicação da cooperativa era a abertura de editais públicos para a contratação dos gestores e a realização de assembléias deliberativas. Para anular qualquer influência da cooperativa ela foi isolada. De acordo com ata de reunião gravada, ela estava "discordando do consenso e desrespeitando as demais entidades com um discurso democrático." Esse consenso forçado é a posição defendida pelo Fora do Eixo dentro de um processo supostamente democrático. A COMUM se desligou do Fórum da Música e registrou uma denúncia no Ministério Público, que já investigava o caso desde a Petição Pública (http://migre.me/fJ68o) solicitando a democratização do fórum, que recebeu centenas de assinaturas de músicos e agentes culturais. Foram disponibilizados ao MP vários documentos, desde atas, relatórios, gravações, troca de e-meios, fotos e outros registros.
Tenho acompanhando e participado as discussões geradas a partir das manifestações e protestos que ocorreram em junho e julho no país. Constato com certa incredulidade a participação de representantes de entidades integrantes do Fórum da Música de Minas nessas discussões. Me pergunto com que autoridade eles se colocam ali, reivindicando abertura de planilhas de transporte, processos transparentes, decisões democráticas tomadas em assembléias. Veja quanta incoerência, o Fórum da Música de Minas não realiza assembléia desde 2011. Seja como for, as assembléias do Fórum não são deliberativas, são apenas "consultivas". Quem toma as decisões é o conselho formado pelos representantes das entidades. Esses mesmos que participam da Assembléia Popular Horizontal de Belo Horizonte como referências da área da cultura..
As reuniões do Fórum da Música, nesse período, passaram a ser fechadas. Para participar era necessário ser convidado por uma das entidades com antecedência e o convite ser aceito pelas demais. E o que dizer do processo de transparência? Enquanto a PosTV grava todas as assembléias e transmite ao vivo, as reuniões do Fórum da Música não podem ser gravadas. Esse impedimento consta em ata. Aproveito para sugerir que, a exemplo do que acontece na câmara e no plenário, que toda reunião do Fórum seja transmitida ao vivo. Num espaço onde se trata de verba pública, toda e qualquer ação deve ser transparente e passível de ser acompanhada pelos contribuintes.
Como se não bastasse, os representantes do Fórum da Música, alguns dos quais onipresentes tanto na ocupação da Câmara Municipal de Belo Horizonte em julho quanto no Comitê de Arte e Cultura, são contra a abertura de editais públicos para a escolha dos gestores para trabalhar no Programa Música Minas, realizado com dinheiro público através de convênio com a Secretaria de Estado da Cultura. Querem garantir seus cargos, mesmo sem qualificação para isso.
E não pára aqui, além do processo de investigação aberto no Ministério Público para apurar denúncias de irregularidades como desvio de verba, improbidade administrativa, conflito de interesses há também denúncias sendo apuradas na Ouvidoria do Governo do Estado. Acredite, o Fórum da Música e seus representantes devem explicações à classe musical e até agora não vieram a público dar satisfação.
Esta semana, além de toda polêmica que se arrasta em torno da transparência das contas das entidade com fins culturais que utilizam verba pública, surgiu a questão da entrada no Fórum da Música de Minas de uma entidade do segmento gospel, com atuação também na área esportiva. Agora me expliquem que diabos uma entidade com atuação específica em um segmento da música com finalidade religiosa vai fazer num fórum que gere recursos públicos num estado laico. Não é necessário ao menos um debate? E se considerarmos legítimo, porque não há entidades representando a música de matriz africana, historicamente organizadas há décadas em associações de congado, candomblé e umbanda, os representantes da música ritual indígena, da música judaica, das tradições muçulmanas, enfim, todas as manifestações musicais de cunho religioso presentes no estado? Novamente a falta de transparência nesse processo chama ainda mais atenção. Quem aprova e quem barra a entrada de novas entidades, porque não submeter o processo a uma assembléia?
Por fim, senti a obrigação de me posicionar, pela minha trajetória, de forma a possibilitar o encadeamento das ideias nessa não-linearidade narrativa que se impôs aos que não tem conhecimento desses fatos. Espero que esses esclarecimentos possam contribuir para uma necessária revisão dos procedimentos dentro do Fórum da Música, que as denúncias sejam apuradas, os responsáveis punidos, e o fórum, dentro ou fora do eixo, tenha uma dinâmica transparente e verdadeiramente democrática!
Embora minha rede só tenha falado disso nesta semana, não publiquei nem 1% porque, particularmente, acho que a polêmica logo após os caras ganharem evidência em rede nacional se não fez uso de má-fé faltou no mínimo cuidado nas acusações. Hoje sabemos que a acusação mais grave de Beatriz ao Capilé não procede, Rafael fez o básico: ligou para o SESC e o SESC confirmou a versão do FdE.
De todo modo pra quem está com tempo e quer sair deste Fla X Flu, eu indicaria alguns textos críticos ao FdE sem cair na baixaria. A meu ver o FdE sim, precisa responder ou ao menos incorporar estas críticas e se transformar: Gustavo Anitelli e suas experiências com o Fora do Eixo Shannon Garland: “O valor do Fora do Eixo vem da imagem que ele produz cultura” Tiago Pimentel: Tiago Pimentel: Os barões da mídia, os ninjas e os ninguéns…
Texto que não sairá na Veja e acho que blogs como o Maria Frô tem sim obrigação de replicar é tão autorreferenciado como os de Beatriz e Laís: Dríade Aguiar para Beatriz Seigner: Que tal debater comigo que sou apenas uma escrava pós-moderna?
Aqui a entrevista que Rovai e Antônio Martins fez com Capilé pós- polêmicas: Revista Fórum e Outras Palavras entrevistam Pablo Capilé do Fora do Eixo, aqui a nota do FdE: Polêmica Fora do Eixo: a nota do coletivo e aqui a entrevista no Roda Viva: Veja Capilé e Torturra do Mídia Ninja comendo com farinha a mídia tucana no Roda ‘VIVA’ – pero no mucho