Paulo Sant'ana e seu delírio de implodir o Mercado Público

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Paulo Sant'ana e seu delírio de implodir o Mercado Público

Do Aldeia Gaulesa, por sugestão de Marta Agustoni

08/07/2013

O incêndio no Mercado Público deixou a todos nós chocados. Felizmente o estrago não foi tão grande como se fazia crer pelas imagens que acompanhávamos no momento do ocorrido. Infelizmente, mesmo em momentos de tragédia, tem aqueles que buscam, de alguma forma, "faturar com a desgraça".Na edição de hoje (08/07) do jornal Zero Hora, vimos um  um bom exemplo disso. Em um exemplar caso de "jornalismo" a serviço dos patrões, Paulo Sant'ana, malandramente, propôs em sua coluna  a " implosão do Mercado Público" e a construção de um novo mercado, com estacionamento dentro de um "padrão shopping center". Só faltou ele propor que a Maiojama seja a empreiteira da obra.O jornalista Juremir Machado tem uma outra interpretação, também bastante razoável sobre as motivações que levaram Paulo Sant'ana a publicar esta "pérola".Felizmente, não são só Sant,anas em nossa imprensa, temos também Juremirs.
Uma ideia estúpida: implodir o Mercado Público
Por Juremir Machado
Há momentos em que a franqueza deve ser brutal: a ideia, defendida por um comunicador razoavelmente conhecido abaixo do Mampituba, de que seria o momento de se aproveitar o incêndio para derrubar o Mercado Público e construir outro prédio com estacionamento, fazendo surgir da cinzas um edifício moderno, é a coisa mais idiota que li nos últimos anos. Há quem diga que essa estupidez tem por objetivo favorecer os interesses imobiliários da empresa onde o jornalista trabalha, mas eu não acredito. É senilidade mesmo. Não escrevo a palavra senilidade como uma injúria nem como uma marca de desprezo pelos senis, mas como uma constatação, um fato triste da vida do qual só escapamos pela morte. Alguns, prudentes, retiram-se antes da cena pública. Farei isso.
O Mercado Público é um patrimônio histórico. Até um néscio entende isso. Patrimônios históricos têm uma função simbólica que vai além das suas funcionalidades primárias. O Mercado Público não é um shopping popular. É muito mais do que isso. É uma marca estética, cultural, social, política e imaginária. É isso. O Mercado Público é um imaginário. O imaginário é uma aura, uma atmosfera, um excedente, uma cobertura que dá sentido, que produz significação. Só a obtusidade intelectual profunda pode impedir de perceber esse elemento fundamental da estrutura de um imaginário. Eu fico me perguntando: como alguém ainda lê um sujeito que escreve uma coisa dessas? O fulano é conhecido pela sua prepotência, pela sua arrogância, pela sua violência verbal, por ser rasteiro. Agora já não é rasteiro, é subterrâneo mesmo. O Rio Grande do Sul merece muito mais.
Há tempo eu não lia algo tão pobre intelectualmente. Já tivemos grandes colunistas, cronistas e poetas. Chegamos ao fundo do poço. Um sapo teria mais a dizer. Nem a tentativa de ironizar um pouco ao final salva o autor da proposta da inépcia em que se meteu por conta própria. Triste é saber que não lhe faltarão adeptos. Os sedentos por negócios devem estar esfregando as mãos. Felizmente a ideia é tão ridícula que não irá adiante. O simples fato de ter sido concebida revela algo terrível: a senilidade destrói até os cérebros pouco privilegiados. Como dizia a velha Nésia, em Palomas:
– A caduquice revela a natureza das pessoas.
Há, porém, caducos generosos e caducos do mal.