Gerson Carneiro: Humor de Licença

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HUMOR DE LICENÇA

Por:  Gerson Carneiro

11/03/2013

Há tempos escrevi um poema intitulado “Alegria de Palhaço”. É uma pena que, na época, não cuidei de fazer cópia e acabei perdendo-o numa pane do disco rígido, do saudoso PC-286 de letrinhas laranja.

O poema falava sobre um palhaço que tinha o compromisso de subir ao palco no dia da morte da mãe dele. Em seu ofício, tinha a obrigação de produzir riso naquele dia tão triste.

E cá estou aos cacos. A semana inicia-se tristemente. E assim iniciou-se há pelo menos uma semana, no fim de semana em que antecedeu a sexta-feira dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher. Naquele domingo tomei ciência de pelo menos três cruéis assassinatos de mulheres por seus namorados. Um em Brasília, já na sexta-feira, ao meio dia, em um shopping, na loja aonde a vítima era vendedora. Morte violenta com três facadas no pescoço que estraçalhou a jugular. E mais dois homicídios. Um em Goiânia, que vitimou a mãe de uma cantor de uma dupla sertaneja. E outro no Rio de Janeiro, que vitimou a funcionária do governo norte-americano, que estava no Brasil em viagem pela primeira vez. Ambos homicídios causados por seus respectivos namorados. Como desgraça pouca é bobagem, nesse próximo fim de semana tomo ciência do atropelamento de um rapaz que se dirigia de bicicleta ao trabalho às cinco horas da manhã. Foi atropelado por um jovem proveniente de uma balada, que após o atropelamento fugiu. Levou o amigo acompanhante à respectiva residência e na volta, percebendo o braço da vítima dentro do veículo, parou e o atirou em um esgoto. No domingo, naquela hora macabra em que a musiquinha final do Fantástico anuncia a chegada da segunda-feira, vejo na tv o papai do atropelador. Em socorro ao filhinho, debochava do caso com o sorriso comum aos cínicos. Poucas horas antes, eu fazia minha declaração simplificada do Imposto de Renda: “Eu odeio fazer declaração de Imposto de Renda”. Declaro, para os devidos fins, que não me encontro, no momento, em condição de sorrir e fazer sorrir. E que não tenho o profissionalismo do palhaço do meu poema.