Comecei a ganhar consciência política no final do Ensino Fundamental, início do Ensino Médio com as greves do ABCD, conversando com meu tio metalúrgico de Diadema, Tio Geso, que trabalhava na Mercedes Benz com Lula.
Vibrei com o nascimento da CUT porque aprendi que trabalhador desorganizado é trabalhador em condição de grande fragilidade. Hoje a CUT tem mais de 5 milhões de sindicalizados, três milhões formados por trabalhadoras.
A Central que é alvo de críticas vindas da direita e da extrema esquerda está celebrando trinta anos de existência e hoje deu início a um ciclo de grandes e merecidas comemorações.
Nesta primeira plenária da CUT conversei com algumas de suas lideranças: Rosana Bertotti, secretária nacional de Comunicação da CUT e coordenadora geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), e Corumbá, Webergton Sudário, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção, Mobiliário e Montagem Industrial do Mato Grosso do Sul (Fetricom) e secretário de Imprensa da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom/CUT), que recentemente sofreu um atentado à balas em Três Lagoas, interior do Mato Grosso do Sul. Falamos sobre a trajetória da CUT, sobre a entrada da Central na briga pela democratização das comunicações. Em breve subo os vídeos.
Lula também esteve no evento e deu alguns recados, o principal deles: A CUT não pode se confundir com partido ou governo, nada de chapabranquismo, a CUT deve estar nas ruas, ao lado dos trabalhadores, ao lado dos movimentos sociais.
Gravei a fala de Lula, mas o Instituto Lula já disponibilizou o áudio, segue os links na nota abaixo.
Vagner Freitas, presidente da CUT e Lula. Foto: Conceição OliveiraPara ver outras fotos do álbum clique aqui: CUT 30 anos
Em discurso na CUT, Lula diz que não há movimento sindical como o brasileiro
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu, na manhã desta quarta-feira, a primeira Plenária da Direção Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) deste ano. Lula falou durante cerca de 40 minutos para uma plateia de dirigentes e sindicalistas e elogiou o movimento sindical brasileiro e a CUT.
Durante o discurso de improviso, Lula contou experiências de sua carreira sindical e disse que hoje não dá mais pra imaginar o Brasil sem a CUT. "A maior conquista da CUT não foi a luta por salário ou uma hora a mais, uma hora a menos [de trabalho semanal]. Foi o alto grau de conscientização política do trabalhador". E terminou parabenizando a CUT por seus 30 anos e com um elogio. "Antigamente eu achava que o movimento sindical italiano poderia ser mais organizado que o nosso. Hoje eu não acho mais", completou.
Em seu resgate histórico das lutas dos trabalhadores, Lula lembrou que muitas vezes "tínhamos que falar grosso até demais para subir um degrau muito pequeno", mas que hoje a situação é completamente diferente. O ex-presidente citou o exemplo dos Estados Unidos, onde recentemente ele visitou a central dos trabalhadores na indústria automotiva e aeroespacial, a CAW. "Nos Estados Unidos, a Nissan, que é dirigida por um brasileiro, não permite que seus trabalhadores se sindicalizem, esta é a luta deles. Não é El Salvador, não é Nicarágua, não é a Namíbia, é nos EUA onde muitos trabalhaodres em muitos locais são proibidos de se sindicalizarem".
Lula também falou sobre seu papel no governo e a relação com os sindicalistas. Lembrou que recebeu os sindicatos que pediam a regulamentação da jornada de 40 horas semanais e ele defendeu que o movimento não deveria esperar por uma solução do governo. "Eu disse: se eu fosse vocês, não esperaria por medida provisória do governo, eu sairia pelo Brasil para politizar esse debate nas portas de fábricas. No final, os ganhos são muito maiores do que ficar dependendo de uma medida do governo".
Como já havia feito em discursos em sua recente viagem pelo Caribe e Estados Unidos, Lula falou do papel da imprensa dos movimentos sociais. "Eles [a grande imprensa] não gostam de mim, não vão me dar espaço mesmo". E ele estimulou que os sindicatos conversem mais e trabalhem a imensa rede de rádios, sites, blogs e até TVs, como a TVT, que transmitiu o evento ao vivo.
O ex-presidente encerrou sua fala estimulando os sindicalistas a viajarem o Brasil para conhecer in loco as especificidades e as demandas de cada região. "Temos que fortalecer ainda mais a CUT. O Brasil não saberia mais como viver sem a CUT".
Ouça o discurso (parte 1):
Destaques da parte 1: O Brasil sem a CUT não seria o mesmo, diz ex-presidente (aos 7 minutos)
Em discurso na primeira Plenária da Direção Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) deste ano, o ex-presidente Lula disse que nem mesmo os críticos da CUT, nem aqueles que saíram da central depois da sua fundação, podem negar o seu papel histórico, em 30 anos de existência. "Isso não é pouco no Brasil, com sua pouca experiência democrática", disse o ex-presidente. "Por mais críticos que algumas pessoas sejam à CUT, teriam que pensar se nós conseguiríamos o que conseguimos se a CUT não existisse". A fundação da CUT, lembrou Lula, foi um trabalho de resistência democrática. "Nós fomos arrancando as coisas sem pedir licença, arrancando pedacinho por pedacinho até que fizemos a nossa central dos trabalhadores", afirmou Lula, lembrando que as leis da ditadura, há 30 anos, impediam qualquer organização sindical livre, se não fosse pela resistência a elas.
"Falamos grosso para sermos ouvidos", diz Lula, sobre CUT e PT (10 min)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, em discurso na plenária da CUT, que o PT e a central sindical eram muito radicais em sua origem, mas afirmou que, sem a radicalidade, não iriam conseguir espaço para transitar pela política e pelo sindicalismo. "As pessoas não davam licença para nós, não convidavam a gente para a festa deles", disse Lula. "Muitas vezes tivemos que falar grosso demais para sermos ouvidos".
Rede da mídia sindical pode ser poderosa, mas está desorganizada, diz Lula (21min17seg)
Neste trecho do discurso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu aos dirigentes sindicais que, "em vez de ficar chorando" a falta de espaço na mídia tradicional, articulem a grande rede que hoje o movimento sindical já dispõe. Segundo Lula, essa rede é uma arma poderosa, mas ainda muito desorganizada. Ouça a partir dos 21min17seg.
Ouça o discurso (parte 2): CUT NÃO DEVE SER CHAPA BRANCA
O ex-presidente defendeu que a CUT deve manter autonomia em relação ao governo. Não pode ser um sindicalismo "chapa-branca", mas deve reconhecer os avanços obtidos pelo governo.